🔴 AÇÕES PARA INVESTIR EM JULHO: CONFIRA CARTEIRA COM 10 RECOMENDAÇÕES – ACESSE GRATUITAMENTE

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

PODER DE VETO

EUA vetam proposta de cessar-fogo humanitário entre israelenses e palestinos — entenda por que é tão difícil um consenso sobre temas espinhosos no CS da ONU

Proposta articulada pelo Brasil contou com o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, mas poder de veto dos EUA impediu aprovação

Ricardo Gozzi
18 de outubro de 2023
14:29 - atualizado às 14:44
Conselho de Segurança da ONU
Conselho de Segurança da ONU - Imagem: UN Photo_Manuel Elías

Os Estados Unidos vetaram nesta quarta-feira (18) a resolução proposta pelo Brasil com o objetivo de estabelecer um cessar-fogo humanitário no conflito entre israelenses e palestinos.

A votação da proposta de resolução chegou a ser adiada duas vezes antes da votação de hoje pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

O motivo foi a tentativa isolada do governo norte-americano de abrir um corredor humanitário para a Faixa de Gaza.

Em meio aos adiamentos, o teor da proposta chegou a ser atenuado em uma última tentativa de obtenção do apoio de Washington. Sem sucesso.

O que propunha o texto apresentado pelo Brasil na ONU

O texto articulado pelo governo brasileiro propunha uma paralisação das hostilidades para que fosse possível prestar socorro a milhares de civis confinados entre as bombas dos grupos armados palestinos e os mísseis de Israel.

A proposta de resolução condenava toda a violência praticada contra civis, bem como atos qualificados como terrorismo, e defendia a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.

Leia Também

A medida precisava dos votos de pelo menos nove dos 15 integrantes do CS da ONU. Conseguiu 12. Dois países se abstiveram.

O problema é que o único voto contrário veio de um dos cinco membros com poder de veto.

Resultado não surpreende

Qualificar o resultado como um fracasso da diplomacia brasileira é apressado — e irreal.

Desde 2016, nenhuma resolução relacionada ao conflito entre israelenses e palestinos é aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.

A última resolução contendo um plano de ação relevante com vistas ao fim do conflito data de meio século atrás.

No caso específico da resolução de hoje, pesou o alinhamento diplomático entre Washington e Tel-Aviv. O mesmo alinhamento inviabiliza os esforços diplomáticos norte-americanos junto aos vizinhos de Israel.

Diante desse cenário, surpreendente seria se a resolução tivesse sido aprovada.

Embora a proposta brasileira seja amplamente vista como uma medida de bom senso, quando falamos em relações internacionais, os interesses de cada ente envolvido costumam sobrepujar o bom senso.

Como presidente de turno do CS da ONU, porém, o mínimo que o governo brasileiro poderia ter feito era essa tentativa.

Mas por que é tão difícil aprovar resoluções sobre temas espinhosos no Conselho de Segurança da ONU?

O Conselho de Segurança é a mais alta instância decisória da ONU.

Ele é composto por 15 países.

Dez dos 15 membros são rotativos, com mandatos não-renováveis de dois anos cada.

Além do Brasil, atual presidente de turno do Conselho de Segurança, o órgão tem como membros rotativos no momento os seguintes países: Albânia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.

Já os outros cinco membros são permanentes: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Mas a cadeira permanente não é o único privilégio do quinteto.

Esses cinco países têm poder de veto sobre qualquer proposta de resolução levada ao CS da ONU.

E construir consenso entre cinco potências com interesses tão antagônicos é tão difícil hoje quanto durante a Guerra Fria.

Também não existe um alinhamento automático da França e do Reino Unido com os EUA nem da Rússia com a China.

A votação desta quarta-feira é um bom exemplo disso. Enquanto os EUA vetaram a resolução, a China e a França votaram a favor dela. Já a Rússia e o Reino Unido se abstiveram.

Reforma do Conselho de Segurança da ONU está na pauta há décadas

Não é de hoje que se discute uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Afinal, a configuração do organismo reflete ainda hoje o cenário geopolítico vigente ao fim da Segunda Guerra Mundial.

O equilíbrio de poder no mundo mudou muito desde então.

Especialmente depois do fim da Guerra Fria, potências econômicas como Alemanha e Japão e países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul passaram a reivindicar uma reforma no sistema da ONU — bem como na composição do Conselho de Segurança.

O mais recente desdobramento nesse sentido ocorreu durante a última cúpula do BRICS, em agosto. Na ocasião, o bloco do qual Rússia e China fazem parte apoiou abertamente o pleito de Brasil, Índia e África do Sul.

PODCAST TOUROS E URSOS - Israel em chamas: o impacto do conflito com Hamas nos investimentos

O fato é que a incapacidade de construção de consenso em relação a temas espinhosos frequentemente suscita questionamentos em relação à relevância da ONU na busca por soluções para conflitos internacionais.

No início do ano passado, por exemplo, a Rússia usou seu poder de veto para barrar uma resolução condenando a invasão da Ucrânia.

Grande parte da derrocada na credibilidade do CS da ONU nas últimas décadas ainda é consequência de sua incapacidade de evitar a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003.

Vinte anos depois, mesmo com mais de 4 mil civis mortos em poucos dias de guerra — 1.400 israelenses em atentados do Hamas e mais de 3 mil palestinos na reação de Israel —, o modelo de funcionamento do CS da ONU continua se mostrando insuficiente para lidar com os conflitos mais importantes da atualidade.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
LÁ VAMOS NÓS DE NOVO

Trump cumpre promessa e anuncia tarifas de 20% a 30% para mais seis países

9 de julho de 2025 - 13:58

As taxas passarão a vale a partir do dia 1º de agosto deste ano, conforme mostram as cartas publicadas por Trump no Truth Social

PRESSÃO INTERNA

Trump cedeu: os bastidores do adiamento das tarifas dos EUA para 1 de agosto

9 de julho de 2025 - 12:37

Fontes contam o que foi preciso acontecer para que o presidente norte-americano voltasse a postergar a entrada dos impostos adicionais, que aconteceria nesta quarta-feira (9)

SEM INTROMISSÃO

O Brasil vai encarar? Lula dá resposta direta à ameaça de tarifa de Trump; veja o que ele disse dessa vez

8 de julho de 2025 - 19:26

Durante a cúpula do Brics, o presidente brasileiro questionou a centralização do comércio em torno do dólar e da figura dos EUA

PACOTAÇO

As novas tarifas de Trump: entenda os anúncios de hoje com 14 países na mira e sobretaxas de até 40%

7 de julho de 2025 - 18:40

Documentos detalham alíquotas específicas, justificativas econômicas e até margem para negociações bilaterais

DE VOLTA ÀS TARIFAS

Trump dispara, mercados balançam: presidente anuncia tarifas de 25% ao Japão e à Coreia do Sul

7 de julho de 2025 - 14:53

Anúncio por rede social, ameaças a parceiros estratégicos e críticas do Brics esquentam os ânimos às vésperas de uma virada no comércio global

MADE FOR U.S.A.

Venda do TikTok nos EUA volta ao radar, com direito a versão exclusiva para norte-americanos, diz agência

7 de julho de 2025 - 12:47

Trump já prorrogou três vezes o prazo para que a chinesa ByteDance venda as operações da plataforma de vídeos curtos no país

POLÍTICAS ‘ANTIAMERICANAS’

EUA têm medo dos Brics? A ameaça de Trump a quem se aliar ao bloco

7 de julho de 2025 - 9:12

Neste fim de semana, o Rio de Janeiro foi sede da cúpula dos Brics, que mandou um recado para o presidente norte-americano

GUERRA COMERCIAL

Trump vai enviar carta para 12 países com proposta de ‘pegar ou largar’ as tarifas impostas, mas presidente não revela se o Brasil está na lista

6 de julho de 2025 - 16:01

Tarifas foram suspensas até o dia 9 de julho para dar mais tempo às negociações e acordos

AMERICA PARTY

Nem republicano, nem democrata: Elon Musk anuncia a criação de um partido próprio nos Estados Unidos 

6 de julho de 2025 - 8:55

O anúncio foi feito via X (ex-Twitter); na ocasião, o bilionário também aproveitou para fazer uma crítica para os dois partidos que dominam o cenário político dos EUA

VOLUME ALTO

Opep+ contraria o mercado e anuncia aumento significativo da produção de petróleo para agosto

5 de julho de 2025 - 12:44

Analistas esperavam que o volume de produção da commodity continuasse na casa dos 411 mil bdp (barris por dia)

ONDE INVESTIR

Onde investir no 2º semestre: Com Trump no poder e dólar na berlinda, especialistas apontam onde investir no exterior, com opções nos EUA e na Europa

5 de julho de 2025 - 8:00

O painel sobre onde investir no exterior contou com as participações de Andressa Durão, economista do ASA, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, e Bruno Yamashita, analista da Avenue

BIG BEAUTIFUL BILL

Trump assina controversa lei de impostos e cortes de gastos: “estamos entrando na era de ouro”

4 de julho de 2025 - 19:38

O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o projeto de lei pode adicionar US$ 3,3 trilhões aos déficits federais nos próximos 10 anos

LOOKING BACK IN ANGER

Como a volta do Oasis aos palcos pode levar a Ticketmaster a uma disputa judicial

2 de julho de 2025 - 16:58

Poucos dias antes do retorno dos irmãos Noel e Liam Gallagher, separados desde 2009, o órgão britânico de defesa da concorrência ameaça processar a empresa que vendeu 900 mil ingressos para os shows no Reino Unido

HORA CERTA

Cidadania portuguesa: quem tem direito e como solicitar em meio a novas propostas?

2 de julho de 2025 - 8:16

Em meio a discussões que ameaçam endurecer o acesso à nacionalidade portuguesa, especialistas detalham o cenário e adiantam o que é preciso para garantir a sua

SEM PAPAS NA LÍNGUA

A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda

1 de julho de 2025 - 16:39

O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum

“ATINGIDOS COMO NUNCA”?

Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã

29 de junho de 2025 - 20:00

Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações

ALÍVIO FISCAL

G7 blinda empresas dos EUA de impostos mínimos globais após pressão de Trump

29 de junho de 2025 - 16:12

O acordo para a tributação das companhias norte-americanas foi firmado em meio a uma decisão do governo Trump no megaprojeto de gastos

VOTAÇÃO ACIRRADA

Trump tem vitória no Senado com avanço de megaprojeto de gastos, e Elon Musk solta o verbo: “Completamente insano”

29 de junho de 2025 - 13:21

Apesar da vitória, a votação não foi fácil. O projeto vem sendo criticado pela oposição e também por aliados, incluindo o CEO da Tesla

UM SUBSTITUTO PARA POWELL

Recebendo currículos, Trump diz o que o candidato precisa ter para ser escolhido presidente do Fed

27 de junho de 2025 - 19:44

O mandato do atual chefe do banco central norte-americana acaba em maio do ano que vem e o republicano já está em busca de nomes para a sucessão

O FED ESTÁ DE OLHO

Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado

27 de junho de 2025 - 19:18

A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar