O PIB apoia Lula ou Bolsonaro? De que lado estão os maiores empresários do Brasil no segundo turno das eleições
Se, do lado bolsonarista, o atual chefe do Executivo conta com apoios já esperados como o de Luciano Hang, da Havan, do lado petista, o posicionamento da senadora Simone Tebet (MDB) se mostrou fundamental para atrair o PIB

A disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno não é só pela parcela preciosa de eleitores indecisos. Eles também disputam a preferência do empresariado, o que pode fazer muita diferença na viabilização de um futuro governo.
Em eleições passadas, mesmo sem declarar voto publicamente, os chamados representantes do PIB tendiam a apoiar candidatos identificados com as pautas do livre mercado.
Em relação a isso, quase nada mudou no primeiro turno das eleições de 2022. Identificada como candidata da “terceira via”, Simone Tebet (MDB) recebeu apoio do PIB consideravelmente maior que sua votação, inferior a 5%.
Com a disputa em segundo turno entre Lula e Bolsonaro, as placas tectônicas do apoio do alto empresariado separaram-se não pela adesão de um ou outro pelas pautas do livre mercado, mas pelas perspectivas para os próximos anos.
Do lado bolsonarista, empresários que já o apoiavam nas eleições de 2018, como Luciano Hang, o famoso Véio da Havan, seguem ao lado do candidato à reeleição. Agora, o presidente também recebeu o apoio de expoentes do agronegócio.
A maior novidade neste segundo turno, porém, vem do lado petista. Isso porque o posicionamento de Tebet mostrou-se fundamental para Lula receber reforços de peso do empresariado para sua campanha, inclusive de antigos adversários e críticos.
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Simone Tebet atrai parte do PIB para o lado de Lula
Depois do posicionamento de Tebet, que declarou apoio público à candidatura petista no segundo turno, empresários e executivos que participaram da campanha da senadora decidiram acompanhar a decisão e declarar apoio público a Lula.
Sobram nesses posicionamentos menções à necessidade de se garantir o pleno funcionamento das instituições e do sistema democrático, além de preocupações com o futuro da Amazônia.
Pedro Passos, acionista da Natura e um dos formuladores do programa econômico de Tebet, afirmou que vai acompanhar a senadora no apoio “a Lula e à democracia”.
O executivo João Nogueira Batista, conselheiro de empresas como Braskem e Wiz e apoiador de Tebet, também declarou voto em Lula. De acordo com Batista, há um grupo de executivos que não se pronunciou publicamente, mas que também acompanhará o posicionamento da emedebista no dia do voto.
Também se pronunciaram contra Bolsonaro — e em apoio a Lula — Andrea Calabi, ex-presidente do Banco do Brasil, e Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras.
Após encontro com Lula no último dia 5, Tebet compareceu a uma confraternização com economistas e empresários que colaboraram com sua campanha.
Estavam presentes a economista Elena Landau; o presidente da Natura, Fábio Barbosa; além de Horácio Lafer Piva, sócio da Klabin. Todos disseram aprovar a decisão da emedebista de apoiar Lula no segundo turno.
De acordo com o Valor Econômico, o ex-presidente do Itaú Unibanco Cândido Bracher, embora não tenha declarado voto, afirmou que ele e a esposa, Teresa Bracher, ficaram “muito orgulhosos com o posicionamento da nossa candidata”, referindo-se a Tebet.
No campo do financiamento, o empresário Candido Pinheiro Koren de Lima, fundador da operadora de saúde Hapvida, figurava em setembro como um dos maiores doadores individuais da campanha de Lula.
Efeito Meirelles pode ajudar Lula?
Além de Tebet, outra carta na manga de Lula junto ao empresariado brasileiro é Henrique Meirelles, que deu apoio ao petista recentemente.
Há quem diga nos bastidores, não sem certo exagero, que o petista estaria a um telefonema de distância da vitória se ligasse para o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central e o convidasse para formar o governo.
Não há dúvidas de que Meirelles é bem visto pelo setor privado. Como ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), sua gestão foi responsável pela aprovação do teto de gastos e da reforma trabalhista.
Segundo assessores e amigos de Lula, para o empresariado — tanto do setor produtivo quanto do mercado financeiro —, a simples indicação do ministro da Fazenda já atenderia a parte das expectativas com um possível governo petista.
De qualquer modo, Lula tem afirmado que não indicará nenhum ministro antes do resultado do segundo turno. Além do mais, Meirelles pode ser admirado no mercado, mas não é um puxador de votos.
Os empresários que apoiam Bolsonaro
Do lado de Bolsonaro, não houve nenhum apoio inesperado ou que chamasse atenção até agora. Muitos dos empresários que estão apoiando a reeleição do atual presidente já haviam se manifestado no primeiro turno.
O apoio público mais recente veio do empresário Roberto Justus. Em um vídeo divulgado no Instagram, ele manifesta sua preocupação com os riscos de atraso que o Brasil enfrenta e ressalta que não concorda com tudo que Bolsonaro diz e fala, mas que discorda de tudo que Lula pretende fazer.
“Enquanto o time do Lula acredita num governo grande e protetor, o outro lado busca reduzir o Estado e tirá-lo das costas de cada um de nós. Escolher um ou outro lado significa mais ou menos impostos”, afirma.
O apoio mais emblemático a Bolsonaro talvez seja o de Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, aliado de primeira hora do presidente no meio empresarial.
Além de Hang, Bolsonaro conta ainda com Afrânio Barreira, da rede de restaurantes Coco Bambu; Flávio Rocha, presidente do conselho de administração do grupo Guararapes, que controla a rede de lojas Riachuelo; Gabriel Kanner, membro da família da Riachuelo; José Isaac Peres, fundador e acionista da Multiplan; e Marco Aurélio Raymundo, presidente da Mormaii.
Vale lembrar que alguns desses empresários estiveram envolvidos em uma polêmica com o Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu uma investigação sobre conversas no Whatsapp a respeito de um possível golpe de estado caso Lula vencesse as eleições deste ano.
Bolsonaro conta ainda com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, e Oscar Luiz Cervi, um dos maiores produtores de grãos do país e um dos principais doadores do agronegócio à campanha de Bolsonaro.
Agronegócio, um caso à parte com Bolsonaro
Ainda que tenha um dos maiores produtores de grãos do Brasil ao seu lado, talvez o nome que mais chame atenção na frente de apoio bolsonarista é o do empresário Rubens Ometto, presidente dos conselhos de administração da Cosan e da operadora logística Rumo.
Vale ressaltar que Ometto não declarou apoio público a Bolsonaro, mas é um entusiasta da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo. O ex-ministro concorre ao segundo turno no Estado contra o petista Fernando Haddad.
As empresas de Ometto obtiveram importantes vitórias durante a gestão de Freitas na pasta do governo de Bolsonaro, entre as quais está a renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, ativo de quase 2 mil quilômetros de extensão e que liga áreas produtoras de grãos no Centro-Oeste ao Porto de Santos.
O fundador da Cosan é o segundo maior doador da campanha do bolsonarista ao governo paulista, com cerca de R$ 200 mil — esse montante fica atrás apenas da doação de R$ 300 mil de outro nome ligado ao agronegócio: o pecuarista Luciano Maffra de Vasconcellos.
Parte do agro com Lula
Se a maior parte do agronegócio está ao lado de Bolsonaro e financia sua campanha à reeleição, Lula tem a seu lado empresários do setor com capital político relevante.
Além de Simone Tebet, o petista atraiu para seu lado dois outros políticos identificados com o setor e com o campo conservador, mas que serviram como ministros de Agricultura de sua sucessora, Dilma Rousseff. São eles Neri Geller e Kátia Abreu, ambos filiados ao Progressistas.
Os dois sofreram abalos políticos recentes. No curso das eleições deste ano, Geller assistiu à cassação de seu mandato de deputado federal pelo Mato Grosso e também de sua candidatura ao Senado. Kátia Abreu, por sua vez, tentou a reeleição a sua cadeira de senadora pelo Tocantins, mas perdeu.
Ainda assim, são capazes de manter abertos canais de diálogo entre Lula e o setor no caso de uma eventual vitória do petista.
Além deles, o empresário Jalles Fontoura de Siqueira defendeu o voto em "um presidente que tem compromisso com a democracia". De acordo com ele, Bolsonaro não tem esse compromisso.
Ligado ao PSDB de Goiás, Siqueira é sócio da Otávio Lange, holding com participação na Jalles Machado, uma das maiores empresas do setor sucroalcooleiro da região Centro-Oeste.
Lula e Bolsonaro: apoio na economia
Mas não é só com o apoio de empresários e executivos que contam Lula e Bolsonaro para vencer o segundo turno. Uma série de economistas também já manifestaram o voto na reta final das eleições presidenciais. Confira:
Quem apoia Bolsonaro
- Carlos von Dollinger: ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
- Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Sistema Faesp): é uma das poucas entidades empresariais a manifestar explicitamente seu apoio a um candidato
- Luís Carlos Corrêa Camargo: presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag)
- Marcos Cintra: ex-secretário da Receita Federal no governo Bolsonaro
- Winston Ling: empresário que apresentou Bolsonaro ao ministro da Fazenda, Paulo Guedes
Quem apoia Lula
- André Lara Resende: um dos criadores do Plano Real
- Armínio Fraga: ex-presidente do Banco Central e sócio da Gavea Investimentos
- Claudio Considera: pesquisador do FGV Ibre
- Edmar Bacha: um dos criadores do Plano Real
- Elena Landau: a economista responsável pelo programa de governo de Simone Tebet
- Felipe Salto: secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo e ex-diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI)
- Michael França: pesquisador do Insper
- Monica de Bolle: pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIEE)
- Nelson Marconi: assessor econômico de Ciro Gomes (PDT) e professor da FGV.
- Octaviano Canuto: ex-diretor do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI)
- Pedro Malan: ex-ministro da Fazenda no governo FHC
- Pérsio Arida: um dos “pais” do Plano Real
- Sergio Firpo: coordenador do Centro de Ciência de Dados do Insper
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