Como pensar diferente e evitar o efeito manada no mercado financeiro
Às vezes uma ação, uma criptomoeda ou qualquer outro ativo está subindo 1.000% no ano e não existe qualquer fundamento que sustente essa alta. Não há motivos para investir no papel, mas é difícil agir contra o comportamento da massa e ser o único “doido” a escolher ficar de fora da festa.
Em Recife, por volta de 1928, foi inaugurado o hospício Juliano Moreira, em homenagem ao psiquiatra brasileiro mais respeitado da época.
Moreira era defensor da psicoterapia pelo trabalho, que pregava que pacientes deveriam passar por rotinas de atividades como parte do tratamento.
Pois bem, na cerimônia de inauguração, que contou com a presença do então Governador João Suassuna, os pacientes da instituição se enfileiraram na porta do hospital, cada um com o seu carrinho de mão carregado com pedras, prontos para oferecer ao público ali presente um "gostinho" do que se tratava a tal psicoterapia pelo trabalho.

Quem é o doido nessa história?
Tudo ia bem até que um dos pacientes apareceu empurrando o carrinho de cabeça para baixo.
João Suassuna, certo de que a loucura estava atrapalhando a capacidade de raciocínio do sujeito, ofereceu ajuda: “olha, não é assim não que se carrega, é assim…”, virando o carrinho na posição correta.
O paciente pegou o carrinho novamente, tornou a virar de cabeça para baixo e cochichou ao governador: "eu sei doutor. Mas é que se eu carregar de cabeça pra cima eles colocam pedra dentro pra eu carregar".
Leia Também
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
De doido esse sujeito não tinha nada.
- Leia também: Adeus, petróleo? Por que uma Petrobras “do bem” não é necessariamente boa notícia para os acionistas
É difícil ser diferente
Essa história foi contada pelo escritor Ariano Suassuna, que era filho de João Suassuna, em uma de suas palestras. Se é verídica eu não sei, mas ela não deixa de ser genial por mostrar como é difícil nos livrar do efeito manada.
Qualquer pessoa (com problemas psicológicos ou não) que tivesse o poder de escolher sem se preocupar com o julgamento alheio, obviamente iria preferir empurrar um carrinho vazio.
Mas às vezes nem nos damos conta que temos essa escolha. Empurramos o carrinho cheio porque parece certo, porque faz parte do protocolo ou simplesmente porque todos estão fazendo o mesmo.
Há um estudo famoso sobre isso, conhecido como o "Experimento de Asch". Nele, o pesquisador apresentava uma linha na carta da esquerda e pedia para que os participantes do experimento encontrassem qual era a linha correspondente na carta da direita.

Quando estavam sozinhos, sem sofrer a influência do julgamento alheio, todos os participantes davam a resposta óbvia: A.
Até aqui, nenhum grande insight. Mas a coisa ficou bem mais interessante na segunda parte do experimento. A mesma pessoa é colocada em uma sala com vários outros participantes, que são atores sem ele saber.
As mesmas cartas são apresentadas, mas os atores são instruídos a dar respostas claramente erradas. Em boa parte dos casos, os participantes reais do experimento se sentiram pressionados, mudaram de opinião e "preferiram errar" junto com a maioria.
Voltando ao hospício de Recife, foi preciso um sujeito considerado doido, sem amarras sociais ou de necessidade de pertencimento ao grupo para tomar uma decisão que era óbvia, mas que dificilmente seria tomada por uma pessoa considerada "comum".
Acontece o mesmo no mercado financeiro
Esse experimento de Asch explica muito sobre o comportamento das pessoas no mercado financeiro.
Às vezes uma ação, uma criptomoeda ou qualquer outro ativo está subindo 1.000% no ano e não existe qualquer fundamento que sustente essa alta. Não há motivos para investir no papel, mas é difícil agir contra o comportamento da massa e ser o único "doido" a escolher ficar de fora da festa. Até que num belo dia a bolha estoura, e quem seguiu a manada se dá mal, muito mal.
Mas não é só na euforia que os "doidos" se saem bem. No bear market isso também acontece.
Quase todo mundo está cansado de ver as ações caindo, e quando todos os seus amigos vendem suas ações, você parece ser o único "doido" a continuar insistindo em perder dinheiro.
Mesmo que não faça sentido vender as suas ações por preços tão baixos e múltiplos tão descontados, você tende a fazer isso porque todo mundo está fazendo, e porque é muito difícil se livrar do efeito manada.
Admito, eu sou um pouco doidinho
Eu tenho ações na minha carteira e, acredite, eu sei que não é nada agradável ver esses ativos se desvalorizando. Às vezes, por semanas seguidas.
Por exemplo, desde novembro de 2022 meus investimentos em renda variável na Empiricus Investimentos acabaram se desvalorizando, por conta de todas as incertezas fiscais. Com isso, a rentabilidade dessa classe de ativos ficou em apenas +2% nos últimos 6 meses.

No entanto, não dá para abrir mão de ter ações na carteira, especialmente nos múltiplos atuais. Uma pequena melhora no humor e essa parcela simplesmente voa.
Como manter essa exposição em ações sem sofrer muito, então?
Deixar cerca de metade da sua grana em renda fixa, aproveitando os ótimos juros atuais, é uma boa saída. Veja como essa outra parcela do meu portfólio, investida no Fundo DI Empiricus Selic, navegou muito bem nos últimos 6 meses de volatilidade.

Se as coisas continuarem ruins, eu sei que terei uma parcela do meu portfólio rendendo todos os dias. Mas se as coisas voltarem a melhorar, meu lado "doidinho" vai pegar na veia essa evolução, que costuma ser rapidamente incorporada no preço dos ativos de risco.
Apesar de a minha carteira ter ativos mais voláteis, que sofreram um pouco mais com a deterioração dos últimos meses, você pode deixar essa parcela investida em ações um pouco menos arriscadas, pagadoras de dividendos, e que se saíram muito bem mesmo com a piora das condições de mercado nos últimos 6 meses.

O desempenho mostrado acima é do Fundo Empiricus Dividendos, que é baseado na série Vacas Leiteiras e se valorizou 9% no período.
Se quiser conferir as ações presentes na série e ter você mesmo o prazer de comprar esses ativos, deixo aqui o convite.
Por outro lado, se você não tem muito tempo e prefere "terceirizar" esse processo de investimento, pode fazer através do fundo Dividendos, que você pode conferir aqui.
Observação: se mesmo com a minha influência você insistiu que a resposta correta no desafio de Asch era a linha C, você já tem o que é preciso para se livrar do efeito manada.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje