Logo após a publicação da lista de credores da Americanas (AMER3), o banco BV contestou os valores informados pela varejista. No documento, a Americanas informa que sua dívida com o BV ultrapassa R$ 3,2 bilhões.
Porém, de acordo com o BV, na data de divulgação das "inconsistências contábeis" da Americanas, há exatas duas semanas, o banco era credor de Cédulas de Crédito Bancário com saldo devedor de aproximadamente R$ 206 milhões.
"O banco BV já informou os valores dos créditos de sua titularidade via notificação extrajudicial a Americanas e vai reiterar a informação, nos autos do processo de recuperação, requerendo a imediata correção dos valores", disse o BV em nota.
Fontes disseram ao Seu Dinheiro que o valor se refere, na verdade, a debêntures estruturadas pelo BV para a Americanas que foram adquiridas por gestores. Mas na lista de credores, os valores aparecem como se fossem créditos do banco.
"É uma barbeiragem total e completa por conta de má interpretação. A cada novo evento que a gente avalia dessa situação [da Americanas], a gente fica mais preocupado com o nível de perícia e expertise dos envolvidos no caso", afirmou a fonte.
No mercado financeiro, a dúvida que paira sobre os bancos é se o caso diz respeito a incompetência ou má fé, e nenhum dos dois caminhos é considerado bom.
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Lista de credores
Uma dívida de R$ 3,2 bilhões da Americanas teria potencial arrasador nas finanças do BV. Nos resultados financeiros mais recentes, referentes ao terceiro trimestre de 2022, o BV acumulava lucro líquido recorrente de R$ 1,187 bilhão até setembro do ano passado.
Nesta quarta-feira, a Americanas cumpriu um requisito do processo de recuperação judicial e entregou à Justiça a lista de credores da companhia. A dívida total chega a pouco mais de R$ 41 bilhões com quase 8 mil nomes, de acordo com o documento divulgadas pela imprensa.
Na lista aparecem desde bancos como Itaú, BTG Pactual e Bradesco até fornecedores como a Nestlé e Samsung.
Entre as instituições financeiras, quem aparece com a maior dívida é o Deutsche Bank, que tem US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) a receber da Americanas. O caso é semelhante ao do BV, pois o banco alemão informou que Deutsche atua como agente fiduciário de dois títulos de dívida (bonds) que a Americanas emitiu no exterior no segundo semestre.