O Brasil veio de pibão no segundo trimestre — e não foi só por causa do agro; mercado revisa projeções do PIB de 2023 para cima
Indústria e serviços ajudaram a puxar o PIB brasileiro, que atingiu R$ 2,651 trilhões entre abril e junho de 2023

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023 continua surpreendendo os analistas. E desta vez não foi só por causa do agronegócio. Os setores de indústria e serviços também apresentaram bons resultados no segundo trimestre.
O PIB brasileiro cresceu pelo oitavo trimestre seguido na série com ajuste sazonal entre abril e junho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A alta no período foi de 0,9% quando comparada com o resultado dos primeiros três meses do ano, totalizando R$ 2,651 trilhões.
Esperava-se um crescimento de 0,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo a mediana das projeções coletadas pelo serviço de notícias em tempo real Broadcast.
A maior alta trimestral veio da indústria. Ela, que costuma ser o patinho feio na divulgação do PIB, desta vez surpreendeu e cresceu 0,9%. O setor de serviços expandiu-se 0,6%. Já a agropecuária recuou 0,9% entre abril e junho.
Ao analisar o resultado, o Banco BV destacou que o PIB encontra-se agora 7,4% acima do nível pré-pandemia (o quarto trimestre de 2019).
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O agro ainda é pop
Mas se a surpresa foi boa em base trimestral, a comparação anual surpreendeu ainda mais. O PIB brasileiro expandiu-se 3,4% quando colocado diante do resultado do segundo trimestre de 2022.
Trata-se de uma desaceleração em relação ao crescimento de 4% reportado pelo IBGE no primeiro trimestre. No entanto, os especialistas esperavam uma desaceleração ainda mais do crescimento, para +2,7%, segundo a mediana do Broadcast.
Apesar de o PIB do agronegócio ter recuado ante o primeiro trimestre, em parte por causa da elevada base de comparação, foi ele quem puxou mais uma vez o resultado em base anual.
O PIB da agropecuária avançou 17% em relação ao segundo trimestre de 2022. A diferença agora é que os PIBs da indústria e dos serviços voltaram a crescer em termos anuais.
A indústria brasileira apresentou expansão de 1,5% no intervalo. Já o setor de serviços aumentou 2,3% no período.
“O que chama bastante a atenção é o desempenho da indústria, que foi positivo apesar da desaceleração mundial como um todo”, disse Dierson Richetti, sócio da GT Capital.
No acumulado do ano, o PIB do Brasil cresceu 3,7% em relação ao primeiro semestre de 2022.
É importante observar ainda que o IBGE revisou a alta trimestral do PIB no primeiro trimestre de +1,9% para +1,8%, mas isso não afetou a leitura anual anterior.
Revisões para o PIB de 2023 já começaram
Diante disso, analistas já começaram a ajustar suas projeções para o PIB de 2023.
Na ponta mais otimista, o Goldman Sachs elevou sua estimativa de +2,65% para +3,25%.
Para o economista Alberto Ramos, do Goldman, a atividade econômica deve continuar se beneficiando de estímulos fiscais e programas sociais em meio à expansão da massa salarial real e à queda da inflação dos preços dos alimentos.
Ele prevê, no entanto, que a economia perca impulso no segundo semestre principalmente por causa do alto nível dos juros, do elevado endividamento das famílias e de uma desaceleração na geração de postos de trabalho.
Já o economista André Perfeito projeta agora um crescimento de pelo menos 3% no acumulado do ano.
Nas últimas semanas, a mediana das projeções para o PIB de 2023 no boletim Focus, do Banco Central (BC), vem orbitando os 2,3%.
“O resultado foi fortemente influenciado pelo consumo das famílias, que subiu 0,9%”, escreveu Perfeito ao analisar o resultado.
“Este impulso sem dúvida é decorrente da elevação do rendimento médio real habitual, que vem subindo por conta da inflação sob controle e de medidas mais ligadas ao aumento da demanda por parte da Administração Federal.”
Menos otimista, a Ativa Investimentos revisou sua projeção para o PIB de 2023 de +2,2% para +2,7%, acompanhada de um alerta para “possíveis repiques inflacionários”.
Esse risco também pode precipitar revisões quanto ao fim do ciclo de alívio dos juros pelo BC.
PIB vai ajudar a bolsa a se recuperar?
Vale lembrar que o resultado da economia brasileira no primeiro trimestre serviu de gatilho para uma alta consistente da bolsa até o fim de julho.
Na ocasião, o resultado do PIB entre janeiro e março levou o mercado financeiro a virar a chavinha em relação às perspectivas pessimistas que predominavam entre os analistas desde a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado.
Agora, o resultado do segundo trimestre vem à tona depois de a bolsa brasileira ter passado agosto esperando setembro, como na canção de Zeca Baleiro.
Para o segundo semestre, a previsão dos analistas de mercado é de que o PIB desacelere. Resta saber se a economia vai continuar a surpreender.
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