O mito dos rankings de fundos: o que eles escondem de você
Os sedutores rankings elencam tão facilmente os “melhores fundos de investimento”, mas causam uma grave distorção na análise do investidor
Muito prazer! Sou o Pedro Claudino e é ótimo estar aqui com você compartilhando algumas reflexões nesta coluna de fundos. Hoje, fui gentilmente convidado pelo Alê e pela Rafa, idealizadores do Linha D’Água, a conduzir esta edição.
Tenho 20 anos, curso Ciências Econômicas na UNIFESP e faço parte da equipe de fundos de investimentos da Empiricus Research.
“Rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro” é uma frase que você muito provavelmente encontrará em qualquer material de divulgação de fundos de investimentos.
Trata-se de uma diretriz de boas práticas da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que oferece uma mensagem valiosíssima. Não é porque um gestor ganhou muito dinheiro para seus cotistas no passado que ele vai necessariamente repetir o feito no futuro.
- Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito
Não dirija olhando apenas pelo retrovisor
Isso me lembra de uma velha analogia usada no mercado financeiro sobre a importância de não dirigir um carro olhando apenas para o retrovisor.
Se um fundo de sucesso no passado trouxe mudanças relevantes na equipe, como a saída do próprio gestor, suas chances de manter a boa performance são alteradas – se para melhor ou pior, só saberemos no futuro.
Leia Também
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Similarmente, se a estratégia sofreu alguma alteração na política de investimentos ou de riscos, analisar o seu histórico seria como avaliar um fundo que não existe mais.
Agora imagine que, além de dirigir focado no retrovisor, durante o trajeto há um caminhão enorme à sua frente, aumentando a quantidade de pontos cegos da visão. Você que dirige com certeza já passou por esse desconforto.
Por que não fazemos ranking de fundos
É isso o que acontece quando você avalia os famosos “rankings de fundos”, especialmente aqueles que premiam os bons desempenhos de curto prazo.
Ao olhar as maiores rentabilidades da indústria em um recorte muito específico no tempo, o investidor está propositalmente colocando um obstáculo em seu campo de visão. Um bom desempenho de curto prazo não significa necessariamente que o fundo é bom. Nem mesmo que ele é ruim.
Na verdade, essa avaliação do desempenho em janelas curtas diz pouquíssimo sobre ele.
Esse é um dos principais motivos pelo qual nós, da equipe Os Melhores Fundos de Investimento, nunca fizemos – ou faremos – um ranking dos “melhores fundos do ano” ou dos “melhores fundos para o próximo trimestre”.
No caso de um desempenho positivo, um gestor pode ter surfado a onda de um mercado muito favorável à classe, ter se exposto a um risco exagerado para o retorno obtido ou simplesmente ter sido abençoado com a sorte (acontece com mais frequência do que você imagina).
O mesmo pode acontecer com aquele que ficou em posição de menor destaque no tão aclamado “ranking de fundos”, e que acaba sofrendo com eventuais resgates por conta disso. Apesar do período aparentemente ruim, vale entender se o resultado é derivado de um momento de mercado difícil.
O tempo separa o joio do trigo
Mas, no longo prazo, o mercado sempre consegue separar o “joio do trigo”. Um gestor que toma risco de forma irresponsável eventualmente pode quebrar a cara, pois a sorte uma hora acaba.
É por isso que a análise de um fundo vai muito além de seu desempenho. As métricas de consistência, risco e controle do passivo – todas em janelas longas e equivalentes à estratégia – são tão importantes quanto.
Um fundo que bateu o benchmark (índice de referência) consistentemente durante uma década tem muito mais probabilidade de repetir o desempenho do que aquele acabou de nascer e possui dois bons anos.
Mais ainda se a equipe que trouxe esse sucesso aos cotistas se mantém, com boa sinergia e bem remunerada – importante, para reter talentos.
Desconsiderar o fator “tempo” é apenas um dos problemas que a maioria dos rankings de fundos cometem.
Um ranking de fundos compara os resultados com o restante da indústria. Mas não adianta comparar “banana com laranja”, pois você com certeza irá tirar conclusões erradas.
Laranjas na cesta de laranjas
Você já deve ter ido ao mercado e, no momento da escolha de uma laranja, a apertou para sentir sua consistência, compara com as outras e procura a de melhor qualidade do cesto.
Mas e se todas as frutas estivessem jogadas em um único recipiente? Seria muito mais difícil procurar aquela laranja docinha, concorda?
Você já deve saber que não adianta comparar um fundo de ações com um de renda fixa. Muito menos um fundo multimercado com um de criptomoedas – acredite, acontece.
Entretanto, é comum que um ranking de fundos compare estratégias de diferentes classes entre si, ainda que cada categoria de fundos exija métricas específicas na análise.
Por exemplo, em um fundo de gestão passiva, aquele cujo objetivo é acompanhar o desempenho de um índice, será importante avaliar seus custos e sua aderência ao índice frente aos demais candidatos. Enquanto isso, em um fundo de gestão ativa, cujo objetivo é superar esse índice, o processo será outro.
Também existem grandes diferenças entre estratégias dentro de uma mesma categoria, como a renda fixa, onde há os fundos de crédito privado, que compram títulos de dívida de empresas privadas, e os de renda fixa ativa, que operam juros e inflação (sem crédito).
Dá para ir ainda mais além
Um fundo de crédito privado high grade (que compra títulos de maior qualidade de empresas) é diferente de um fundo de crédito privado high yield (que compra títulos de maior risco, porém com prêmios maiores). Ambos possuem perspectivas de retorno diferentes e isso deve ser levado em consideração na análise.
Percebe como são muitos fatores e que, ao colocar todos na mesma cesta, você terá uma conclusão imprecisa?
Vamos a um breve exemplo prático
Separei um grupo de fundos classificados como multimercados a partir de alguns filtros básicos. Retirei fundos exclusivos, espelhos, com patrimônio líquido muito pequeno e os destinados a investidores profissionais (aqueles com mais de R$ 10 milhões investidores e atestado por escrito) – filtros bem comuns em plataformas.
Classifiquei os 631 veículos encontrados de acordo com a maior rentabilidade de 2023 e dos últimos 12 meses, e os 15 maiores retornos foram estes:

Pelo nome de vários deles você deve ter percebido qual seria o problema de classificá-los como “os melhores fundos multimercados de 2023”.
Muitos são fundos que investem somente em criptomoedas, indústria que está com um desempenho muito expressivo em 2023. Outros, são fundos atrelados ao ouro ou temáticos de carbono.
Provavelmente, ao buscar pela comparação de fundos “multimercados”, o investidor na verdade esperava encontrar os multimercados macros, aqueles mais semelhantes às estratégias das aclamadas gestoras Verde e SPX, por exemplo, estes que – veja só – estavam posicionados só na metade do grupo.
Não há nada contra fundos de criptomoedas. O ponto é que eles não deveriam ser colocados na mesma caixa que os demais multimercados. Estratégias diferentes exigem processos de avaliação distintos e, definitivamente, não devem ser comparados em recortes de curto prazo.
Observe também que, estendendo o retorno para o período de 12 meses, que ainda não é uma janela de longo prazo (mas já é melhor que “no ano”), a rentabilidade desses fundos varia bastante. Alguns ficam no negativo e outros até melhoram.
Veja, portanto, que há três problemas principais:
- a avaliação de janelas curtíssimas, incompatíveis com o investimento em fundos;
- a comparação entre fundos de classes e estratégias diferentes; e
- a falta de métricas quantitativas (e qualitativas) adicionais para complementar a análise, como consistência e risco.
Ainda há muito trabalho a ser feito para educar o investidor – e, principalmente, as próprias plataformas – sobre a avaliação justa de um investimento que irá receber seu tão suado dinheiro.
Como dizem, ter um mapa errado é pior do que não ter mapa. Nossa missão, portanto, é te apresentar o GPS que te direcionará corretamente.
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos