O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi assassinado durante um ato de campanha com vistas às eleições de domingo no Japão.
O atentado contra o ex-chefe de governo do Japão ocorreu na manhã desta sexta-feira (hora local) na cidade de Nara, no oeste do país.
Um homem de 41 anos foi detido pela polícia japonesa no local do crime. Ainda não há informações claras sobre a motivação do suspeito.
A morte do líder conservador foi confirmada à emissora pública de televisão NHK por um membro do alto escalão do Partido Liberal Democrata (PLD), ao qual Abe era filiado.
Assassinato de Shinzo Abe choca o Japão
O assassinato de Abe deixa em choque um país onde a violência armada é rara e a legislação referente à propriedade de armas de fogo é extremamente rigorosa.
De acordo com as informações disponíveis no momento, a polícia acredita que o suspeito atirou em Abe usando uma espingarda de fabricação caseira.
Segundo a Polícia Nacional do Japão, houve dez episódios de violência com arma de fogo ao longo de todo o ano de 2021 no país de 125 milhões de habitantes, com uma morte.
A repercussão política do assassinato ainda não está clara. No mercado de ações, a bolsa de valores de Tóquio devolveu os fortes ganhos iniciais e fechou em alta de 0,1%.
Shinzo Abe foi baleado na nuca
Shinzo Abe foi baleado na nuca. Dois estampidos foram ouvidos por testemunhas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento.
O ataque ao ex-primeiro-ministro ocorreu por volta das 11h30 (hora local), pouco depois de ele ter iniciado um discurso de campanha em uma estação ferroviária.
A emissora pública NHK, citando o corpo de bombeiros, informou que Abe sofreu uma parada cardiorrespiratória no local e foi levado imediatamente ao Hospital Universitário de Nara.
Horas depois, um membro do alto escalão do PLD confirmou a morte do político aos 67 anos de idade.
Eleição no Japão está marcada para domingo
Nobuo Kishi, ministro da Defesa e irmão caçula de Abe, qualificou o atentado como um “ataque à democracia”.
A eleição para a câmara alta do Parlamento do Japão, órgão equivalente ao Senado, está marcada para domingo.
Shinzo Abe não era candidato, mas fazia campanha em prol de aliados.
Shinzo Abe passou quase 9 anos no poder
Abe foi o primeiro-ministro que por mais tempo esteve no cargo na história do Japão.
Ele governou o país pela primeira vez entre 2006 e 2007.
Abe voltaria ao poder em 2012, permanecendo como primeiro-ministro até 2020, quando renunciou ao cargo por questões de saúde.
Somados os dois mandatos, Abe esteve à frente do governo japonês durante quase nove anos.
Estabilização política e Abenomics
Shinzo Abe deixou como legado a estabilização política e um programa econômico que ganhou até nome próprio.
A partir de 2012, quando iniciou seu segundo mandato como chefe de governo, Abe conseguiu pôr um freio à instabilidade política que prevaleceu no país durante a maior parte do pós-Segunda Guerra Mundial.
De 1945 em diante, poucos governantes do país asiático passaram mais de um ano no cargo. Shinzo Abe governou o Japão ininterruptamente de 2012 a 2020.
Já seu programa econômico, conhecido como Abenomics, consistia num tripé formado por flexibilização monetária, estímulos fiscais e reformas estruturais.
Das três frentes, apenas as reformas estruturais não saíram como o esperado, mas o Japão conseguiu estabilizar a dívida e fazer a economia crescer um pouco mais do que a média das décadas anteriores.
*Com informações da BBC, da CNN e da CNBC.