O que o IRB e a BB Seguridade ensinam sobre desconfiar (e não complicar) ao investir
Quem não entendia nada do negócio do IRB e comprou as ações por acreditar nos “superpoderes” da gestão na época amarga uma perda de 96%
Era uma vez uma empresa que faturava muito e, de acordo com o seu demonstrativo de resultados, conseguia transformar boa parte desse faturamento em lucro – muito mais do que outras empresas do mesmo setor. Podemos ver isso no gráfico abaixo, que mostra a margem de lucro – ou seja, quanto do faturamento efetivamente virou lucro.
Como mostram as linhas acima, a Empresa A (verde) conseguia ser até três vezes mais eficiente do que suas pares até 2019, o que obviamente parecia ser ótima notícia para os seus acionistas.
Para quem não entendia muito bem como funcionava o negócio de seguros e resseguros, essa enorme vantagem parecia estar relacionada à superioridade da Empresa A, ainda que não pudessem explicar muito bem.
Por outro lado, para quem conhecia muito bem o setor, que em muitos aspectos se assemelha a uma commodity, essa enorme vantagem na verdade era motivo de suspeita.
A DINHEIRISTA - Agora o governo pode usar sua casa para pagar dívidas alheias: o que fazer?
"Nunca invista em negócios que você não consegue entender"
Essa é uma frase muito conhecida de Warren Buffett, que às vezes soa bastante clichê, mas que na verdade teria salvado milhares de acionistas de prejuízos estrondosos, quando foi revelado que a Empresa A estava "maquiando" seus resultados para torná-los muito mais bonitos do que eram de fato.
O mercado de seguros e resseguros funciona mais ou menos assim: em troca de um prêmio recebido na frente, você se compromete a arcar com sinistros que venham a acontecer daqui a alguns meses ou anos, dependendo da duração do contrato.
Leia Também
Repare que vender seguro demais no começo significa receber bastante dinheiro logo de cara. Mas sob o risco de ter que arcar com muitos sinistros (e prejuízos) lá na frente.
Para que o negócio seja sustentável, é preciso que a seguradora pense no equilíbrio de resultados, que os contratos sejam feitos em quantidade e preços que consigam mais do que compensar os sinistros lá na frente.
Dito isso, voltemos ao gráfico do começo, mas agora até junho de 2023:
O caso do IRB
Como você pode perceber, a empresa em questão é o IRB (IRBR3), e o tempo mostrou que ela não era melhor que as outras empresas de seguro e resseguro — muito pelo contrário.
Em 2017, 2018 e 2019 o IRB não só vendeu mais contratos do que deveria, como os precificou abaixo do que deveria. Apesar de essa estratégia ter ajudado os resultados dos primeiros anos, já que ela recebeu muito dinheiro no início, pouco tempo depois a conta chegou, e não foi nada barata.
Na verdade, até hoje a companhia sofre com grandes prejuízos de contratos mal-precificados no passado.
Méritos para a gestora Squadra que, por entender muito bem o negócio de seguros e resseguros, percebeu que havia algo muito estranho na "super rentabilidade" do IRB na época, e ganhou muito dinheiro shorteando — ou seja, operando vendida nos papéis.
Quem não entendia nada do negócio e estava comprado nas ações por acreditar nos "superpoderes" da gestão na época, amarga uma perda de 96% desde janeiro de 2020, quando a Squadra divulgou a carta defendendo a venda dos papéis do IRB.
Investir é desconfiar. Investir é não complicar
Bem, investir é, antes de tudo, desconfiar, especialmente de resultados aparentemente brilhantes em negócios que você não conhece muito bem.
Algumas vezes, o negócio nem é muito complicado, mas a gestão faz questão de deixar as coisas tão difíceis de entender que eu prefiro nem me arriscar.
É o caso do Pão de Açúcar (PCAR3). Em poucos anos, a rede vendeu a Via Varejo, cindiu a participação no Assaí e agora fez o mesmo com o Êxito. Cada uma dessas operações exigiu uma engenharia financeira e noites de sono dos acionistas e analistas perdidos fazendo contas para entender se tudo isso realmente valeu a pena.
Olha, pode até fazer sentido (algumas vezes), mas eu acho que dá para ganhar dinheiro de um jeito bem mais fácil na bolsa: investindo em empresas geradoras de caixa, pagadoras de dividendos e que negociam por múltiplos convidativos, como é o caso da série Vacas Leiteiras.
O caso da BB Seguridade
No ano, o "rebanho" se valoriza 12%, bem mais que os 8% do Ibovespa. Em 2022, as Vacas já tinham se valorizado 16%, contra 5% do Ibovespa. A melhor parte: sem entrar em teses muito complicadas e nem perder noites de sono.
Uma dessas histórias, inclusive, é uma seguradora. Trata-se da BB Seguridade (BBSE3), que entrega resultados resilientes sem utilizar "maquiagem". A empresa ainda conta com um dividend yield (retorno com dividendos) que deve superar os 10% em 2023.
- Quer investir de forma fácil, como aconselha Ruy Hungria? Então veja as 5 ações da Bolsa que, segundo ele e outros analistas da Empiricus Research, são as opções certeiras para investir agora em busca de geração de renda com dividendos. O relatório gratuito está aqui.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais