A Light (LIGT3) acaba de engrossar a lista de empresas que entraram com pedidos de recuperação judicial. A empresa responsável pela concessionária de distribuição de energia do Rio de Janeiro possui R$ 11 bilhões em dívidas.
A companhia entrou com o pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio. O movimento já era esperado desde que a empresa obteve no mês passado medida cautelar que a protege contra os seus credores.
Nem mesmo o fato de ter no quadro de acionistas investidores experientes como Carlos Alberto Sicupira, membro do então intocável trio de bilionários liderado por Jorge Paulo Lemann, evitou o destino da Light.
A convite do também investidor Ronaldo Cesar Coelho (sim, ele é irmão do ex-árbitro e comentarista de futebol Arnaldo Cesar Coelho), Beto Sicupira começou a investir na Light em outubro de 2020.
Embora esperada, a notícia da recuperação judicial castiga as ações da Light (LIGT3) na B3. Por volta das 10h25, os papéis registravam uma queda brusca de 17,20%, a R$ 3,85. Leia nossa cobertura completa de mercados.
Quem são os credores
No fato relevante no qual informa sobre o pedido de recuperação judicial, a Light diz que vem empreendendo esforços na busca do equacionamento de obrigações financeiras próprias e de outras pelas quais é também coobrigada. Isso inclui tratativas com certos credores no âmbito de procedimento de mediação em curso.
E para quem a Light deve, afinal? Os investidores que compraram debêntures da companhia são os mais afetados. A companhia possuía no mês passado R$ 6,8 bilhões desses papéis no mercado, o equivalente a 62,5% do endividamento.
Além das debêntures no Brasil, a Light emitiu títulos de dívida a investidores no exterior, para os quais também pediu proteção da Justiça. O valor dos bonds, que vencem em 2026, equivale a R$ 3,13 bilhões — ou seja, 28,6% da dívida da da companhia.
A crise da Light
Além da queda de braço tradicional nesse tipo de negociação, a Light esbarra em outro problema. Isso porque a concessão da companhia termina em 2026 e o contrato atual oferece condições que são consideradas desfavoráveis para a companhia.
A companhia sinalizou a intenção de renovar a concessão mesmo assim, mas caso isso não aconteça a empresa terá direito a receber um valor estimado em R$ 10,1 bilhões.