Há um ditado clássico que diz que em time que está ganhando não se mexe. Mas, no caso da Petrobras (PETR4), por mais elogiada que fosse a última gestão, é hora de mudanças sim — afinal, um novo governo prevê uma nova direção.
E foi assim que o presidente da companhia, Jean Paul Prates, indicou na véspera de Carnaval dois novos membros para a composição da diretoria executiva.
Nos últimos dias, o nome de Sérgio Caetano Leite foi indicado para os cargos de diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores.
Já Clarice Coppetti foi indicada como diretora executiva de relacionamento institucional e sustentabilidade.
Há algumas semanas, o novo CEO da Petrobras já havia nomeado outros cinco membros para a diretoria da companhia, confira:
- Claudio Schlosser - Comercialização e Logística;
- Carlos Travassos - Desenvolvimento da Produção;
- Joelson Falcão - Exploração e Produção;
- William França - Refino e Gás Natural e
- Carlos Augusto Barreto - Transformação Digital e Inovação.
Aliás, vale lembrar que todos eles ainda precisam da aprovação do Comitê de Pessoas da empresa, além de aprovação do conselho de administração.
Petrobras (PETR4): o que esperar do novo time?
Até aqui, esses novos nomes foram bem recebidos, mas dizem muito pouco sobre o futuro da estatal, avaliam analistas. O mercado ainda exige mais clareza sobre a gestão deste time e continuará acompanhando com atenção especial a política de dividendos da Petrobras — esse sim o tema de maior interesse dos investidores.
Na avaliação de Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, os nomes selecionados são técnicos, enquanto os profissionais são capazes de manter o nível operacional e financeiro da Petrobras em linha com aquilo que foi visto nos últimos anos.
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"Mas isso não basta para garantir que os resultados continuarão bons, especialmente caso haja pressões políticas para alterar a precificação de combustíveis e reduzir drasticamente os dividendos", afirma.
Substituindo a tripulação de um navio bem pilotado
É assim que o Credit Suisse comentou as mudanças feitas na Petrobras, ressaltando a boa administração da companhia. Para o banco, a estatal é um exemplo de reestruturação, com boa desalavancagem, rentabilidade e um sólido plano de negócios desde 2015.
Em relatório, a equipe do banco afirma que esperava mudanças na empresa com o novo governo, assim como também é esperado algum grau de continuidade na gestão.
As principais preocupações, atualmente, são: alocação de capital da Petrobras, com continuidade do atual plano de negócios; possíveis mudanças na política de preços; e alterações na política de dividendos.
Com as nomeações recentes, a Petrobras também fecha a lista daqueles que terão poder de fazer reajustes nos preços dos combustíveis. São eles o CFO Sérgio Caetano Leite, o próprio Jean Paul Prates e Claudio Schlosser, de Comercialização e Logística.
O Credit Suisse possui recomendação neutra para PETR4, com preço-alvo de US$ 16,00 para os American Depositary Receipt (ADR) — potencial de valorização de 38,5% se considerado o último fechamento.
Incertezas ainda rondam a Petrobras (PETR4)
Também em relatório, a equipe do Citi vê riscos em torno da tese da Petrobras, sem precisar o que esperar da nova direção.
Para os analistas do banco, os temas centrais para a estatal também são possíveis mudanças na estratégia de longo prazo, na política de preços e na alocação de capital, que pode se traduzir em múltiplos menores na comparação com seus pares.
"Uma das áreas de discussão mais importantes, a nosso ver, é a futura política de dividendos da empresa, que pode convergir para o payout mínimo de 25%", diz o documento.
Ainda assim, o Citi mantém recomendação de compra para os ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 19,00 — potencial de alta de 68,6%.
A reação das ações
No pregão desta quarta-feira (22), as ações da Petrobras operam em baixa. Por volta das 15h02, PETR4 recuava 1,82%, cotada a R$ 25,96. Já PETR3 caía 1,28% a R$ 29,33.
