🔴 DIVIDENDOS DE ATÉ 13% COM ESTE FUNDO IMOBILIÁRIO – VEJA QUAL

Mudança de CEO, apagão e risco Lula. Chegou a hora de vender Eletrobras?

A manifestação favorável da PGR sobre a vontade de o governo aumentar o seu poder de voto na companhia também pesou sobre os papéis da companhia; o que fazer agora?

18 de agosto de 2023
6:11 - atualizado às 9:05
eletrobras elet6 comprar ou vender
Imagem: Freepik/Montagem: Julia Shikota

Nesta semana, fomos surpreendidos com a renúncia de Wilson Ferreira Jr. do cargo de CEO da Eletrobras, o que fez as ações descarrilarem nos últimos dias.

Mas será que essa saída é um sinal para vender os papéis? Será que a partir de agora, sem Wilson no comando, a Eletrobras está entrando em um ciclo de piora de resultados e de governança?

Antes, precisamos entender o que o antigo CEO representou no processo de reconstrução da Eletrobras.

Wilson, o salvador

Além de ter um longo track record de sucesso no setor, foi sob o comando de Wilson Ferreira Jr. que a Eletrobras se reergueu, após quase ter quebrado com a má administração durante o governo Dilma.

Aquela primeira gestão de Wilson, que começou no governo Temer (2016) e terminou em 2021, foi inquestionavelmente ótima, e foi graças a ela que a Eletrobras não quebrou.

Foi graças ao Wilson, também, que a privatização aconteceu, já que ninguém se interessaria pela companhia sem todas as melhorias que foram feitas em sua administração.

Os processos foram revistos, o quadro de funcionários foi enxugado e inúmeras subsidiárias deficitárias foram vendidas. Repare na evolução da receita, ebitda e lucro em seus primeiros anos à frente da companhia.

Fonte: Bloomberg. Elaboração: Empiricus

Em 2021, Wilson deixou a Eletrobras para ser CEO da Vibra, mas não demorou muito para voltar para a elétrica. Naturalmente, o mercado comemorou o seu retorno, em setembro de 2022, após a privatização.

Naturalmente, também, o mercado ficou decepcionado com a renúncia nesta semana, especialmente por achar que isso estaria de alguma forma relacionado a alguma interferência política.

Mas ao que tudo indica, não foi exatamente isso o que aconteceu. Segundo várias notícias que saíram ao longo da semana, Wilson teria renunciado por conta de desentendimentos com o Conselho de Administração da Eletrobras.

A DINHEIRISTA — Pensão alimentícia: valor estabelecido é injusto! O que preciso para provar isso na justiça?

A Eletrobras é outra depois da privatização

Obviamente, respeitamos muito a figura de Wilson e não temos como saber exatamente o que aconteceu nos bastidores da companhia. Mas os rumores de uma relação estremecida com o Conselho fazem sentido, em nossa visão.

O nome da empresa é o mesmo, mas a verdade é que a Eletrobras de hoje é bem diferente em termos de gestão. Há alguns anos, a companhia era estatal, sem quase nenhum poder dos conselheiros e "apenas" um ministro a quem Wilson se reportava, mas que nunca esteve muito interessado em prestação de contas.

Após a privatização, a Eletrobras virou uma corporation (sem controlador) e o modelo de decisão mudou bastante. O Conselho agora é atuante, chato (no bom sentido) e trabalha com um modelo de prestação de contas, discussão, celeridade de decisões e resultados de uma empresa privada, de fato.

Sim, Wilson Ferreira foi importantíssimo na história da Eletrobras, e agradecemos imensamente por sua contribuição nos anos pré-privatização. Mas a companhia vive um momento bem diferente daquele, e talvez também precise de uma mentalidade diferente a partir de agora.

Obviamente, o tempo é quem vai nos dizer se a mudança será assim tão ruim quanto indicam as primeiras reações dos investidores ou se eles estão exagerando. Por ora, me parece o segundo caso, já que a Eletrobras segue com ativos valiosos no portfólio, e ainda conta com muito espaço para melhorias.

Além disso, Ivan Monteiro, que era chairman e agora passa a ser o novo CEO, já estava no dia-a-dia da Eletrobras, além de ter boa passagem por outras companhias listadas.

Se realmente estiver mais alinhado com o Conselho, como sugerem as reportagens divulgadas durante a semana, pode trazer a celeridade de decisões e processos que temos sentido falta desde a privatização, há cerca de um ano.

Obviamente, vamos continuar muito atentos a essa história, mas a troca de CEO não nos parece um motivo para vender as ações. Na verdade, pode até ajudar a reduzir os atritos políticos com o governo.

Decisão desfavorável na PGR

Outro ponto que pesou nos papéis foi a manifestação favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a vontade de o governo aumentar o seu poder de voto da Eletrobras, que foi limitado a 10% no processo de privatização.

Obviamente, a notícia é ruim, mas não é uma decisão final. Quem decidirá é o STF, o que ainda pode demorar bastante.

Eu já falei sobre esse risco aqui, e sobre como "rasgar o contrato" seria muito ruim para o próprio governo – talvez,  pior até do que para os acionistas.

Além disso, o novo CEO já foi diretor financeiro do Banco do Brasil e da Petrobras também, com bom trânsito político e muito mais habilidade para negociar com o governo.

Com mais "ferramentas" políticas em suas mãos, Monteiro pode, por exemplo, conseguir um recuo nas ambições do governo em ganhar poder na Eletrobras em troca de um "adiantamento" da companhia para a Conta de Desenvolvimento Energético, o que resultaria em um barateamento das tarifas de energia.

E o apagão?

Se a troca de CEO não assusta, será que o apagão desta semana é motivo para vender as ações?

É importante mencionar que no momento em que escrevo esta coluna, as investigações estão em andamento, mas ao que tudo indica a falha começou em uma das linhas de transmissão da Chesf, subsidiária da Eletrobras.

O que ainda não se sabe é como um problema técnico relativamente simples de ser contornado pelos sistemas de proteção das linhas gerou um efeito dominó que interrompeu o fornecimento de energia para todas as regiões do país, o que inclusive acarretou em pedidos para a entrada da Polícia Federal nas investigações.

Como investidores da Eletrobras, o importante é lembrar que o próprio contrato de concessão de linhas de transmissão já estabelece um "desconto" no faturamento dos empreendimentos por falta de disponibilidade, o que deve impactar negativamente a receita líquida da companhia.

No entanto, estamos falando de um ativo que não chega a 700 km de extensão, menos 1% do portfólio de transmissão da Eletrobras.

Ou seja, isso também não é motivo para ficar pessimista com a Eletrobras, que apesar deste episódio, tem um ótimo histórico de disponibilidade de suas linhas.

É claro que essa é uma história cheia de ruídos, mas a queda de mais de 10% em poucos dias já me parece bastante exagerada.

Seguiremos acompanhando de perto, mas por enquanto as ações da Eletrobras (ELET6) seguem na carteira da série de Vacas Leiteiras, que conta com várias outras histórias sem tanta emoção, mas com grande potencial de pagamento de dividendos. Tem até "vaca leiteira" gringa por lá.

  • As 5 melhores ações da bolsa para dividendos: confira as recomendações feitas por Ruy Hungria e outros analistas da Empiricus Research para quem busca renda recorrente com proventos de empresas nacionais. O relatório está disponível gratuitamente aqui.

Um grande abraço e até a semana que vem!

Ruy

Compartilhe

Especial IR

Meu filho de 30 anos faz mestrado e não trabalha; ele pode ser meu dependente na declaração de imposto de renda?

4 de maio de 2024 - 8:00

O filho dela é estudante, e ela arca com suas despesas; será que tem como abatê-las no IR 2024?

SEXTOU COM O RUY

Como ganhar dinheiro no mercado financeiro usando um erro na estratégia das seguradoras

3 de maio de 2024 - 6:08

É assim que algumas vezes conseguimos capturar ganhos relevantes – como no caso do Bradesco no 4T23, que nos deu um retorno de mais de 500%

de repente no mercado

LCIs e LCAs ‘obrigam’ investidores a buscar outros papéis na renda fixa, enquanto a bolsa tem que ‘derrotar vilões’ para voltar a subir em 2024

28 de abril de 2024 - 12:00

Vale divulga balanço do 1T24 e elétricas sofrem com performance negativa; veja os destaques da semana na ‘De repente no mercado’

Ficou no prejuízo?

Comprei um carro com meu namorado, mas terminamos e ele não me pagou a parte dele; o que fazer para não tomar calote?

27 de abril de 2024 - 8:00

Ex-namorado da leitora não pagou a parte dele nem se movimenta para vender o carro; e agora?

SEXTOU COM O RUY

Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas

26 de abril de 2024 - 6:11

Antes que você entenda errado, não sou favorável a uma maior taxação apenas porque isso beneficia as ações das siderúrgicas brasileiras – só que elas estão em uma briga totalmente desigual contra as chinesas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O Enduro da bolsa: mercado acelera com início da temporada de balanços do 1T24, mas na neblina à espera do PCE

23 de abril de 2024 - 8:54

Na corrida dos mercados, Usiminas dá a largada na divulgação de resultados. Lá fora, investidores reagem ao balanço da Tesla

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Decisão do Copom em xeque: o que muda para a Selic depois dos últimos acontecimentos?

23 de abril de 2024 - 6:24

O Banco Central do Brasil enfrentará um grande dilema nas próximas semanas

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: A pobreza das ações

22 de abril de 2024 - 20:00

Em uma conversa regada a vinho, dois sujeitos se envolvem em um embate atípico, mas quem está com a razão?

DE REPENTE NO MERCADO

Enquanto o dólar não para de subir… Brasil sobe em ranking internacional e este bilionário indonésio fica 10x mais rico em um ano 

21 de abril de 2024 - 12:00

Veja os destaques da semana na ‘De repente no mercado’

BOMBOU NO SD

Dividendos de Klabin (KLBN11), Gerdau (GGBR4) e Petrobras (PETR4), halving do bitcoin e Campos Neto dá pistas sobre o futuro da Selic — veja tudo o que foi destaque na semana

20 de abril de 2024 - 14:01

A ‘copa do mundo’ das criptomoedas aconteceu de novo. A recompensa dos mineradores por bloco de bitcoin caiu pela metade

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar