Mercado precisa falar menos e perguntar mais sobre ESG, diz diretora do BID Lab
Transformada em vilã por alguns setores do mercado, a pauta ESG continua norteando os investimentos do escritório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento

Se você utiliza aplicativos no celular para pedir comida ou carona, procurar moradia ou até organizar sua vida financeira, saiba que isso só é possível por causa do venture capital, o famoso “capital de risco”.
Essa modalidade de investimento, comum em mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos, ganhou tração no Brasil nos últimos anos. A pandemia, inclusive, foi o principal propulsor dessa indústria, forçando a aceleração de tudo o que tem a ver com a digitalização da nossa vida cotidiana.
Mas, passada a era do dinheiro barato, hoje as taxas de juros estão deixando o ambiente menos propício para histórias de empresas com alto potencial de crescimento e baixo faturamento.
Numa espécie de “freio de arrumação”, startups conhecidas — como Quinto Andar, Loft, Kavak, entre outras — começaram a enxugar seu quadro de funcionários.
Ao mesmo tempo, a crise energética que tem distribuído inflação pelo mundo provocou uma tentativa de vilanização da pauta ESG (meio ambiente, social e governança).
E, como se não bastasse, o Brasil passa por mais uma eleição extremamente polarizada que pode ter implicações diretas no ambiente de negócios.
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Mas nada disso tira muito o sono dos investidores institucionais de venture capital.
O Seu Dinheiro conversou com Anita Fiori, líder do escritório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID Lab, para entender o que ela enxerga para o futuro da modalidade no Brasil e na América Latina e o que é levado em consideração na hora de decidir escrever um cheque polpudo para um fundador de startup.
Confira os principais trechos da entrevista:
A disrupção nas cadeias produtivas, especialmente as de alimentos e energia, está provocando efeitos inflacionários e um movimento de vilanização da pauta ESG. Como você enxerga esse movimento?
Tudo vira desculpa para não fazer. Acho que existe uma confusão generalizada sobre o conceito. ESG faz parte da cultura da empresa, ou ela tem ou ela não tem. Ou ela é criada com isso ou ela não é ESG. É necessário se reinventar como empresa para levar o ESG a sério.
Quando falam que ESG é uma falácia é porque só estão olhando para o E [de environmental, ou ambiental, em português]. Uma empresa que faz o ESG direitinho é a empresa que vai ter mais sucesso.
No BID Labs, tenho 12 padrões ambientais e sociais que tenho de seguir, e isso é adaptado para as startups que vamos investir. Temos um questionário no qual fazemos perguntas, por exemplo, ‘a empresa tem política salarial equitativa para homens e mulheres?’, ou ‘tem um canal de denúncia independente em caso de má conduta?’. Eu, como oficial do BID, tenho que perguntar na minha diligência.
Eu só faço perguntas. E acho que o mercado precisa falar menos e perguntar mais.
Como uma empresa que não nasceu ESG pode adotar políticas nesse sentido?
Basta se perguntar: ‘quais são os padrões socioambientais que eu quero ter?’ Uma gestora uma vez me pediu ajuda nisso para definir em que tipo de empresas ela deveria focar na hora de investir. Aconselhei definir um padrão, qualquer um. Por exemplo, só investir em empresas que tenham mulheres fundadoras ou que pelo menos 40% dos funcionários sejam mulheres. Defina uns três ou quatro padrões socioambientais e leve isso adiante.
Mas é possível conciliar a pauta ESG com o lucro das empresas?
Eu converso muito com ambientalistas, que têm padrões ainda mais elevados. Eu falo para eles que não dá para chegar no nível que eles exigem, porque chegar lá coloca o lado econômico em risco. Mas a gente tem que achar um padrão socioambiental que dê equilíbrio para o planeta. Não vai ser o planeta ideal, mas vai ser o sustentável, o possível.
Os principais destaques no mundo das startups são quase sempre ligados à digitalização. Existe espaço para outro tipo de inovação, que não seja apenas software?
Nós tínhamos um investimento na Colômbia, uma empresa chamada Ecoflora. Ela pegava a flor de jenipapo, que é considerada um resíduo, e transformava em coloração para a indústria têxtil internacional. Tudo isso partiu de uma bióloga que prestou atenção num detalhe.
Tem outra empresa no Chile que pega resíduo de mineração, que é uma indústria suja, e transforma em microcápsulas de cobre que, aplicadas em tecidos e tintas, mata o vírus da Covid-19 em meia hora.
Tudo isso é startup, tudo isso é tecnologia, inovação, meio ambiente. E não tem digital.
Com os investidores menos propensos a investir em venture capital, como as startups estão se financiando?
Uma alternativa em uso crescente é o venture debt. Uma startup que já recebeu investimento de um fundo de venture capital e está precisando tomar dívida por qualquer razão pode ir por aí. Costumam ser empréstimos de curto prazo - de quatro meses a um ano, com período de carência de até seis meses.
No Brasil, existe uma prática que não se faz no exterior, que é a de pegar garantias pessoais dos fundadores. Por isso, não vemos uma evolução tão grande do venture debt aqui.
Tem algum perfil de startup mais adequado para o venture debt?
Em geral, as empresas Saas - Software as a service (software como serviço). Elas têm receita recorrente e planejada. Um bom fundo de venture capital pede acesso a essas informações de receita e consegue ver se vai dar calote ou não, consegue se antecipar e até renegociar alguns termos a tempo de não entrar em calote. Mas aqui no Brasil eu não vejo ninguém fazendo isso, pois a maioria dos credores pede garantias pessoais. No BID, não fazemos isso.
Com os juros altos em todo o mundo, qual é a taxa que rege um venture debt?
Geralmente, venture debt tem juros mais salgados, mas não é nada fora do mercado. O preço dos que eu sei que fazem lá fora fica entre 15% e 20% em dólar. Aqui, não tenho certeza.
Nos últimos eventos do mercado financeiro, o tema ‘eleições’ foi um dos mais discutidos, mas no venture capital é difícil encontrar alguém falando disso.
Nosso jogo é completamente diferente. O risco político, no nosso caso, vale muito pouco. O maior risco para a gente é o risco inerente à atividade. As pessoas que cuidam do nosso setor são pessoas de carreira, e o uso político disso não faz o menor sentido. Somos nós que contribuímos para a grande digitalização do país, então ninguém vai mexer nesse vespeiro. Todo mundo depende da gente, principalmente no pós-pandemia.
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