A mensagem da ata do Fed que deu um gás nas bolsas em Nova York e fez o Nasdaq saltar mais de 1%
Apesar de agradar os investidores, o resumo da reunião de política monetária deste mês também mostra poucos sinais de desaceleração da inflação nos EUA e ressalta os riscos de apertos mais agressivos do juro

Tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. Com a ata do Federal Reserve (Fed) não é diferente. Só que dessa vez o mercado resolveu se ater ao que é positivo: a sinalização de aumentos menores do juro nos EUA.
O resumo da reunião de política monetária do início do mês, divulgado nesta quarta-feira (23), mostrou que os dirigentes do banco central norte-americano concordam que a elevação da taxa básica deve acontecer em menor grau daqui para frente.
Atualmente, o juro está na faixa de 3,75% a 4% ao ano — o maior patamar em 14 anos.
“Uma maioria substancial dos membros [do Fomc] julgou que uma desaceleração no ritmo de aumento [do juro] provavelmente seria apropriada em breve”, diz a ata.
O documento ressalta que um grau menor de aperto monetário daria aos dirigentes do Fed uma chance de avaliar o impacto da sucessão de aumento do juro.
A sinalização está em linha com as declarações feitas por vários membros do Fed nas últimas semanas e também com o que o mercado espera que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) faça — a grande aposta é de uma alta de 0,5 ponto percentual (pp) em dezembro, após quatro aumentos consecutivos de 0,75 pp.
Leia Também
O resultado não podia ser outro: Wall Street acelerou os ganhos assim que o documento foi revelado. O Nasdaq chegou a subir mais de 1%, enquanto o Dow Jones — que estava praticamente no zero a zero antes de a ata sair — acelerou os ganhos para perto de 0,45%.
O Fed assoprou, mas mordeu também
Apesar de insinuar que movimentos menores de aumento de juro estão por vir, a ata do Fed também mostrou poucos sinais de desaceleração da inflação.
Quase uma questão de honra, o presidente do Fed, Jerome Powell, já disse repetidas vezes que o foco é trazer a inflação para perto da meta de 2%.
A ferramenta primária de todo banco central para segurar a inflação é o aumento do juro. Só que alguns membros do Fomc expressaram na reunião de novembro preocupação com os riscos para o sistema financeiro caso o Fed continue avançando no mesmo ritmo agressivo de aperto monetário.
A ata observa que alguns membros do Fomc indicaram que “reduzir o ritmo de aperto monetário pode diminuir o risco de instabilidade no sistema financeiro”.
Mas não há unanimidade a esse respeito. Outra parte do comitê indicou que gostaria de esperar para diminuir o ritmo de alta de juro.
A cereja do bolo é que os dirigentes disseram que veem o equilíbrio dos riscos na economia norte-americana agora inclinado para o lado negativo.
No rastro das pistas
Os investidores estavam procurando pistas não apenas sobre como seria o próximo aumento do juro, mas também até onde o Fed terá que ir no ano que vem para conseguir um progresso satisfatório contra a inflação.
As apostas mostram que mais alguns aumentos da taxa básica devem acontecer em 2023, elevando o juro para cerca de 5%. Depois disso pode haver uma pausa para, quem sabe, algumas reduções da taxa antes do final do ano.
Tudo isso vai depender do comportamento da inflação. Em outubro, o índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 7,7% em relação ao ano anterior, a leitura mais baixa desde janeiro.
No entanto, uma medida que o Fed segue mais de perto, o núcleo do índice de preços para gastos pessoais (PCE), que exclui alimentos e energia, mostrou um aumento anual de 5,1% em setembro, alta de 0,2 ponto percentual em relação a agosto e a leitura mais alta desde março.
Esses dados foram divulgados após a reunião do Fed de novembro.
Vários dirigentes do Fed interpretaram esses números de forma positiva, mas precisarão ver mais antes de considerarem afrouxar o aperto monetário.
Trump vs. Pix: o que pode estar por trás da implicância dos Estados Unidos com o sistema de pagamentos brasileiro
Citação indireta em documento comercial reacende incômodo antigo com o veto ao WhatsApp Pay e pressões sobre o Banco Central
Um delivery para Trump com entrega do Brasil: como a Coca-Cola entrou no meio da guerra comercial nos EUA
Um dispositivo inusitado, uma predileção e um pedido para a fabricante de refrigerantes esbarra no tarifaço do republicano
Governo Lula reage com ironia a Trump e defende o Pix: “É nosso, my friend”
Brasil responde a investida dos EUA contra o sistema de pagamento instantâneo com postagem nas redes sociais, e manda recado direto à Casa Branca
Quem amarelou? Trump enche os cofres dos EUA com US$ 50 bilhões em tarifas
China e o Canadá são, até o momento, os únicos países que contra-atacaram os EUA, enquanto as tarifas norte-americanas já atingiram o maior nível desde 1930
Trump se explica sobre demissão de Powell do comando do Fed; bolsa reage de imediato
A imprensa internacional foi tomada por notícias de que a demissão de Powell era iminente após uma reunião a portas fechadas na terça-feira (15); o republicano se explicou hoje sobre a polêmica
Os US$ 100 bilhões de Trump: para onde vai a fortuna em investimentos anunciada pelo presidente dos EUA — e vem mais por aí
De olho na concorrência chinesa, o presidente norte-americano anuncia investimento bilionário e volta a defender eficácia das tarifas comerciais
Putin bate de frente com Trump, ignora ameaça de tarifa e diz que não recua da Ucrânia
Presidente russo endurece exigências, mantém a ofensiva militar e aposta em pressão até 2025; para o Kremlin, a paz só virá em termos próprios
Fabio Kanczuk vê chance de recessão nos EUA e aqui estão os três dados que o mercado está negligenciando com otimismo cego
Ex-diretor do Banco Central participou de conversa com jornalistas organizada pelo ASA para falar sobre impactos da macroeconomia no segundo semestre
Nem a Rússia escapou: Trump ameaça Putin com tarifas e a motivação não é o comércio
Presidente dos EUA endurece discurso contra Moscou, anuncia plano com a Otan e promete sanções severas se não houver acordo em 50 dias
Gasto de US$ 2,5 bilhões tira Trump do sério e coloca Powell na berlinda (de novo)
A atualização da sede do banco central norte-americano é a mais nova fonte de tensão com o governo norte-americano; entenda essa história
Trump Media e Rumble acionam Justiça dos EUA contra Alexandre de Moraes após nova decisão do magistrado
Empresas ligadas ao presidente americano intensificam ofensiva contra ministro do STF; governo brasileiro aciona AGU para acompanhar o caso
Dólar fraco e juros altos nos EUA — o cenário do Itaú BBA para 2025 tem a China fortalecida após tarifas
Retomada das tarifas de importação diminuiu o otimismo do mercado em relação a corte de juros nos EUA e colocou em dúvida — de novo — a preferência pelo dólar
Trump anuncia tarifas de 30% sobre importações da União Europeia e do México a partir de agosto; veja os motivos
Déficits comerciais não foram a única razão mencionada pelo presidente norte-americano, que enviou cartas às líderes da UE e do país latino-americano
Trump always chickens out: As previsões de um historiador da elite universitária dos EUA sobre efeitos de tarifas contra o Brasil
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o historiador norte-americano Jim Green, da Brown University, analisou a sobretaxa de 50% imposta ao Brasil por Donald Trump
Trump ataca novamente: EUA impõem mais tarifa — desta vez, de 35% sobre importações do Canadá
Em carta publicada na rede Truth Social, o presidente republicano acusa o país vizinho pela crise do fentanil nos Estados Unidos
A visão do gringo: Trump quer ajudar Bolsonaro com tarifas de 50% e tenta interferir nas decisões do STF
Jornais globais sinalizam cunho político do tarifaço do presidente norte-americano contra o Brasil, e destacam diferença no tratamento em relação a taxas para outros países
Fed caminha na direção de juros menores, mas ata mostra racha sobre o número de cortes em 2025
Mercado segue apostando majoritariamente no afrouxamento monetário a partir de setembro, embora a reunião do fim deste mês não esteja completamente descartada
Trump cumpre promessa e anuncia tarifas de 20% a 30% para mais seis países
As taxas passarão a vale a partir do dia 1º de agosto deste ano, conforme mostram as cartas publicadas por Trump no Truth Social
Trump cedeu: os bastidores do adiamento das tarifas dos EUA para 1 de agosto
Fontes contam o que foi preciso acontecer para que o presidente norte-americano voltasse a postergar a entrada dos impostos adicionais, que aconteceria nesta quarta-feira (9)
O Brasil vai encarar? Lula dá resposta direta à ameaça de tarifa de Trump; veja o que ele disse dessa vez
Durante a cúpula do Brics, o presidente brasileiro questionou a centralização do comércio em torno do dólar e da figura dos EUA