3R Petroleum: O mercado ficou pessimista com a ação. Ainda vale a pena ter RRRP3 na carteira?
Algumas conclusões me fazem acreditar que o mercado está excessivamente pessimista com a empresa
Até onde o preço influencia uma decisão de investimento? Nas últimas semanas tenho pensado muito sobre isso e essa newsletter me ajudará a organizar os meus próprios pensamentos.
Aliás, uma constatação: muitas das minhas newsletters – se não todas – são escritas com o objetivo de enraizar um aprendizado que pode ser útil a você e a mim em nossas jornadas como investidores.
Sabe aquele sentimento ruim de comprar uma ação que entra em uma espiral negativa de preços? Pois é, esse sentimento só passa a ser ruim de verdade quando você contesta os argumentos que te fizeram comprar aquela ação.
Se você sabe tudo sobre a empresa e tem conforto com a tese, por que não comprar mais?
O mundo real das ações
No mundo teórico parece ser fácil comprar mais à medida que o preço da ação cai sem que os fundamentos tenham se deteriorado, mas no mundo real é muito difícil fazer isso consistentemente.
Chega uma hora que o preço da ação pode cair tanto que se torna inevitável não achar que alguém sabe mais do que você.
É nesse momento difícil, no qual o mercado vai contra a sua tese, que você passa a revisitar toda a sua expectativa sobre o futuro da empresa.
O lucro de R$ 200 milhões que você tinha convicção que a empresa entregaria, talvez fique na casa dos R$ 100 – com possibilidade de até cair para a casa dos R$ 50 milhões.
Será que o investimento ‘errado’ foi puro efeito Dunning-Kruger (leia mais sobre ele aqui), ou seja, você sabia menos sobre a empresa do que inicialmente previa; ou será que o próprio efeito de queda de preço da ação te faz ficar pessimista com o caso a ponto de querer vender ao invés de comprar mais?
Leia Também
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Os efeitos do Sr. Mercado e a 3R Petroleum (RRRP3)
Os dois efeitos acontecem diariamente na vida de um investidor, mas o segundo é um clássico evento produzido pelo Sr. Mercado: quanto mais triste o investidor estiver com um investimento, mais pessimista será a sua estimativa sobre o futuro dele.
Para tornar o entendimento mais claro, vou citar o exemplo da 3R Petroleum (RRRP3), empresa júnior do setor de Óleo e Gás.
O foco da empresa está na produção de óleo e gás em campos já maduros com reservas provadas de petróleo e gás localizados em terra (“onshore”) e em águas rasas (“offshore”).
Campos maduros de petróleo são aqueles que já passaram pelo pico de produção e estão em fase de declínio.
Com investimentos, a 3R faz com que a viabilidade econômica desses campos seja ampliada. O nome “3R”, inclusive, deriva exatamente do que ela se propõe a realizar nos campos em que atua: Redesenvolver, Revitalizar e Repensar.
O modelo de negócios da 3R
Diferentemente da Petrobras, o modelo de negócios da 3R não contempla investimentos em projetos em fase de exploração, o que reduz o risco de perdas com campanhas exploratórias mal sucedidas.
A 3R entra em campo onde já se sabe que tem petróleo e onde a produção já acontece há muitos anos.
Ao adquirir campos que possuem reservas de óleo e gás provadas, a estratégia da 3R passa a ser a de incrementar a produção desses campos, diferentemente da Petrobras, que não tinha interesse econômico em fazer isso.
A 3R está na Carteira Market Makers desde o day one da carteira, em 29 de setembro de 2022. No período, a contribuição dela na performance é negativa em 1 ponto percentual.
Apesar de hoje ser uma participação pequena, até fevereiro era uma posição relevante: optamos por diminuí-la pela metade quando a Petrobras suspendeu a venda de ativos no início de março.

Naquele momento tínhamos pouca visibilidade sobre o futuro do campo de Potiguar, que até então era reconhecido como o futuro ativo mais valioso da 3R.
Como o risco de o negócio não sair aumentou naquela ocasião, nossa justificativa foi que as ações poderiam cair com a deterioração dos fundamentos da tese.
De lá para cá muita coisa aconteceu:
- A empresa teve problemas de execução nos seus campos, entregando menos do que projetamos,
- Levantou R$ 836 milhões em um inesperado aumento de capital e
- Concluiu a aquisição do campo de Potiguar, que muitos chegaram a duvidar que sairia.
Diante dos novos acontecimentos, o sell side revisou para baixo as expectativas de lucro da empresa (linha vermelha) para 2023:

Será que foi o preço que gerou essa mudança de expectativa ou a frustração do mercado com a 3R fez com que ela merecesse essa revisão? Minha opinião é que foi um pouco dos dois.
Existe motivo sim para uma revisão para baixo das expectativas, mas algumas conclusões me fazem acreditar que o mercado está excessivamente pessimista com a empresa:
Conclusão de nº 1: mercado acredita que o campo de Potiguar seria melhor operado pela Petrobras do que pela 3R Petroleum
A Petrobras sempre carregou o estigma de ser uma empresa ineficiente. O campo de Potiguar, inclusive, estava praticamente esquecido pela estatal, que preferiu focar seus investimentos no pré-sal.
Além disso, a transição do ativo da Petrobras para a 3R durou 17 meses, tempo mais que suficiente para a 3R ter um diagnóstico completo sobre a produtividade do campo, sendo que é válido acreditar em uma curva de aprendizado obtido nos outros campos em que a 3R teve problemas de operação.
A Petrobras foi para o pré-sal porque é um ativo muito melhor, não porque o onshore é ruim.
Portanto, não me parece fazer sentido acreditar que a 3R entregará uma produção pior em Potiguar do que quando o ativo era operado pela estatal. Pois é isso o que o preço da ação parece refletir.
Se a empresa executar e entregar produção, deveremos ver uma revisão para cima dos números.
Conclusão de nº 2: 3R Petroleum é a empresa mais complexa de todas
Enquanto no passado o fato de a empresa operar em três clusters diferentes (Rio Grande do Norte, Bahia e Espírito Santo/Rio de Janeiro) trazia conforto para a tese por conta da diversificação, hoje o mercado entende que operar em quatro estados aumenta a complexidade da operação.

Fonte: RI da 3R
Embora essa conclusão faça sentido hoje, no passado a narrativa era outra. Portanto, qualquer surpresa positiva nesse sentido será incorporada no preço das ações, enquanto a negativa já parece precificada.
Conclusão de nº 3: a 3R Petroleum é o maior short do setor e um dos maiores da bolsa
Hoje, 3R é o maior short do setor de óleo e gás e um dos maiores da bolsa.
Qualquer surpresa positiva, ainda que seja o próprio preço do petróleo, pode ser um gatilho para a alta das ações: 18% do total de ações em circulação estão shorteadas.

Fonte: XP Investimentos
Apesar de 3R ainda ser uma posição pequena dentro da nossa carteira, me parece factível acreditar que o pior ficou para trás.
Não à toa nos provocamos diariamente para saber qual o melhor momento para aumentar a posição.
Semana passada estivemos com Guilherme Affonso Ferreira, conselheiro da 3R, com passagens em outros conselhos, incluindo o da Petrobras, que nos contou no episódio #52 alguns dos desafios que a empresa vem enfrentando.
Apesar de todos os desafios e da quebra de expectativa gerada após os acontecimentos que eu comentei, nenhuma outra frase me lembra tanto a 3R do que a frase que a Bia disse no episódio #51:
A opinião impacta o preço, mas o contrário também é verdade. O preço impacta opinião. A gente vai ver que as mesmas coisas são interpretadas de maneira completamente diferentes dependendo do nível de preços.
Quer ler o relatório completo de nossa tese de investimento em 3R? Clique aqui e faça parte da Comunidade Market Makers.
Um abraço,
Matheus Soares
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
