Me permita mudar de ideia: existe um cenário em que você pode obter retorno com esta ação
A situação não é boa, e isso foi refletido no preço das ações, que caem cerca de 80% desde as máximas. Mas duas notícias me fizeram repensar o meu ranço da companhia

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Algo na história recente do PayPal me fascina.
Sempre fui bastante crítico das decisões de alocação de capital dos seus executivos e o seu péssimo programa de incentivos, que premia os diretores por realizarem aquisições a qualquer preço, mesmo que isso destrua valor para os acionistas.
Dá para dizer que eu criei um ranço que, em minha defesa, é bem fácil de ser explicado.
Ao mesmo tempo, o PayPal é uma das empresas financeiras mais bem sucedidas do mundo. Lucra mais de US$ 5 bilhões anuais e negocia num valuation que embute muitos dos riscos que tanto se comenta na mídia.
Eu, que sempre fui um pessimista com PayPal, me permiti mudar de ideia.
VEJA TAMBÉM: POR QUE O DÓLAR ESTÁ CAINDO TANTO? SEU DINHEIRO EXPLICA
Como o PayPal chegou até aqui?
Durante a pandemia, várias empresas erraram em suas projeções, contrataram mais do que deviam e tomaram decisões questionáveis de alocação de capital…
Leia Também
Mas o PayPal… Ah, o PayPal tirou onda.
Foram várias decisões surreais. Por exemplo, do absoluto nada, os executivos do PayPal chegaram num belo dia aos investidores e decidiram dar um guidance de longuíssimo prazo: alcançar 750 milhões de usuários até 2025.
Isso, obviamente, assumia como premissa a continuidade do ritmo de crescimento visto em 2021, quando o PayPal adicionou 121 milhões de novos usuários (3x mais que a média dos últimos anos).
Não preciso nem dizer que não deu certo, e depois eles foram obrigados a fazer um mea-culpa.
O problema? Bom, há uma clara ruptura de relação aqui: como confiar numa liderança que se comprometeu a executar um plano de longo prazo e desistiu dele em 12 meses?
Outro exemplo incrível foi a suposta proposta (que nunca se tornou oficial) que o PayPal faria para adquirir o Pinterest.
No dia em que essa especulação circulou, as ações do PayPal caíram 15%.
Adquirir o Pinterest não fazia nenhum sentido para o PayPal. Não há aderência com o negócio principal, não há sinergias relevantes e o preço especulado era insanamente elevado.
Mas, fazia sentido para os executivos, cujo bônus depende do crescimento de receitas, e não do crescimento de métricas que realmente importam ao investidor, como o fluxo de caixa por ação.
PayPal: concorrentes no cangote
Além da longa série de péssimas decisões no topo, o PayPal está com o risco de disrupção colado no cangote: o Apple Pay cresce num ritmo assustador e o Google Pay possui mais de 150 milhões de usuários pelo mundo (a maioria provavelmente na Índia, onde o serviço é bastante popular).
Amazon, Shopify e Samsung são só algumas das outras grandes empresas que criaram seus botões de checkout e estão tentando competir com o PayPal.
A situação não é boa, e isso foi refletido no preço das ações, que caem cerca de 80% desde as máximas.
Por mais atrativos que os preços tenham se tornado, eu acredito profundamente em incentivos, e eles não são legais no caso do PayPal.
Duas notícias, porém, me fizeram repensar o meu ranço.
- LEIA TAMBÉM: ChatGPT pode ter chegado ao limite e agora o futuro da inteligência artificial está nas mãos de algo nada tecnológico
Já vai tarde…
A primeira é essa: "PayPal CEO Dan Schulman sairá no final de 2023, a companhia começa a busca por um sucessor".
A segunda é: "PayPal CFO Blake Jorgensen renuncia".
A entrada de investidores ativistas, como a Elliott, está surtindo efeito: o PayPal está executando mudanças importantes em sua liderança.
Ainda não há uma mudança na estrutura de incentivos que eu tanto critiquei, mas esse parece um primeiro passo na direção correta.
Diante dessas boas notícias, decidi reavaliar essa história sob a seguinte abordagem: em que cenário, por meio de um modelo de fluxo de caixa descontado, o PayPal estaria negociando em seu valor justo atualmente, ou seja, na casa dos US$ 70?
Para que esse seja o valor justo, as coisas precisam dar muito errado para o PayPal daqui para frente.
Me permita elaborar.
Quanto vale o PayPal se o seu futuro for mesmo sombrio?
Há basicamente três indicadores chaves para se entender a dinâmica de PayPal: o número de usuários, a quantidade de transações e o TPV (volume de pagamentos intermediados).
Atualmente, o PayPal possui 244 milhões de usuários e cresceu apenas 2% em 2022, algo muito abaixo do ritmo dos últimos anos.
Em números absolutos, apenas 9 milhões de novos usuários ingressaram no serviço em 2022, contra uma média entre 30 e 40 milhões de novos usuários por ano, anteriormente à pandemia.
Vamos assumir que a situação se normalize num ritmo abaixo do histórico: por exemplo, com 20 milhões de novos usuários ao ano, nos próximos anos.
Em termos de TPV, o crescimento tem sido forte (em 2022 a empresa processou US$ 1,2 trilhão), porém o take rate (a taxa de remuneração do PayPal) tem caído todos os anos, desde 2017.
De lá para cá, o take rate saiu de 2,52% para 1,86% em 2022.
- LEIA TAMBÉM: A Apple reviveu o metaverso: o impacto do Vision Pro, o mais potente óculos de realidade virtual já produzido
A culpa não é da concorrência
A interpretação tradicional é a de que isso aconteceu por conta da concorrência: o PayPal está sendo obrigado a baixar preços devido ao crescimento do Apple Pay, do Google Pay e outros concorrentes.
Eu discordo dessa interpretação. Em resumo, eu acredito que a culpa não é da concorrência, mas sim do crescimento exponencial da Braintree, uma empresa adquirida pelo PayPal em 2013, que possui um take rate bem mais baixo que o core business do checkout PayPal.
Como a empresa não colabora, tornando públicos os dados da Braintree, eu sou obrigado a estimar sozinho (um processo obviamente sujeito a erros).
Com base em alguns comentários públicos de executivos nos últimos anos e o ritmo de crescimento do maior concorrente da Braintree, a Adyen (que é uma empresa de capital aberto), eu acredito que hoje a Braintree represente algo como 35% do TPV total do PayPal.
Se assumirmos que a Braintree represente metade em longo prazo, estaremos incorporando um crescimento de muito menos margem nos próximos anos.
Além disso, sob as premissas de que o PayPal é uma empresa madura, de relativamente baixo crescimento (CAGR de receitas de 11%) e sofrendo pressão de margens (-2,5 p.p de perdas de margem operacional em longo prazo), eu ainda encontro algum upside.
Sob essas premissas desastrosas, uma taxa de desconto de 10% e um crescimento na perpetuidade de apenas 2% (2 p.p abaixo do juros longo americano), a ação vale mais do que está na tela.
Isso, sem falar nos gatilhos…
Ou seja, é preciso ser absurdamente pessimista para acreditar que PayPal esteja em seu valor justo atualmente.
Claro, talvez esse cenário seja o correto e o futuro da empresa seja o mais pessimista possível. Mas o que acontece se amanhã a empresa anunciar um novo CEO respeitado pelo mercado?
Todos os incentivos são para que ela o faça…
Eu sou da opinião que, aos preços atuais, vale uma pequena aposta em PayPal na sua carteira internacional de ações.
- PayPal (PYPL34) ganhou a atenção do analista Richard Camargo, mas existem outras 5 ações internacionais que, na visão da Empiricus Research, são as melhores para ter na carteira agora e buscar lucros nos próximos meses. [GRATUITO: VEJA A CARTEIRA RECOMENDADA AQUI]
BNDES corta participação na JBS (JBSS3) antes de votação crucial sobre dupla listagem nos EUA — e mais vendas podem estar a caminho
A BNDESPar reduziu a participação no frigorífico para 18,18% do total de papéis JBSS3 e agência alerta que a venda de ações pode continuar
Nubank (ROXO34) anuncia saída de Youssef Lahrech da presidência e David Vélez deve ficar cada vez mais em cima da operação
Lahrech deixa as posições após cerca de cinco anos na diretoria da fintech. Com a saída, quem assumirá essas funções daqui para frente será o fundador e CEO do Nu
A vida aos 85 e como ter uma carteira de dividendos com “renda eterna”
Como construir uma carteira de ações focada em dividendos para garantir segurança financeira e viver sem sobressaltos
Brasil está barato e eleições de 2026 podem ser gatilho para ações, diz Morgan Stanley; veja papéis recomendados
O banco destaca que há uma mudança na relação risco-retorno, com maior probabilidade para o cenário otimista do que para o pessimista
Méliuz avalia listagem nos EUA para ampliar acesso a investidores estrangeiros; entenda os próximos passos da empresa
Objetivo é aumentar a visibilidade das ações e abrir espaço para eventuais operações financeiras nos EUA, segundo a empresa
Ibovespa (IBOV) encerra o pregão com novo recorde, rompendo a barreira dos 140 mil pontos; dólar sobe a R$ 5,67
O principal índice de ações da B3 tem mais um dia de pontuação inédita, com EUA em baixa no mercado internacional e boas notícias locais
Méliuz (CASH3) lidera as maiores quedas da bolsa após considerar nova captação para investir em bitcoin (BTC); entenda
Queda acontece após Méliuz aprovar a mudança no estatuto social para passar a adotar a criptomoeda como principal ativo de investimento da sua tesouraria
BTG corta preço-alvo da Petrobras (PETR4) em R$ 14 e mira nova petroleira; veja motivos e oportunidades
Queda no preço do petróleo pressiona Petrobras, mas analistas ainda enxergam potencial de valorização
Onde investir na bolsa em meio ao sobe e desce do dólar? XP revela duas carteiras de ações para lucrar com a volatilidade do câmbio
Confira as ações recomendadas pelos analistas para surfar as oscilações do dólar e proteger sua carteira em meio ao sobe e desce da moeda
Ação da Smart Fit (SMFT3) pode ficar ainda mais “bombada”: BTG eleva preço-alvo dos papéis e revela o que está por trás do otimismo
Os analistas mantiveram recomendação de compra e elevaram o preço-alvo de R$ 27,00 para R$ 28,00 para os próximos 12 meses
Contra avanço dos automáticos, carros manuais tornam-se joias sobre rodas
Eles viraram símbolo de experiência sensorial e conexão com o carro. Conheça quatro cultuados esportivos que te obrigam a trocar de marcha
Entre a frustração com o Banco do Brasil (BBAS3) e a surpresa com o Bradesco (BBDC4): quem brilhou e decepcionou nos resultados dos bancos do 1T25?
Depois dos resultados dos grandes bancos, chegou a hora de saber: o que os analistas estão recomendando para a carteira de ações?
Felipe Miranda: A bifurcação de 2026
Há uma clara bifurcação em 2026, independentemente de quem for eleito. Se fizermos o ajuste fiscal, então será o cenário bom. E se não fizermos o ajuste nos gastos, o Brasil quebra
Méliuz (CASH3) avalia captar recursos via dívida e oferta de ações de R$ 150 milhões para investir em bitcoin (BTC)
Companhia aprovou, na semana passada, mudança no estatuto social para passar a adotar a criptomoeda como principal ativo de investimento da sua tesouraria
JP Morgan aumenta a aposta em ações de mercados emergentes com trégua tarifária entre EUA e China; veja quais países foram escolhidos pelo banco
Embora a melhora na relação entre EUA e China não signifique o fim da briga, o pior já ficou para trás, segundo o JP Morgan
Morgan Stanley vê rebaixamento do rating dos EUA como oportunidade para investir na bolsa americana; confira as ações recomendadas
Recomendação acontece após as bolsas de Nova York recuperarem o fôlego após trégua nas tarifas entre EUA e China, reduzindo de 145% para 30%
Dupla listagem da JBS (JBSS3): consultoria recomenda que acionistas votem contra a mudança; votação à distância termina hoje (19)
Em carta aos acionistas, frigorífico critica recomendação da ISS e defende reestruturação da companhia
Mobly (MBLY3) vai “sumir” da B3: ação trocará de nome e ticker na bolsa brasileira ainda neste mês
Com a decisão da Justiça de revogar a suspensão de determinadas decisões tomadas em AGE, companhia ganha sinal verde para seguir com sua reestruturação
Vai declarar ações ou fundos imobiliários no imposto de renda 2025? Saiba como obter o CNPJ de todas as empresas e FIIs da B3
Informar no imposto de renda o CNPJ da empresa emissora da ação ou do fundo emissor da cota é obrigatório
BDR ou compra direta de ações no exterior: qual a melhor forma de investir em empresas listadas em bolsas gringas?
Recibos de ações estrangeiras facilitam o acesso da pessoa física a esses ativos, mas podem não ser o melhor caminho a seguir, no fim das contas; entenda por quê