Biden na solitária: como os 2 meses de guerra entre Israel e Hamas deixou o presidente dos EUA tão isolado quanto Putin
Se em um primeiro momento a reação de Tel-Aviv foi percebida como direito legítimo à autodefesa, a escalada das ações militares israelenses passou a ser criticada como desproporcional — inclusive por aliados
![O presidente dos EUA, Joe Biden, sentado e apoiado em uma mesa, com uma caneta na mão, pensativo](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/12/Joe-Biden-EUA-715x402.jpg)
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, é difícil imaginar algum líder tão isolado no cenário internacional quanto Vladimir Putin. No entanto, a eclosão da guerra entre Israel e o grupo islâmico Hamas fez o líder russo ganhar uma espécie de companheiro de “solitária” geopolítica: o presidente dos EUA, Joe Biden.
Quem chama a atenção para a situação é Ian Bremmer, fundador e CEO do Eurasia Group.
O motivo é o apoio irrestrito de Biden à represália israelense aos atentados perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro.
“Biden está provavelmente tão isolado no cenário global, dado o quão próximo está de Israel, o aliado mais próximo dos EUA nesta questão, como os russos estavam quando logo que invadiram a Ucrânia, o que é algo chocante de se afirmar”, disse Bremmer em entrevista à CNBC.
“Isso mostra o quão desafiadora será a continuação desta guerra para a política externa dos EUA”, acrescentou.
A guerra em andamento no Oriente Médio completa dois meses nesta quinta-feira (7).
Nos atentados do Hamas contra Israel em 7 de outubro, mais de 1.200 pessoas morreram e 240 foram feitas reféns.
Já a retaliação israelense devastou a infraestrutura da Faixa de Gaza, obrigou mais de 1 milhão de civis palestinos a cruzarem a fronteira pelo Egito e resultou na morte de cerca de 16.200 pessoas, inclusive mais de 10 mil mulheres e crianças, segundo autoridades locais.
Se em um primeiro momento a reação de Tel-Aviv foi percebida como direito legítimo à autodefesa, a escalada das ações militares israelenses passou a ser criticada como desproporcional — inclusive por aliados.
Mas houve um aliado de Israel que se manteve firme: Joe Biden.
- Leia também: O dia do acerto de contas chegou? A previsão do FMI para a China coloca a segunda maior economia do mundo em xeque
![O primeiro-ministro de Isrtael, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos EUA, Joe Biden, sentados lado a lado com as bandeiras de seus países atrás](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/12/Joe-Biden-EUA-Netanyahu-Israel.jpg)
EUA: o preço que Biden paga por apoiar Israel
Biden está pagando um preço alto pela carta branca que deu a Israel na guerra contra o Hamas.
Em nível internacional, numerosos líderes e organizações de direitos humanos condenaram os EUA pelo apoio irrestrito ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Durante as várias votações na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que apelava por um cessar-fogo, Israel e os EUA foram muitas vezes os únicos países a votar contra a trégua.
O ex-ministro egípcio das Relações Exteriores, Nabil Fahmy, disse no mês passado que os EUA estão “perdendo uma tremenda credibilidade no mundo árabe”.
“Os EUA precisam analisar seriamente o seu papel. Se quiserem apoiar uma ordem mundial estável baseada no Estado de direito, têm de exigir que todos respeitem o direito internacional, sejam amigos ou inimigos”, disse Fahmy, que serviu como ministro entre 2013 e 2014.
Dentro de casa, a situação de Biden não é muito melhor.
Segundo Bremmer, internamente, essa é uma situação sem saída para Biden porque o presidente norte-americano tem uma maioria de democratas que estão cada vez mais alinhados com a posição palestina, enquanto os republicanos dizem que o chefe da Casa Branca é demasiado brando com Israel.
“Ele [Biden] realmente quer que essa guerra acabe. Ele realmente quer isso fora das manchetes. E, claro, é exatamente isso que não está acontecendo agora”, disse Bremmer.
A DINHEIRISTA - BOOKING ME DEIXOU ‘SEM TETO’: ALUGUEI UM QUARTO E FIQUEI SEM TER PRA ONDE IR
A guerra por procuração
A verdade é que Biden está longe de sair dessa encruzilhada. A guerra entre Israel e o Hamas está se expandindo e novos atores regionais começam a dar as caras — e não estamos falando apenas do Hezbollah, no Líbano.
A guerra por procuração na região colocou em cena os Houthis, “representantes” do Irã no Iêmen. O grupo está se envolvendo em significativos ataques ao tráfego hidroviário comercial e aos navios militares dos EUA desde que o conflito em Gaza começou.
“Portanto, este é realmente um problema do ponto de vista dos EUA e não vai melhorar tão cedo”, diz Bremmer.
*Com informações da CNBC
Olimpíadas de Paris: investigação de gastos bilionários e ataque coordenado marcam a abertura dos jogos na capital da França
A cerimônia desta sexta-feira (26) acontece sob um forte esquema de segurança e sob uma investigação dos gastos bilionários do evento
O que significa o apoio do casal Obama à candidatura de Kamala Harris
Barack e Michelle Obama romperam o silêncio na manhã desta sexta-feira e endossaram a candidatura de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos
Após o “boom” de preços pós-pandemia, passagens aéreas ficam mais baratas em todo o mundo – e a tendência deve continuar. O que explica esse fenômeno?
Tarifas de passagens em companhias aéreas nos Estados Unidos, Europa e Austrália já caíram mais de 11% em 2024
Os juros vão cair mesmo? Por que o mercado comemorou o PIB dos EUA, mas não deveria
Indicadores econômicos divulgados nesta quinta-feira (25) reforçaram a crença dos investidores de que o primeiro corte de juros nos EUA em quatro anos vai acontecer em setembro
O que Biden deixou de dizer em discurso é mais importante do que o que ele realmente disse
Presidente norte-americano faz um balanço de sua administração, fala de manutenção da democracia, mas é vago sobre os motivos que o levaram a abandonar a disputa
Dólar livre na Argentina: Banco Central do país anuncia regras para aliviar controle sobre moeda norte-americana
Um dos objetivos da gestão Milei é unificar essas cotações em uma só e adotar o modelo de câmbio flutuante, como o do Brasil
Kamala Harris usa passado como promotora para se contrapor a Trump e seus problemas com a justiça — e já aparece em vantagem em pesquisa
Pesquisa Reuters/Ipsos mostra Kamala Harris com 2 pontos de vantagem sobre Donald Trump no voto popular, mas não é ele que decide a eleição
Acabou para Maduro? Venezuela vive dias “quentes” antes de eleição que será teste de fogo para o chavista
Faltando poucos para a eleição de domingo (28), o presidente venezuelano trabalha mais arduamente do que nunca para reforçar a lealdade das Forças Armadas
Kamala Harris já dispõe de apoio suficiente entre os democratas, mas ainda tem um caminho a percorrer até ser a candidata oficial do partido
Candidatura de Kamala Harris precisa ser ratificada pelos delegados do Partido Democrata, o que só deve acontecer em agosto
Discurso inesperado: Biden fala pela primeira vez após desistência; Harris também se pronuncia
Biden convocou uma reunião de campanha para agradecer à sua equipe pelo trabalho árduo e para reforçar o apoio à campanha presidencial de Harris