O mar não está para peixe — especialmente para as fabricantes de computadores. Em um um começo de ano complicado, as empresas do setor enfrentam a desaceleração da procura por PCs, que tinha passado por um impulso em meio à pandemia. E a Apple (AAPL34) carrega o pior desempenho entre as gigantes da tecnologia.
Depois de entregar um balanço mais fraco que o esperado no quarto trimestre de 2022, a fabricante do iPhone agora enfrenta uma derrocada na demanda por computadores entre janeiro e março deste ano.
As remessas de MacBooks, iMacs e outros produtos da linha de computadores pessoais da Apple recuaram 40,5% no primeiro trimestre em comparação com igual intervalo do ano passado, para apenas 4,1 milhões de unidades, de acordo com o último relatório da IDC.
A queda fez a participação de mercado da Apple, que integrava o segmento de PCs com a linha de Macs, diminuir 1,4 ponto percentual na base anual, baixando de 8,6% para 7,2%.
O que dizem os analistas
Os analistas do Itaú BBA enxergam o relatório da IDC como ponto de atenção para o futuro da fabricante de iPhones e Macs.
Em meio aos números “mais fracos” que o esperado, o banco manteve a recomendação de venda para os papéis da Apple, negociados na Nasdaq sob o ticker AAPL.
“Nosso viés em relação à Apple tem sido taticamente mais positivo, dado a uma demanda mais forte do que o esperado e resiliência nas margens, além de um balanço patrimonial muito forte, o que torna a ação um bom lugar para se esconder no ambiente atual”, afirma o Itaú, em relatório.
Mas, apesar desses fatores positivos, o banco também vê pontos de atenção, o que justifica a postura cautelosa. “Continuamos a ver riscos para uma demanda tão forte e, com a ação sendo negociada a um múltiplo de mais de 28 vezes o preço sobre lucro para 2023, mantemos nossa classificação de underperform [venda].”
O banco fixou o preço-alvo em US$ 116 por papel para 2023, o que implica em uma queda de 29,5% em relação à cotação do último fechamento, de US$ 164,66 por ação AAPL.
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Além da Apple (AAPL34)
Quando consideradas todas as fabricantes de computadores, as entregas do mercado de PCs caíram 29%, para 56,9 milhões de unidades — abaixo dos níveis de 2019. Além da queda trimestral, as empresas ainda lidam com o problema de excesso de estoque.
“Demanda fraca, excesso de estoque e piora do clima macroeconômico foram fatores que contribuíram para a queda vertiginosa nas remessas de PCs tradicionais durante o primeiro trimestre de 2023”, afirmou a IDC, no relatório.
Além da Apple, as principais líderes do mercado de computadores também estiveram em apuros ao longo do primeiro trimestre — ainda que com desempenhos menos negativos que a dona do iPhone.
A Lenovo e a Dell Technologies registraram quedas superiores a 30%, com recuos de 30,3% e 31%, respectivamente. Enquanto isso, a HP caiu 24,2% na mesma base, e a Asus recuou 30,3%.
Segundo a IDC, a pausa no crescimento e na demanda também está dando à cadeia de suprimentos espaço para mudanças — até mesmo na produção, com muitas empresas tecnológicas explorando a possibilidade de abrir fábricas fora da China.
“As remessas de PC provavelmente sofrerão no curto prazo, com um retorno ao crescimento no final do ano, com uma melhora esperada na economia global.”
Os pesquisadores projetam uma potencial recuperação para as fabricantes de computador em 2024, impulsionada por uma “combinação de hardware antigo que precisará ser substituído e uma economia global em melhoria”.
*Com informações de Bloomberg