Ninguém gosta de juros altos (tirando os bancos e os rentistas). O presidente Lula não gosta, o ministro Fernando Haddad não gosta, o Congresso não gosta, os empresários não gostam, a torcida do Flamengo não gosta — mas cá estamos nós, com a Selic acima dos 10% há mais de um ano.
Uma política monetária contracionista é o remédio amargo para a inflação elevada: o crédito fica mais caro, as despesas financeiras viram um peso relevante no balanço das companhias, o consumo se retrai. Mas, como todo tratamento, ele tem um prazo: assim que os sintomas passarem, é hora de suspender a medicação.
Ou, pelo menos, deveria ser assim.
Fato é que o Copom e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) farão suas reuniões para decisão de juros nesta primeira semana de maio. E, por mais que haja uma pressão coletiva para alívio na trajetória das taxas, tudo indica para uma nova injeção de cautela no front da política monetária.
No Brasil, por mais que o tão falado arcabouço fiscal tenha sido entregue ao Congresso — e que os dados de inflação e de atividade econômica mostrem um quadro mais propício para um corte na Selic —, Roberto Campos Neto e outras autoridades do BC não têm mostrado grande abertura para uma mudança de postura.
Grande parte do mercado aposta em uma nova manutenção dos juros em 13,75% ao ano. No entanto, espera-se algum tipo de sinal no comunicado do Copom: talvez um corte na Selic esteja próximo, já no segundo semestre.
Nos EUA, a situação é semelhante: os juros já estão na faixa de 4,75% a 5% ao ano, um nível bastante alto para a economia americana; além disso, a crise dos bancos médios também poderia demandar uma postura mais complacente do Fed.
Mas, com o mercado de trabalho e a atividade econômica ainda dando sinais de força, as apostas do mercado indicam mais uma ligeira alta nas taxas, de 0,25 ponto. Mais uma dose do remédio amargo, portanto.
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Juros altos: chorar ou vender lenços?
Dito isso, é importante que você, investidor, saiba se posicionar corretamente: não adianta chorar pela continuidade dos juros altos; é hora de promover ajustes na carteira e capturar as oportunidades que surgem com esse cenário.
No podcast Touros e Ursos desta semana, recebemos Matheus Spiess, analista da Empiricus, para discutir o cenário para a política monetária global e os melhores ativos para aproveitar esse quadro. É hora de buscar investimentos no exterior? É melhor aumentar a exposição à renda fixa? É prudente entrar em commodities?
Além disso, como sempre, falamos sobre os destaques positivos e negativos da semana — para ouvir o programa na íntegra, é só clicar aqui e dar o play.