Comprar ou vender? Saiba o que esperar das Big Techs na temporada de balanços
Apesar de serem observadas em conjunto, as Big Techs parecem oferecer relações muito diferentes de risco e retorno
![Logos das big techs americanas;Alphabet (Google), Apple, Amazon, Facebook e Microsoft; empresas de tecnologia](https://media.seudinheiro.com/uploads/2021/06/shutterstock_1643544481-e1689086370681-715x402.jpg)
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Nas próximas semanas, iremos nos despedir definitivamente de 2022. Isso porque, desde a última segunda-feira, grandes empresas americanas começaram a divulgar seus resultados referentes ao quarto trimestre do ano passado. Na semana que vem, teremos os grandes bancos como JP Morgan, Morgan Stanley, Goldman Sachs e outros. E então, na última semana de janeiro, será a vez das Big Techs.
Apple, Amazon, Google e Microsoft aproximam-se da temporada de resultados tendo caído 38%, 48%, 39% e 30%, respectivamente, desde o seu ponto mais alto, alcançado entre o fim de 2021 e o início de 2022.
Com o spoiler das performances acima, você deve imaginar que o mercado não está exatamente otimista com os números que serão apresentados pelas Big Techs.
Isso é um risco, ou uma oportunidade?
Até tu, Brutus?
Se você acompanha minha coluna há algum tempo, deve se lembrar que há alguns meses escrevi recomendando fugir de algumas das Big Techs, como a Microsoft.
O motivo: valuation pouco atrativo e resultados piorando na margem.
Na semana passada, o primeiro grande banco de Wall Street aderiu à posição que eu já defendia há alguns meses. O UBS revisou seu "rating", baixando em aproximadamente 17% seu preço-alvo de MSFT.
No dia, as ações caíram 5%.
Em sua atualização, o UBS justificou a venda pelos mesmos motivos que fiz em 2022.
Apesar de ainda apresentar crescimento em 2023, o Office 365 deve desacelerar cerca de 4 pontos percentuais entre este ano e 2024; o Azure — a grande avenida de crescimento da Microsoft — também está desacelerando.
A visão que começa ganhar força entre os investidores é a de que a próxima fase de migração de workloads para a infraestrutura em nuvem será muito mais difícil que a primeira, pois os workloads mais óbvios já foram migrados.
Com isso, é natural que os clientes estejam hesitantes, ainda mais diante de um cenário macro desafiador.
Para o UBS, não seria absurdo se em 2024 o Azure tivesse aterrissado seu crescimento de 40% para um nível mais próximo de 20%.
O problema é de todas as big techs
Além da Microsoft, o mercado está pessimista também com as demais Big Techs.
Sobre o Google, alguns analistas dizem que o 2021 foi o platô do mecanismo de busca e decretam que nunca mais o Google voltará a alcançar, em termos reais, a mesma performance daquele momento.
No caso da Apple, a chinesa Foxconn — sua maior parceira comercial na montagem dos iPhones — divulgou sua prévia operacional de dezembro, mostrando uma queda de 12% nas receitas.
Imediatamente, a notícia foi recebida pelo mercado como um sinal antecipado de que a Apple irá apresentar resultados ruins.
Já a Amazon, na semana passada, anunciou uma nova rodada de demissões em massa, o que deve impactar até 18 mil funcionários.
Com a recessão batendo à porta, o copo costuma ser visto como meio vazio; a maior parte do mercado interpretou o layoff como um sinal antecipado de números fracos serão apresentados nas próximas semanas.
Ou seja, o sol não é de brigadeiro para nenhuma das maiores empresas de tecnologia do mundo.
Leia também
- 3 tendências de tecnologia para você investir em 2023
- A CVM vai te deixar investir no exterior em breve. Que tal se preparar para virar um investidor internacional?
- Esta coluna foi escrita por inteligência artificial. O que ela sabe sobre investimentos?
Big techs: Comprar ou vender?
Apesar de sempre serem encaradas em conjunto, as Big Techs me parecem oferecer relações muito diferentes de risco e retorno.
Microsoft está cara
No caso da Microsoft, considero as ações caras e não vejo grandes gatilhos no horizonte. Entre as quatro, ela é a única que eu não teria entre as minhas escolhas neste momento.
Amazon envolta em pessismo
Em terceiro lugar, coloco as ações da Amazon. Apesar do prospecto de recessão assustar, estamos num extremo de observar investidores discutindo se o e-commerce da Amazon não deveria valer zero. Esse me parece um enorme exagero e um sinal sintomático do pessimismo que envolve as ações. Gosto de Amazon aos preços atuais.
Google está barata
Em segundo lugar, classifico as ações do Google. O gigante dos mecanismo de busca é o que mais tem sentido a pressão nos seus resultados, mas é também de longe a Big Techs mais barata.
Entretanto, como escrevi há algumas semanas, o Google é vítima da narrativa crescente sobre o futuro da inteligência artificial.
Mesmo que seus resultados mantenham-se sólidos (o que definitivamente é o meu cenário base), a narrativa de disrupção deve manter as ações negociando a múltiplos baixos por um tempo.
Esse cenário me faz lembrar do desconto das ações de Visa e Mastercard, quando o mercado de criptomoedas fazia novos highs semanais.
Se você está pensando em longo prazo, Google parece uma excelente compra aos preços atuais, mas os próximos meses ainda devem ser pesados para a ação.
Apple é a mais resiliente das Big Techs
Para finalizar, em primeiro lugar, classificaria as ações da Apple.
Apesar do valuation relativamente elevado e os resultados desacelerando, a Apple é a mais resiliente das Big Techs. No limite, ela é o porto seguro do mercado de ações.
É difícil olhar para o longo prazo e, aos preços atuais, justificar cenários em que a Apple tenha performance pior que o restante do Nasdaq.
Definitivamente, todas elas nos trarão novidades nas próximas semanas.
Com mundo de olho na abertura dos Jogos Olímpicos, mercado aguarda PCE para o pontapé inicial na bolsa
Além de Wall Street, Ibovespa também repercute hoje os números do Governo Central e o balanço da Vale no segundo trimestre
“Caçadores de ações”: a empresa que ainda está fora do radar dos investidores, mas é por pouco tempo
A ótima prévia operacional nos deixa mais confiantes de que essa companhia está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo
Bugs, bolhas e tecnologia: Big techs azedam o clima nas bolsas em dia de PIB dos EUA e de IPCA-15
Ibovespa ainda tem que lidar com petróleo e minério de ferro em queda e dólar em alta com mercado à espera do balanço da Vale
Rodolfo Amstalden: Obrigado, mas não, obrigado
Recentemente, a startup de cibersegurança Wiz deixou passar uma oferta de US$ 26 bilhões feita pela dona do Google
A maionese desanda na bolsa: Big techs e minério de ferro pesam sobre os mercados internacionais e Ibovespa paga a conta
Enquanto resultados trimestrais da Tesla e da dona do Google desapontam investidores, Santander Brasil dá início à safra de balanços dos bancões por aqui
Tudo o que você precisa saber sobre os ETFs de Ethereum (ETH) que acabaram de ser lançados
Segue um dashboard da Bloomberg mostrando as gestoras que estão criando seus respectivos ETF´s de Ether, tickers, taxas, exchanges de negociação e custodiantes
Ibovespa fica a reboque do exterior antes dos balanços das big techs
Enquanto temporada de balanços ganha tração em meio a agenda fraca, Ibovespa se prepara para os resultados dos bancões
Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’
Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA
Felipe Miranda: Erro de design na indústria de multimercados
O que aconteceu para os conhecedores de política monetária restritiva perderem tanto dinheiro no começo de 2024?
O poder dos fatos novos: Ibovespa reage a desistência de Biden e corte de juros na China
A bolsa brasileira tem pela frente uma agenda carregada, com os balanços da Vale e do Santander e o IPCA-15; lá fora, PCE é o destaque