Onde investir em 2023: CDI vira refúgio para se proteger de Lula ‘messiânico’, diz Fábio Kanczuk, ex-diretor do BC
Para Kanczuk, a perspectiva de que o governo eleito será mais gastador terá efeito inflacionário que força Selic a ficar alta por mais tempo
A resposta para a pergunta “onde investir em 2023” passa obrigatoriamente por um nome: Luiz Inácio Lula da Silva. O petista assume o cargo no dia 1º de janeiro, mas os movimentos nas principais classes de ativos já reagem aos primeiros sinais do governo que se inicia.
Depois de uma rápida lua de mel nos mercados nos primeiros dias após as eleições, os ruídos provocados pelo ambiente de incerteza que costuma marcar um governo de transição deixaram os ânimos dos investidores à flor da pele.
Fábio Kanczuk, head de macroeconomia da ASA Investments, está no grupo dos que ficaram pessimistas com o novo governo. Para o ex-diretor de política econômica do Banco Central, o principal motivo para a revisão de cenário foi a intenção do novo governo de aumentar os gastos além do esperado, o que deve levar a uma deterioração fiscal em meio a uma economia em desaceleração.
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“Para a gente, foi uma mudança muito grande no que estávamos enxergando. Apareceu um Lula messiânico, que acha que sozinho consegue fazer as coisas acontecerem, que ele não precisa se curvar ao mercado, à responsabilidade fiscal”, disse Kanczuk, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Nesse contexto, o economista diz que a melhor forma de o investidor se proteger atende por três letras: CDI. Isso porque a perspectiva de que os juros se mantenham em patamares elevados deve tirar a atratividade tanto da bolsa como do dólar.
Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no primeiro semestre de 2023. Eis a lista completa:
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Ponto de virada
O otimismo inicial do mercado com o futuro governo Lula começou a entornar no dia 10 de novembro de 2022, de acordo com Kanczuk.
Naquela quinta-feira, o mercado tremeu após o discurso de Lula com críticas ao teto de gastos e a confirmação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, na equipe de transição do governo. Posteriormente, vale notar, Mantega teve de renunciar à função por ter sido condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), situação que o impede de assumir cargos públicos.
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Em meio a todo esse ruído, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles — o ministro da Fazenda “dos sonhos” da Faria Lima — disse num evento fechado do BTG Pactual que estava pessimista com a economia e desejou boa sorte aos investidores.
Naquele dia, que ficou conhecido como “Boa Sorte Day”, o Índice Bovespa caiu 3,35%, enquanto o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 4,14%.
Novo governo, novos gastos
A crise na relação entre Lula e o mercado só piorou após a apresentação da PEC da Transição, quando o governo eleito pediu uma licença para gastar quase R$ 200 bilhões fora do teto de gastos.
O argumento para o gasto bilionário é a necessidade de cumprir com as promessas de campanha de manter o Auxílio Brasil - que voltará a se chamar Bolsa Família - em R$ 600 e pagar mais R$ 150 por criança até 6 anos.
Mas, nas contas do ex-diretor do BC, cerca de R$ 80 bilhões seriam suficientes para Lula cumprir com as obrigações.
“Apertou demais no fiscal. Vai dar errado. A ambição dele [Lula] é completamente descabida”, criticou Kanczuk, que já prevê um aumento na carga tributária para o governo dar conta do aumento dos gastos.
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O ex-BC ressalta, porém, que sua visão pessimista não é um consenso entre os membros do mercado.
“A gente fala com um monte de economistas. Eles ainda estão achando que não é bom, mas que dá para ir tocando. Mas eu acho que não está numa situação que dá para tocar. Meu cenário é realmente pessimista, de apostar contra.”
Para onde vão os juros?
E como esse cenário barulhento se reflete nos investimentos? A resposta passa pelo futuro da taxa básica de juros (Selic). Isso porque o ruído fiscal deixou as expectativas para os juros embaralhadas.
Para parte dos economistas, a queda da Selic, antes prevista para o primeiro semestre, foi apenas adiada para a segunda metade de 2023.
Alguns gestores, no entanto, deixaram de acreditar num corte dos juros e passaram a enxergar possibilidade de alta na primeira metade do ano.
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Não é o caso de Kanczuk, mas ele vê a manutenção das taxas no patamar de 13,75% por um tempo estendido. Mas isso não significa que ele esteja otimista.
“Para mim, o BC não deve subir os juros, mas vai mudar o balanço de risco, que é o segundo componente da política monetária. O primeiro é prever a inflação”, afirmou.
Dessa forma, ele acredita que a melhor maneira de proteger os investimentos é ficar exposto ao CDI. Ou seja, em aplicações pós-fixadas, que acompanhem a variação da Selic. É o caso, por exemplo, do Tesouro Selic e de CDBs de bancos de primeira linha que paguem 100% do CDI.
Por mais que Kanczuk preveja a inflação surpreendendo para cima, o juro real — ou seja, a diferença entre a taxa de juros e a inflação — continuaria tornando mais vantajosos os títulos indexados ao CDI do que ao IPCA.
Dólar mais alto não vai proteger
E se o dólar sempre costuma marcar presença na lista de proteções, desta vez a história é um pouco diferente. De acordo com o ex-BC, devemos ver o real se depreciando ainda mais no ano que vem, o que levaria a moeda americana ao patamar de R$ 5,80.
Mas, em relação ao nível que a divisa se encontra, Kanczuk não vê vantagem em se expor à moeda americana devido ao custo de oportunidade representado pelo CDI.
Em outras palavras, ao comprar dólar, é preciso “deixar na mesa” um rendimento próximo a 13,75% garantido hoje pelas aplicações pós-fixadas.
“Comprar dólar seria uma péssima forma de expressar pessimismo. Quer expressar? Vende bolsa, mas não compra dólar”, afirmou.
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De qualquer forma, vale lembrar que um portfólio diversificado saudável costuma incluir uma parcela dos investimentos expostos à divisa americana. No Seu Dinheiro, levamos a sério o mantra “sempre tenha dólar na carteira”.
Seja como for, o contexto macroeconômico dos Estados Unidos não é dos mais convidativos para uma alocação maior na moeda norte-americana como oportunidade de investimento.
Isso porque o rumo dos juros por lá também é uma incógnita. O Federal Reserve tem enviado sinais mistos ao mercado a cada semana, ora indicando que só afrouxará a política monetária quando a inflação baixar, ora adotando um tom mais comedido para evitar uma recessão no país.
“Se nossos modelos estiverem corretos, a inflação nos EUA não volta para a meta. Ela deve ficar alta, em torno de 3,5%”, destacou Kanczuk. A meta de inflação do Fed, vale destacar, é de 2% no longo prazo.
Bolsa barata, hora de comprar ações? Não, obrigado
Se é verdade que os juros devem ficar altos por mais tempo no contexto global, os ativos de risco, como ações, tendem a ser penalizados. Nos últimos meses, foi comum ouvir gestores dizerem que a bolsa brasileira está barata e que agora é um bom momento para ir às compras.
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Mas a visão de Kanczuk vai justamente na direção oposta: a ASA Investments está vendida na bolsa brasileira. Ou seja, a perspectiva é de que os ativos listados se desvalorizem ainda mais.
Kanczuk é categórico: “se puder optar por sair da bolsa, saia”.
O conselho vale para as ações de forma geral. Mas, ainda assim, o ex-BC admite que as empresas que focam no mercado de baixa renda possam se beneficiar com o novo governo, caso Lula cumpra com a promessa de ampliar o programa de moradia popular Minha Casa Minha Vida.
O cenário para o investidor em 2023 não promete ser fácil, mas quem ficar atento às oportunidades poderá ter um resultado melhor do que o esperado. Confira ao longo desta semana o dossiê de cada classe de ativos para ficar de olho em 2023.
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