Brasil ajudou no conflito Israel-Hamas? O saldo da liderança brasileira no Conselho de Segurança da ONU
A proposta de resolução para o conflito articulada pelo Brasil, apesar de ter recebido os votos da maioria, foi rejeitada por um veto dos EUA

Durante os 31 dias em que ficou à frente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o Brasil atuou como mediador e árbitro em meio ao conflito no Oriente Médio, e não como ator político, segundo avaliaram três especialistas entrevistados pela Agência Brasil.
O Brasil presidiu o Conselho de Segurança em um dos mais tensos momentos da política internacional, liderando as tentativas de acordo entre seus membros para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Porém, as quatro propostas de resolução sobre o conflito foram rejeitadas. A proposta articulada pelo Brasil, apesar de ter recebido os votos da maioria (12 votos favoráveis e 2 abstenções), foi rejeitada por um veto dos Estados Unidos.
Para ser aprovada, uma resolução não pode receber veto de nenhum dos cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido).
O professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernando Rocher destacou que a diplomacia brasileira tentou ser um moderador, e não um agente político proativo, para condenar um ou outro lado do conflito, apesar das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ora crítico ao Hamas, ora crítico à atuação militar de Israel.
- VEJA TAMBÉM: conflito no Oriente Médio pode fazer essa petroleira disparar até 70% na Bolsa (não é Petrobras); saiba como investir
“A diplomacia se manteve firme tentando construir um acordo de cessar-fogo e de criação de um corredor humanitário para a população de Gaza, que está sendo bombardeada. Esse foi o ponto de destaque: não buscar conflito, não aprofundar as tensões, agindo como um gerente da causa, e não como um ator político”, afirmou.
Leia Também
Na avaliação do professor Rocher, com esse comportamento, o Brasil saiu bem visto pelos países árabes, mas acabou por desgastar um pouco as relações com Estados Unidos e Israel. “Para o mundo árabe, o Brasil agiu com justiça e com equilíbrio, tentando resolver um problema, e não ampliando ele.”
Em relação a Israel, o professor ressaltou que “arestas foram criadas porque o Brasil apontou para um caminho independente e soberano”. Para ele, Israel exige uma submissão total ao ponto de vista deles. “O Brasil confere legitimidade ao Estado de Israel, mas não nos termos absolutos que eles querem.”
Quanto aos EUA, Rocher enfatizou que o problema é que eles não veem com bons olhos outros países tomando a liderança em um momento como esse. “Os Estados Unidos não conseguem suportar muito o protagonismo e a liderança que a diplomacia brasileira tenta construir em vários campos”, ressaltou.
Divergência
Já o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná Eduardo Saldanha disse que o papel de moderador exercido pelo Brasil no Conselho de Segurança inviabiliza negociar com Israel. Segundo Saldanha, para isso, o Brasil teria que considerar o Hamas um grupo terrorista.
“A ausência de firmeza também causa desconfianças. Essa posição denota uma fraqueza da diplomacia brasileira, e não podemos esquecer que, neste momento de negociações, o país com o qual mais se precisa negociar é com o que está envolvido diretamente no conflito. E o Brasil não está em posição mediar nada com relação a Israel”, destacou.
Para Saldanha, a atuação do Brasil na presidência do Conselho de Segurança da ONU pode ser considerada positiva, ao tentar articular uma proposta de resolução que teve a maioria dos votos, apesar de não ter sido aprovada. Porém, o professor considera negativa a relutância em considerar o Hamas um grupo terrorista.
O Itamaraty explicou que o Brasil só considera grupos terroristas aqueles definidos pelo Conselho de Segurança da ONU, o que não é o caso do Hamas. A maioria dos países-membros da ONU, incluindo países europeus como Noruega e Suíça, além de China, Rússia e nações latino-americanas, como México, Colômbia, seguem a definição atual da organização, que não classifica o Hamas como grupo terrorista.
Melhor que Petrobras (PETR4): ação pode subir até 70% com alta do petróleo na guerra Israel-Hamas
Brasil e o assento permanente
Já o pesquisador do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), Gustavo Mendes de Almeida, considera que o Brasil acertou ao não se vincular diretamente a Israel e ao condenar os ataques do Hamas.
“A gente vê isso pela resolução, que teve ampla aceitação. Ela foi vetada pelos Estados Unidos, o que era de se esperar por conta das relações históricas que os Estados Unidos têm com Israel, mas o fato de países como a França, que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, ter votado favoravelmente à resolução brasileira demonstra como ela foi bem planejada e articulada pela diplomacia do Brasil”, afirmou.
Para Almeida, a atuação do Brasil na presidência do Conselho fortalece o pleito do país por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“O Brasil historicamente atua de maneira pacífica no sistema internacional por não ter confrontação aberta com nenhum outro país. Com isso, o Brasil segue bem como esse agente moderador que tenta pacificar as relações. O Brasil demonstrou para o mundo a importância que a diplomacia brasileira tem em tentar promover a paz”, concluiu.
Vão voltar às boas? A nova declaração de Elon Musk que pode mudar os rumos da briga pública com Donald Trump
Há quem diga que um deles pode retomar a amizade depois de declarar arrependimento das declarações recentes
Trump anuncia conclusão de acordo entre EUA e China: ‘O relacionamento está excelente!’
Tarifas, no entanto, permanecem; veja o que disse o presidente americano na sua rede social, Truth Social
Sem prazo para acabar, mas com estratégia sem precedentes: os bastidores das negociações entre EUA e China em Londres
As negociações entre os representantes dos dois países acontecem depois que Trump manteve uma longa conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping
Elon Musk que se cuide! No hall da fama da WWE: a saga de Donald Trump nos ringues
O bilionário sul-africano talvez não saiba, mas a briga que ele está puxando é com uma verdadeira lenda certificada dos ringues
Bastidores revelados: o que Trump e Xi conversaram por mais de uma hora em meio à guerra de tarifas
Após meses sem contato direto, presidentes da China e dos EUA conversam por telefone sobre comércio entre as duas potências — mas não foi só isso
Presidente dos EUA quebra o silêncio e Musk dispara: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”
Briga entre Elon Musk e Donald Trump esquenta nesta quinta-feira (5); acusações envolvem subsídios para veículos elétricos, comando da Nasa e suposta “ingratidão” presidencial
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Em clima de guerra: Elon Musk se junta à oposição e intensifica ataques ao plano econômico de Donald Trump
Após deixar o governo, Musk amplia críticas ao pacote orçamentário de Trump; bilionário fala em “escravidão por dívidas” e confronta presidente dos Estados Unidos
‘Abominação repugnante’ — Elon Musk e Donald Trump, do ‘match’ político à lavação pública de roupa suja
Elon Musk detona projeto de Donald Trump menos de uma semana após deixar governo dos Estados Unidos
Instabilidade no verão europeu: é seguro viajar para Itália, Turquia e Grécia após erupção do vulcão Etna e terremoto?
Fenômenos naturais atingiram alguns dos destinos mais populares para as férias de julho
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Rússia lança maior ataque com drones contra a Ucrânia desde o início da guerra — e tensão no Leste Europeu volta a subir
Segundo a Força Aérea Ucraniana, Moscou lançou 472 drones contra o território ucraniano
Trump dobra tarifas sobre aço e irrita aliados — UE ameaça retaliação, Canadá e Austrália reagem
A decisão norte-americana entra em vigor no dia 4 de junho e reacende as tensões com parceiros comerciais. Veja as reações
Trump encerra a semana com mais um anúncio polêmico: aumento das taxas sobre importações de aço de 25% para 50%
A afirmação foi feita durante um comício para trabalhadores da siderúrgica U.S. Steel em Pittsburgh, na Pensilvânia.
Casa Branca leva a melhor: justiça dos EUA suspende decisão que barrava tarifas de Trump; governo ganha tempo para reverter sentença
Corte de Apelações suspende liminar que derrubava tarifas impostas por Trump; ações são unificadas e prazo para novas manifestações jurídicas vai até 9 de junho
Bolsas se animam com decisão de tribunal americano que barrou tarifas de Trump; governo já recorreu
Tribunal de Comércio Internacional suspendeu tarifas fixa de 10%, taxas elevadas e recíprocas e as relacionadas ao fentanil. Tarifas relacionadas a alumínio, aço e automóveis foram mantidas
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
“Estou decepcionado”: Elon Musk reclama de projeto de Trump sobre impostos e gastos nos EUA
O bilionário soltou o verbo em relação a um importante projeto de lei do presidente norte-americano, que pode dar fôlego à política de deportações
Trump volta atrás de tarifa de 50% contra a UE; bolsas europeias recuperam fôlego com morde-assopra
Vale lembrar que, até então, as tarifas anunciadas para a UE incluíam apenas impostos de 20% sobre as importações do bloco
A aposentadoria de Warren Buffett: ‘não vou ficar em casa vendo novela’, diz o megainvestidor
Bilionário anunciou a saída do cargo de CEO no começo deste mês; em entrevista à jornal americano, ele falou mais sobre os planos futuros