Muitas dúvidas ainda pairam sobre as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões da Americanas (AMER3), mas algumas respostas começam a aparecer agora. Uma delas diz respeito a como o rombo foi encontrado e quem desvenda esse mistério é Sérgio Rial, o ex-CEO da varejista.
Ele conta que o buraco bilionário foi encontrado a partir de entrevistas com executivos remanescentes da Americanas.
“Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescentes, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade”, escreveu Rial no Linkedin.
Rial afirma ainda que “quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades”.
“Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do CA [Conselho de Administração] e dos acionistas de referência”, diz ele referindo-se a Paulo Lemann e seus parceiros de negócios da 3G, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
- Leia também: Americanas (AMER3) dá calote em debêntures após decisão da Justiça que suspende cobranças por 30 dias
Rial explica a saída da Americanas
A notícia de que Sergio Rial iria comandar a varejista foi muito bem recebida pelo mercado financeiro e seu principal objetivo, segundo ele mesmo conta, era tocar um projeto de crescimento no qual o consumidor, a tecnologia e o marketing se entrelaçavam.
“Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia”, diz.
Mas a passagem de Rial pela Americanas foi relâmpago: assumiu dia 2 de janeiro deste ano e deixou o cargo de CEO em 11 de janeiro.
Segundo ele, o desligamento se deu pela necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar “de um ponto de partida totalmente distinto” do que ele esperava encontrar a princípio.
“Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal. São lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história”, afirma.
- Em dúvida sobre como investir? Faça o download GRATUITO do e-book Onde investir em 2023 e confira a opinião dos maiores especialistas do mercado financeiro sobre os ativos mais promissores para este ano. BAIXE AQUI
Depois do rombo
Um dia depois de reveladas as inconsistências contábeis da Americanas, Rial fez seu primeiro pronunciamento público: a varejista vai precisar de uma capitalização bilionária.
“Ninguém definiu o valor, até porque o número não foi auditado. Mas sabemos que não será uma capitalização de milhões”, disse o executivo em uma teleconferência promovida pelo banco BTG Pactual na semana passada, indicando que o valor será muito maior.
Na ocasião, Rial disse ainda que apenas a capitalização por si só não resolverá todos os problemas da Americanas. Os acionistas de referência se reuniram com os bancos e ofereceram R$ 6 bilhões para capitalizar a empresa, mas ainda não houve consenso sobre o valor — os credores querem mais de R$ 10 bilhões.