🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Vem intervenção por aí?

Lula e Ciro querem mudar política de preços da Petrobras, mas Tebet defende autonomia da estatal. Veja as propostas dos candidatos para a companhia

No geral, principais candidatos à presidência são contra a privatização da petroleira, mas divergem quanto a venda de subsidiárias e paridade com os preços internacionais do petróleo

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
22 de setembro de 2022
6:30 - atualizado às 21:52
Lula e Bolsonaro, com logotipo da Petrobras ao centro
Lula defende abertamente fim da PPI da Petrobras, enquanto Bolsonaro tem postura ambígua em relação à companhia. - Imagem: Montagem Julia Shikota/Shutterstock

O assunto é Petrobras (PETR3; PETR4). Uma das maiores empresas do Brasil, das mais importantes da bolsa brasileira, queridinha dos investidores em ações e com forte peso na composição do Ibovespa.

É de se esperar que as intenções do governo em relação a uma estatal com tantos predicados sejam de suma importância para os investidores brasileiros - ao menos para aqueles que investem em bolsa.

Num passado não muito distante, durante o governo da petista Dilma Rousseff, a descoberta de escândalos de corrupção e a forte intervenção na política de preços da companhia por parte da União quase quebraram a Petrobras.

A estatal, no entanto, conseguiu se reerguer com o combate à corrupção, o alinhamento dos seus preços às cotações internacionais do petróleo (a chamada Política de Paridade Internacional - PPI) e uma reestruturação com venda de subsidiárias, como refinarias e a BR Distribuidora, a fim de focar na sua atividade mais rentável, a exploração de petróleo em águas profundas.

Mas o sucesso da companhia não é o suficiente para fazer o governo feliz. Foi no mandato de Jair Bolsonaro, por exemplo, que a Petrobras vendeu subsidiárias para focar no pré-sal, mas a disparada do petróleo, que aumentou os preços dos combustíveis e pesou sobre a inflação, levou o presidente diversas vezes a flertar com a intervenção na petroleira e a alteração da política de preços.

Os grandes lucros obtidos com o petróleo mais caro e os fartos dividendos distribuídos pela companhia também foram alvos de críticas do presidente, muito embora a União seja a maior acionista da Petrobras e, portanto, a maior beneficiária dos pagamentos bilionários.

Leia Também

Mas quais os planos de Bolsonaro para a Petrobras, se reeleito? E quais são as visões dos demais candidatos à presidência para a estatal? Este é o tema desta terceira reportagem da série sobre as propostas dos quatro principais candidatos à presidência que podem afetar diretamente o investidor pessoa física.

Se quiser conferir as duas primeiras matérias, deixo os links a seguir:

O que pensam os candidatos sobre a Petrobras

Mesmo com todas as críticas e ameaças de intervenção, Bolsonaro não defende mudar a política de preços da Petrobras num eventual segundo mandato e se mantém favorável à redução do tamanho da companhia. O presidente também colocou a empresa “na fila” para as privatizações, embora não acredite que tal processo saia do papel.

Outros candidatos à presidência da República, porém, são mais enfáticos na crítica aos grandes lucros da estatal, se colocam fortemente contra a sua privatização e dizem que sim, pretendem acabar com a PPI se eleitos - casos de Lula e Ciro Gomes.

Simone Tebet, por sua vez, é a que adota a postura mais favorável ao investidor pessoa física, no sentido de que defende a manutenção da PPI e a autonomia da Petrobras, embora também seja contra a sua privatização.

Veja a seguir as propostas e as ideias dos quatro principais candidatos à presidência para a estatal:

1. Jair Bolsonaro (PL): postura ambígua em relação à Petrobras

O presidente Jair Bolsonaro manteve, em todos os seus anos de governo, uma relação de certa ambiguidade com a Petrobras.

Por um lado, as ações da estatal sofreram nas diversas vezes em que o chefe do Executivo manifestou uma postura mais intervencionista, criticando a política de preços alinhada às cotações internacionais do petróleo e os lucros da companhia, irritando-se com a alta dos preços dos combustíveis e deixando que isso o motivasse a trocar o comando da petroleira.

Durante o mandato de Bolsonaro, a Petrobras teve quatro presidentes, sendo que a última troca de comando foi recheada de polêmicas.

Primeiro, dois conselheiros indicados pelo governo foram rejeitados pelo Comitê de Elegibilidade da estatal, mas a União insistiu nas indicações mesmo assim, e eles acabaram sendo eleitos; além disso, trocas do Comitê de Pessoas tornaram mais fácil para o governo formar maioria em decisões como indicações de executivos, enfraquecendo a governança da companhia.

Por outro lado, Bolsonaro não defende com clareza uma mudança na política de preços da Petrobras. Se antes chegou a dizer que a PPI já havia cumprido seu papel, defendendo um afrouxamento, recentemente o presidente disse que a política de preços não precisaria de fato mudar.

Além disso, a estatal sequer é mencionada nominalmente entre as propostas de governo da sua candidatura à reeleição. E, embora Bolsonaro não acredite na viabilidade da privatização da companhia atualmente, ele também não rejeita a ideia e até incluiu a estatal no Programa de Parcerias de Investimentos, primeira etapa necessária para a privatização.

2. Lula (PT): contra a privatização e a política de preços atual

O ex-presidente Lula não esconde nem disfarça sua posição em relação à Petrobras: é contra a privatização e a atual política de preços. Ele inclusive externaliza isso em suas propostas de governo.

No capítulo “Desenvolvimento econômico e sustentabilidade socioambiental e climática”, fala em "abrasileirar" os preços dos combustíveis, o que dá a entender que pretende acabar com a PPI:

“O país precisa de uma transição para uma nova política de preços dos combustíveis e do gás, que considere os custos nacionais e que seja adequada à ampliação dos investimentos em refino e distribuição e à redução da carestia. Os ganhos do pré-sal não podem se esvair por uma política de preços internacionalizada e dolarizada: é preciso abrasileirar o preço dos combustíveis e ampliar a produção nacional de derivados, com expansão do parque de refino”.

Em entrevista ao UOL no mês de julho, Lula disse que "essa história de PPI é para agradar os acionistas, em detrimento dos 230 milhões de brasileiros" e que "a gente pode reduzir o preço, sim, o presidente não teve coragem", referindo-se a Bolsonaro.

Também segundo suas propostas, o petista se opõe “fortemente à privatização, em curso, da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).”

No mesmo trecho, critica, indiretamente, o processo de desinvestimentos da estatal para focar na exploração de petróleo em águas profundas, alegando que a companhia deveria também investir em refino e distribuição, além de outros produtos e na transição energética.

“A Petrobras terá seu plano estratégico e de investimentos orientados para a segurança energética, a autossuficiência nacional em petróleo e derivados, a garantia do abastecimento de combustíveis no país. Portanto, voltará a ser uma empresa integrada de energia, investindo em exploração, produção, refino e distribuição, mas também atuando nos segmentos que se conectam à transição ecológica e energética, como gás, fertilizantes, biocombustíveis e energias renováveis. É preciso preservar o regime de partilha, e o fundo social do pré-sal deve estar, novamente, a serviço do futuro”, diz o documento.

3. Ciro Gomes (PDT): “quero assenhorear-me dela”

Outro que quer mudar a política de preços da Petrobras é Ciro Gomes, que dedica à estatal um capítulo das suas propostas de governo. Nele, propõe alteração da PPI, “que hoje só beneficia os importadores e acionistas, mas prejudica toda a sociedade brasileira, dado seu impacto sobre a inflação”.

No documento, o pedetista também fala em recuperar e ampliar a capacidade das refinarias da estatal e transformá-la em uma empresa de ponta no desenvolvimento de novas fontes de energia, sobretudo energia limpa, indo na contramão do processo de desinvestimento e foco maior no pré-sal pelo qual vem passando a estatal.

Em maio deste ano, Ciro disse que, para alterar a política de preços da Petrobras, publicaria dois editais. No primeiro, trocaria a PPI por uma “nova estrutura de preços”: “Vai ser custo mais rentabilidade em linha com as petroleiras internacionais. Cai [o lucro da empresa] de 38% para 6,5%”, disse, na ocasião.

Segundo ele, o anúncio causaria uma queda nos preços das ações da empresa, o que motivaria a publicação de um segundo edital “dizendo que o governo entrará comprando tantas ações quantas se queiram vender, até o limite de integralizar novamente 60% do capital da Petrobras”.

“Porque eu quero assenhorear-me dela, para transformar na maior empresa de energia limpa do mundo, colocando em hidrogênio verde, energia solar e eólica, para que prepare o Brasil para a transição energética com velocidade”, disse Ciro, na época.

O candidato também já havia dito que, caso a Petrobras fosse privatizada, a “tomaria de volta”.

4. Simone Tebet (MDB): a favor da autonomia da estatal e da PPI

Embora seja a favor de privatizações, desestatizações e parcerias público-privadas (PPPs) - medidas que deseja implementar em um eventual governo, segundo suas propostas -, Tebet se coloca contra a privatização da Petrobras e diz que não quer “privatizar por privatizar”.

Sua assessora econômica, Elena Landau, em mais de uma ocasião disse que a privatização da Petrobras não seria prioridade em um eventual governo da emedebista, mas que Tebet pretende fortalecer a autonomia da estatal e manteria a atual política de preços, a PPI.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O QUE VEM POR AÍ

Petrobras (PETR4) opera em queda, mas nem tudo está perdido: chance de dividendo bilionário segue sobre a mesa

30 de abril de 2025 - 12:37

A estatal divulgou na noite de terça-feira (29) os dados de produção e vendas do período de janeiro e março, que foram bem avaliados pelos bancos, mas não sobrevive às perdas do petróleo no mercado internacional; saiba o que está por vir com relação ao balanço

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

RELATÓRIO DO 1T25

Petrobras (PETR4): produção de petróleo fica estável em trimestre marcado pela queda de preços

29 de abril de 2025 - 18:35

A produção de petróleo da estatal foi de 2,214 milhões de barris por dia (bpd) entre janeiro e março, 0,1% menor do que no mesmo período do ano anterior, mas 5,5% maior na comparação trimestral

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

JÁ PODE PEDIR MÚSICA

Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment

25 de abril de 2025 - 11:01

Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

SEXTOU COM O RUY

Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso

25 de abril de 2025 - 6:03

A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.

FREIO EM PETR4

Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI

24 de abril de 2025 - 18:31

Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida

A TECH É BIG

Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre

24 de abril de 2025 - 17:59

A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)

COMPRAR OU VENDER

Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo

24 de abril de 2025 - 16:06

Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles

FUNDOS DE HEDGE

O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis

24 de abril de 2025 - 12:06

Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA

TÁ CHEGANDO

OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações? 

24 de abril de 2025 - 10:45

Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos

Conteúdo Empiricus

‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado

24 de abril de 2025 - 10:00

CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações

IR 2025

É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025

24 de abril de 2025 - 7:07

A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar