Tesla e Ozempic são bolhas? Saiba que tipo de empresa evitar para não ser o otário da vez na bolsa
O analista Ruy Hungria recomenda ficar longe destes negócios “da moda”, pois mesmo tendências que podem mudar o mundo geram as suas bolhas

"Todo dia saem de casa um malandro e um otário; e quando os dois se encontram, sai negócio." Eu não sei quem é o autor dessa frase brilhante, mas esse sujeito devia estar pensando nas "bolhas financeiras" quando disse isso.
Isso porque as bolhas não inflam sozinhas, elas precisam de compradores.
Mesmo quando os valuations já estão em níveis estratosféricos e não fazem o menor sentido, muita gente continua investindo.
É nessa parte que entra o "malandro". Eles precisam convencer boa parte do mercado que aqueles preços, apesar de parecerem inflados, na verdade representam uma ótima oportunidade de investimento.
Normalmente eles utilizam algumas táticas ardilosas de convencimento. Coisas como "essa tecnologia é muito promissora e vai mudar o mundo", ou se aproveitam de algum ativo que está em alta para te convencer de que a moda vai durar para sempre.
Por exemplo, você deve conhecer o Zoom, a plataforma de reuniões online que bombou na pandemia. O Zoom trouxe várias facilidades para a vida corporativa e é utilizado até hoje, mesmo com o fim do isolamento social.
Leia Também
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
Mas durante a pandemia, quando todas as reuniões eram feitas online, os malandros saíram por aí tentando convencer o mercado de que o Zoom seria a única maneira de se encontrar dali em diante.
O mercado comprou a ideia, e a companhia chegou a valer US$ 160 bilhões, mas não demorou muito para a realidade bater na porta. As ações caíram quase 90% desde então.

Ainda na pandemia, o mercado começou a dar muito mais atenção para as empresas que produziam vacinas. De uma hora para outra, essas empresas começaram a produzir e vender vacinas como nunca, o que obviamente ajudou os resultados em em 2020 e 2021.
Para os malandros era a oportunidade perfeita de fazer o mercado acreditar na narrativa de que todos nós continuaríamos tomando doses e mais doses de vacinas até o fim das nossas vidas. A Moderna, uma dessas empresas, explodiu durante a pandemia, mas cai mais de 80% desde as máximas.

As bolhas já estavam por aí muito antes da pandemia
Mas é claro que os malandros não surgiram na pandemia. Eles apareceram muito antes. A "bolha das pontocom" é icônica e atraiu muitos investidores em busca da promessa de ficarem milionários com uma novidade chamada "internet".
A moda era comprar qualquer empresa ligada à rede de computadores e esperar que ela multiplicasse o seu dinheiro…
Sabe o que é mais impressionante? É que a internet realmente mudou as nossas vidas e, mesmo assim, uma penca de investidores perdeu rios de dinheiro ao investir naquelas empresas, já que a maioria delas não passavam de uma "lorotapontocom".
Sim, algumas deram certo, muito certo, como é o caso da Amazon. Mas será que dentre centenas de empresas você colocaria o seu dinheiro em uma empresa que vendia livros online com sede em uma garagem em Seattle?
E aqui vai um outro aprendizado: já é difícil saber se uma nova invenção vai realmente pegar. E mesmo que ela transforme o mundo, isso não significa que vai ganhar dinheiro com qualquer empresa do ramo, especialmente se você investir quando isso já tiver virado bolha.
E isso pode nos ajudar a entender um pouco o que pode acontecer com a Tesla.
IBOVESPA FEZ 1 ANO DE CDI EM 30 DIAS: AÇÃO DE BANCO PODE SURFAR RALI DA BOLSA E SUBIR ATÉ 87%; VEJA
Apostar no carro elétrico é igual a apostar na Tesla?
Eu sou do tipo que gosta de carro que faz barulho, mas eu não posso negar que o carro elétrico realmente veio para ficar.
Muitos países já estabeleceram leis que proíbem a venda de carros a combustão a partir de 2030. Em outros, como a China, a venda de carros elétricos anuais já está perto de 40% do total.
No entanto, eu vejo muita gente investindo em Tesla para surfar a onda do carro elétrico. Até parece uma aposta óbvia, mas não é.
Atualmente a Tesla negocia pelo mesmo valor que as oito maiores montadoras depois dela, mesmo lucrando 3 vezes menos que a Toyota, e menos também que BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz. Na verdade, ela lucra menos até que a GM e a Ford, que nem estão entre as 10 maiores.

Para mim, nesse valuation exorbitante, o mercado não está apenas apostando que o carro elétrico vai vencer a batalha com os carros movidos a combustível fóssil.
Nesses preços o mercado espera que a Tesla seja totalmente dominante neste setor, e que os consumidores aceitarão pagar muito mais caro nos carros da companhia, assim como acontece com o iPhone no mundo dos celulares.
Isso realmente pode acontecer, mas quem garante que empresas como Mercedes-Benz e Porsche, por exemplo, não consigam competir com a Tesla por esse mercado "premium elétrico"?
Por 80x preço/lucros e um valor de mercado igual ao das suas oito maiores concorrentes, a assimetria me parece bastante desfavorável e eu prefiro ficar de fora.
A onda dos remédios para emagrecimento
Nos últimos meses, um tema tem dominado o mercado: o Ozempic e a febre dos remédios que estão sendo utilizados para emagrecimento.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que essa é mais uma tentativa de tentar entender o que vai acontecer no futuro, o que é sempre muito difícil.
O que eu sei é que a Novo Nordisk, criadora do remédio para diabetes que tem sido utilizado para emagrecimento, simplesmente voou recentemente e chegou a um valor de mercado de mais de US$ 430 bilhões. O motivo é que muita gente acha que a febre pelo Ozempic vai continuar por muitos e muitos anos.

Na verdade, os efeitos do Ozempic têm ido além. Muita gente começou a recomendar a venda de ações de McDonald's e Coca-Cola porque as pessoas parariam de consumir seus produtos por causa do remédio.
Na verdade, os analistas (malandros?) foram além e recomendaram a compra de empresas aéreas porque as pessoas ficariam mais magras, e as companhias economizariam milhões de dólares com combustíveis.

Olha, pode até ser que remédios para emagrecimento realmente se tornem a tendência mundial dos próximos anos. Mas por mais de 30x lucros, sem saber muito bem os efeitos colaterais disso e com riscos de haver mais competição por esse mercado, eu prefiro que você se mantenha longe da Novo Nordisk.
Fuja das "modinhas"
Para falar a verdade, ganhar dinheiro no mercado está longe de ser a coisa mais difícil do mundo, o problema é que as pessoas complicam.
Elas preferem correr atrás das dicas quentes, dos investimentos que subiram sei lá quantos mil por cento por causa de uma lorota qualquer, ao invés de investirem em empresas decentes com valuations atrativos.
É exatamente isso o que fazemos na série Vacas Leiteiras, repleta de ações de empresas decentes, pagadoras de dividendos e que, mesmo não sendo modinha, entregaram uma excelente valorização desde o início do ano passado.

Eu não sei o que vai acontecer em 2024 – a propósito, um Feliz Ano Novo para você. O que eu sei é que essa continuará sendo uma estratégia inteligente de investimentos, capaz de trazer valorização e ao mesmo tempo evitar que você entre em algumas bolhas.
Se quiser conferir a lista com as melhores pagadoras de dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e um Feliz 2024!
Ruy.
ONDE INVESTIR EM 2024: Descubra o que esperar do cenário econômico brasileiro e internacional e quais são os melhores investimentos para a sua carteira, em diferentes classes de ativos. Clique aqui.
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo