O magnata Jorge Paulo Lemann deve vir ao Brasil nas próximas semanas para tratar das negociações da Americanas com os bancos credores, informou a coluna Capital do jornal O Globo nesta terça-feira (14).
De acordo com a publicação, Lemann, que mora na Suíça, deve oferecer uma capitalização de R$ 12 bilhões na varejista, o que atenderia a um pedido dos bancos para que, assim, eles pudessem dar desconto na dívida da Americanas.
Vale lembrar que, na semana passada, os sócios de referência da Americanas, o trio formado por Lemann e seus companheiros Marcel Telles e Beto Sicupira, concordaram em fazer um aumento de capital de R$ 10 bilhões na companhia. A proposta foi feita após os credores rejeitaram a anterior, de R$ 7 bilhões.
A dívida da Americanas hoje soma R$ 43 bilhões, sendo que R$ 15,2 bilhões são apenas com cinco bancos - BTG Pactual, Bradesco, Santander Brasil, Itaú Unibanco e Banco do Brasil.
O Bradesco (BBDC4) tem R$ 4,8 bilhões comprometidos com a varejista e provisionou 100% desse montante no balanço do quarto trimestre.
Itaú, Santander Brasil e BTG Pactual também foram atingidos pelo evento e precisaram fazer ajustes em seus resultados trimestrais, em maior ou menor grau.
Mesmo o Banco do Brasil, cuja exposição é de 'apenas' R$ 1,3 bilhão — a menor entre os grandes bancos brasileiros — também precisou fazer provisões adicionais.
O Globo revelou, ainda, que colocar Sicupira à frente do caso provocou irritação nos banqueiros, que teriam acusado o sócio de referência de se comportar como um "menino mimado".
Relembre o caso Americanas
Quando as "inconsistências contábeis" vieram à tona naquele fatídico 11 de janeiro, os bancos credores, inicialmente, deram o benefício da dúvida à Americanas. Mas, após uma proposta do trio de referência de injetar apenas R$ 6 bilhões na companhia, a boa vontade dos bancos acabou.
O BTG Pactual entrou numa cruzada contra a Americanas na Justiça após a varejista obter uma decisão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que suspendia qualquer vencimento antecipado de dívidas e bloqueio de bens da companhia. O banco decidiu entrar com mandado de segurança com pedido de liminar logo em seguida. A liminar foi concedida e, depois dela, outros bancos resolveram entrar na Justiça contra a tutela cautelar da Americanas.
Assim, com apenas R$ 800 milhões em caixa e as instituições financeiras no seu cangote, a varejista se viu obrigada a protocolar o pedido de recuperação judicial apenas 8 dias depois da revelação das "inconsistências contábeis".
Merece destaque o fato de que, durante as coletivas para comentar seus desempenhos no último ano, todos os bancos, exceto o Banco do Brasil, classificaram o episódio como fraude.