🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Ana Carolina Neira

Ana Carolina Neira

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.

fazendo as contas

A Cosan (CSAN3) deu um passo maior que a perna ao comprar a fatia na Vale (VALE3)? Entenda por que o mercado está receoso com a operação

Investidores digerem a compra ousada de 6,5% da Vale (VALE3) pela Cosan (CSAN3), ainda cercada de dúvidas

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
11 de outubro de 2022
6:40 - atualizado às 16:09
Cosan
Imagem: Shutterstock

Desde o fim da tarde de sexta-feira (7), os investidores buscam compreender melhor uma notícia que deixou o mercado bastante surpreso: a compra, pela Cosan (CSAN3), de uma fatia de 6,5% da Vale (VALE3). E, enquanto o mercado faz as contas a respeito da bilionária transação, a ordem parece ter sido a mesma — na dúvida, é melhor vender.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Afinal, se os planos da Cosan parecem ser grandiosos, eles também são bastante complexos: a estrutura de financiamento para a aquisição foge, em muito, do que se costuma ver nas operações do tipo. De acordo com gestores e analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, a pressão vendedora acontece principalmente por conta das dúvidas em relação ao negócio. 

Além do arcabouço financeiro em si, também há questionamentos sobre o nível de alavancagem que a Cosan assumirá nos próximos anos, sua estrutura de capital, a falta de experiência no setor de mineração e o racional estratégico dessa decisão tão ousada.

No mercado, o comentário é de que o anúncio feito ainda durante o pregão — algo atípico, uma vez que notícias assim tendem a influenciar o movimento dos papéis de maneira instantânea — foi feito pelo receio de que a compra da fatia na Vale vazasse, o que prejudicaria ainda mais as empresas.

Basta ver o comportamento das duas empresas na bolsa: ao fim da quinta-feira (6), antes de a transação ser revelada, as ações CSAN3 valiam R$ 18,24; no fechamento de sexta (7), elas estavam cotadas a R$ 16,65, recuando 8,72% — a maior queda do Ibovespa no dia. Nesta segunda, os papéis caíram mais 7,5%, a R$ 15,40, acumulando perdas de 15,5% em dois pregões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As ações VALE3 também tiveram impacto negativo, embora o efeito tenha sido bem mais contido: saíram de R$ 75,55 no fechamento de quinta para R$ 73,99 na segunda, uma baixa de 2% em duas sessões.

Leia Também

Cosan (CSAN3) monta posição na Vale (VALE3): como?

A operação para compra de 4,9% da Vale mistura aquisição de papéis VALE3 no mercado à vista e estrutura de derivativos. No futuro, caso tudo saia conforme o previsto, a participação da Cosan (CSAN3) na mineradora pode chegar a 6,5% em até cinco anos, o que resultaria em um investimento de R$ 22 bilhões — considerando o fechamento do pregão anterior ao anúncio.

Apenas a título de ilustração: em paralelo à megatransação, a Cosan também perdeu R$ 5 bilhões em valor de mercado, considerando a queda em suas ações.

Em relatório, o BTG Pactual aponta que o investimento é, de fato, ambicioso. Segundo o cálculo dos analistas, caso todo esse cenário se confirme, a Cosan teria dois terços de seu valor de mercado investido na Vale.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda na sexta-feira, a Cosan fez uma teleconferência com analistas para explicar o negócio. Durante a chamada, a companhia informou que financiará R$ 8 bilhões desse montante via empréstimos bancários com garantias. O restante será financiado por derivativos num prazo de cinco anos.

A transação foi dividida da seguinte maneira: num primeiro momento, a Cosan comprou 1,5% das ações da Vale. Além disso, realizou um empréstimo para adquirir outros 3,4% diretamente via um instrumento de compra e venda conhecido como "collar" — pares de opção de compra e venda de ativos. 

Por fim, realizou uma operação via derivativos para eventualmente garantir mais 1,6% das ações da mineradora por uma conversão, que poderão ter direito a voto no futuro.

Os executivos da Cosan ainda reforçaram que não haverá diluição de acionistas para que toda a operação seja paga, o que era uma das principais dúvidas do mercado. A mensagem principal foi de que o negócio visa justamente o contrário: gerar valor aos acionistas. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Cosan ainda aproveitou para defender a qualidade da Vale e sua consistência de resultados. Assim, ela se junta aos principais acionistas da mineradora: Previ (8,61% do capital), Capital World Investor (6,69%), BlackRock (6,33%) e Mitsui (5,99%).

Mas isso não foi o suficiente

Ainda que a Cosan (CSAN3) tenha tentado esclarecer tais pontos, isso não foi suficiente, como mostra o derretimento das suas ações. "O mercado não quis dar o benefício da dúvida e ainda vai levar um tempo para absorver todas as informações", diz Pedro Queiroz, especialista em renda variável da SVN Investimentos. 

Para ele, esse pode inclusive se tornar um bom ponto de entrada nos papéis, uma vez que o negócio não é necessariamente ruim, mas ainda carece de algumas explicações.

Outra leitura presente no mercado hoje é de que, conforme a Cosan amplia seu leque de atuação, ela pode ficar ainda descontada em relação ao valor de mercado de suas subsidiárias com capital aberto.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os analistas do BTG calculam que a empresa tenha um desconto de 22% nessa comparação, enquanto a média para outras holdings semelhantes é de 30% de desconto.

O portfólio da companhia já inclui atividades nos setores de crédito de carbono (a partir da Raízen (RAIZ4) e da Radar), óleo e gás (com Raízen e Comgás (CGAS5)), energias renováveis (também a Raízen) e commodities agrícolas (com a Rumo (RAIL3)).

Uma das maneiras de reduzir esse desconto no curto prazo é justamente fazer o IPO de outras subsidiárias, como a Compass e a Moove, que podem gerar alguns bilhões nos próximos anos.

Já o Credit Suisse, também em relatório, mantém uma postura cautelosa. Um dos pontos trazidos pelos analistas do banco é a dúvida sobre o nível de alavancagem da Cosan e como ela justifica esse uso, além da "falta de sinergia clara" entre as empresas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por fim, outra dúvida presente é o andamento de todo o negócio: a estrutura adotada permite que a Cosan saia do negócio nos próximos cinco anos, prazo para o término do investimento.

"Isso com certeza traz um grau de incerteza, afinal, ninguém tem ideia do que será a economia nos próximos cinco anos. Se lá na frente a Cosan entender que não foi um bom negócio, ela não é obrigada a ficar com os papéis e pode reduzir as demais estruturas que usa para o financiamento", explica um gestor, que prefere não ser identificado.

O BTG Pactual manteve a recomendação de compra para CSAN3, com preço-alvo de R$ 39 para os próximos 12 meses — potencial de alta de 153,2% de acordo com o último fechamento.

O Credit Suisse também tem recomendação de compra para a ação, com um preço-alvo mais modesto de R$ 23,00 — potencial de ganhos de 49,3%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Cosan (CSAN3): futuro nebuloso

Se, no presente, as dúvidas mais preocupantes são sobre o financiamento complexo adotado para pagar toda a operação, o futuro também traz uma porção de questões.

Uma delas está diretamente ligada aos dividendos pagos pela Cosan (CSAN3), afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus. Ela explica que os proventos recebidos pela Cosan das suas subsidiárias (Raízen, Compass, Rumo, Moove e Radar) passarão a ser usados para amortizar a dívida de R$ 22 bilhões contraída para pagar a aquisição de participação na Vale (VALE3). 

"Com isso, espera-se que Cosan diminua o pagamento de dividendos aos seus acionistas".

Um gestor de ações de uma asset em São Paulo que tem posição em Vale e preferiu não ser identificado trouxe o mesmo exemplo para explicar o movimento de venda visto na bolsa ontem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"No curto prazo teremos impactos negativos nos dividendos, seja de Raízen, seja de Compass [ambas subsidiárias da Cosan]. E isso, por consequência, se reflete nos dividendos da Cosan", diz.

Ele também acrescenta um ponto sobre o perfil de Rubens Ometto, fundador do conglomerado da Cosan. Segundo o gestor, o executivo dificilmente atua como minoritário em alguma empresa — o que deixa em aberto os seus planos futuros para a Vale.

"Ele não entra para 'receber ordem'. Sendo bem sincero, vendo o perfil do Ometto, acho difícil ele ficar quieto e aí acho que vamos começar a observar algum movimento, principalmente com os fundos de pensão."

Do ponto de vista estratégico, ainda há dúvidas sobre como a Cosan vai exercer influência na gestão de uma companhia do tamanho da Vale, especialmente com uma fatia tão pequena.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entre os pontos positivos citados por gestores ouvidos pelo Seu Dinheiro e que justificam uma visão mais otimista para a Cosan no longo prazo estão a posição estratégica da Vale nos temas ligados à transição energética, onde a mineradora deve apontar ganhos relevantes nos próximos anos.

A Cosan (CSAN3) e o setor de minério

Esse não é o primeiro movimento da Cosan (CSAN3) no setor de minério de ferro, o que traz à mesa uma eventual sinergia a ser destravada com a compra de participação na Vale (VALE3).

No fim do ano passado, o conglomerado anunciou um acordo com a chinesa CCCC para adquirir o TUP São Luís, empresa detentora de um terminal de uso privado localizado na capital maranhense.

O negócio ajuda a Cosan em seus planos de produzir minério de ferro a partir de uma joint venture, algo que deve acontecer a partir de 2025.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Impactos para a Vale (VALE3)

As ações da Vale sentiram um impacto mais limitado desde o anúncio do negócio, uma vez que a chegada da Cosan pode ajudá-la estrategicamente. Para o mercado, nunca seria ruim uma empresa referência e com histórico de resultados chegando ao Conselho.

Em relatório, o Itaú BBA aponta impactos leves no curto prazo, sem esperar mudanças significativas na estratégia da Vale após a compra de uma fatia dela pela Cosan.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSTABILIDADE

99 fora do ar? Usuários do aplicativo de caronas reclamam de instabilidade

15 de outubro de 2025 - 15:47

Usuários do 99 relatam dificuldades para utilizar aplicativo de caronas e banco

GIGANTE DOS ARES

Céu de brigadeiro: Embraer (EMBR3) conquistou Itaú BBA e BTG Pactual com novos pedidos bilionários

15 de outubro de 2025 - 14:45

Terceira maior fabricante de aviões do mundo, Embraer conquistou Itaú BBA e o BTG Pactual, que reiteraram a recomendação de compra para as ações (EMBR3; NYSE: ERJ)

POTENCIAL NO SETOR IMOBILIÁRIO

Cyrela (CYRE3) tem vendas aceleradas mesmo em momento de juros altos; veja por que ações podem subir até 35%, segundo o BB Investimentos

15 de outubro de 2025 - 14:02

A incorporadora, cujas ações estão em alta no ano, mais que dobrou o volume de lançamentos, o que fez o BB Investimentos elevar o preço-alvo para os papéis

MAIS VALOR AO ACIONISTA

Ação ficou barata? Por que Hapvida (HAPV3) vai recomprar até 20 milhões de ações na bolsa

15 de outubro de 2025 - 12:09

O conselho de administração da Hapvida aprovou a criação de um programa para aquisição de até 20 milhões de ações HAPV3

PARA SAIR DO BURACO

Governo Lula entra em campo para salvar os Correios e busca empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia da União

15 de outubro de 2025 - 11:07

Desde 2022, a estatal apresenta prejuízos, mas o resultado negativo vem piorando semestre a semestre

AQUISIÇÃO NUCLEAR

J&F, dos irmãos Batista, compra participação da Eletrobras (ELET3) na Eletronuclear por R$ 535 milhões e estreia no setor de energia nuclear

15 de outubro de 2025 - 10:44

O acordo também prevê que a holding dos Batista assumirá garantias e adotará as providências necessárias com os credores e parceiros da Eletronuclear

DEPOIS DO ESCÂNDALO

Reag oficialmente troca de mãos, e novo controlador revela planos. Agora, o que falta é uma OPA

15 de outubro de 2025 - 9:17

Com a operação, a holding Arandu Partners comprou cerca de 87,4% do capital total da Reag. Veja os próximos passos

RESPOSTA

BRB rebate acusações de negócios com Master “às margens do Banco Central”; confira os detalhes

14 de outubro de 2025 - 20:00

Segundo o documento, as operações realizadas pelo BRB seguem a dinâmica natural do mercado financeiro, “sempre com o objetivo de gerar eficiência, rentabilidade e crescimento”

TIJOLO POR TIJOLO

Moura Dubeux (MDNE3) ainda pode subir mais de 50%, na visão do Bradesco BBI; veja o novo-preço alvo da construtora nordestina

14 de outubro de 2025 - 18:55

Banco revisou estimativas após balanço do terceiro trimestre e destaca que companhia superou as expectativas

REBRANDING PRA QUÊ?

Streaming famoso vai mudar de nome e você vai ficar com cara de tacho quando souber qual é

14 de outubro de 2025 - 16:59

Menos “+”, mais confusão: a Apple rebatiza seu streaming para parecer simples, mas o nome agora vale por três

ADEUS À B3?

Gol (GOLL54): o que acontece com as 100 mil pessoas físicas que têm a ação com a proposta de fechar o capital?

14 de outubro de 2025 - 16:56

Com 99% das ações já nas mãos do Grupo Abra, a Gol quer encerrar o capital e comprar a fatia que ainda pertence aos minoritários; veja as condições

VENDE-SE

R$ 1 bilhão em jogo? Guararapes contrata BTG Pactual para ajudar na venda do shopping Midway Mall e ações sobem

14 de outubro de 2025 - 15:57

Shopping de Natal, no Rio Grande do Sul, teve Ebtida de R$26,9 milhões no trimestre passado

BONS VENTOS

Titãs de Wall Street superam previsão de lucro e receita, mercado gosta, mas ações caem; entenda os motivos

14 de outubro de 2025 - 13:56

Citigroup e Wells Fargo conseguem romper a maré de perdas em Nova York e papéis chegam a dispara mais de 7% nesta terça-feira (14)

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Banco Master tem conta de R$ 1 bilhão em CDBs até o fim do mês — e corre contra o tempo para conseguir pagar

14 de outubro de 2025 - 13:05

Vencimento se soma ao prazo de pagamento de linha de crédito concedida pelo FGC e torna venda do Will Bank urgente

QUAIS SÃO AS PREFERIDAS

XP inicia cobertura de 3 empresas do setor elétrico e que podem subir até 55%; veja quais

14 de outubro de 2025 - 11:40

No setor elétrico, a Neoenergia, que passa por um momento decisivo, tem preço-alvo de R$ 42,60, com potencial de valorização de 55%, segundo a XP

'INVESTIMENTO ESQUECIDO'

Ações, dividendos e Fundo 157: Vale (VALE3) emite alerta para um antigo golpe agora repaginado

14 de outubro de 2025 - 11:29

Vale (VALE3) alerta sobre golpe envolvendo dividendos, ações e o Fundo 157

NOVO CLIENTE NA CARTEIRA

Mais um interessado nos jatos da Embraer (EMBR3): TrueNoord fecha pedido firme de quase R$ 10 bilhões para aviões E195-E2

14 de outubro de 2025 - 10:41

O negócio contempla o pedido firme de 20 jatos E195-E2 e ainda garante direitos de compra para mais 30 aeronaves

NO ESCURO

Apagão nacional: o motivo por trás do blecaute que deixou milhões no escuro na madrugada

14 de outubro de 2025 - 10:15

Incêndio em subestação no Paraná teria provocado reação em cadeia no sistema elétrico, deixando parte do país sem luz por até uma hora

VOO DISTANTE

Gol (GOLL54) quer voar para longe da bolsa de valores: entenda a proposta que pode fechar o capital da aérea

14 de outubro de 2025 - 10:03

Plano da Gol abre caminho para o fechamento de capital e saída da B3, em meio à baixa liquidez das ações e às exigências da bolsa por reenquadramento

O ADEUS A BPAN4

Vem aí a tão esperada incorporação do Banco Pan: BTG Pactual propõe ficar com 100% do capital e ações BPAN4 disparam 26% na B3

14 de outubro de 2025 - 9:47

O banco de André Esteves pretende incorporar integralmente o Pan, transformando-o em uma subsidiária completa do grupo BTG. Entenda o que vem pela frente

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar