Copom corre risco de desfalques na próxima reunião sobre taxa Selic após Senado adiar sabatina de novos membros da diretoria do BC
A avaliação do mercado é de que a falta de dois dos participantes empobrece o debate a respeito do ritmo de calibração da taxa básica de juros brasileira

Com o novo adiamento pelo Senado da sabatina de dois nomes indicados à diretoria do Banco Central, o mercado vê risco de um Comitê de Política Monetária (Copom) "minguado" na reunião dos dias 15 e 16 de março, sem dois dos nove membros do colegiado.
O Copom é responsável por calibrar a taxa básica de juros (Selic) para o controle da inflação. A avaliação do mercado é de que a falta de dois dos participantes empobrece o debate, especialmente porque, se não houver sabatina no Senado a tempo, será a segunda reunião sem a "cabeça do Copom", a diretoria de Política Econômica.
O posto é uma das cadeiras vagas e é responsável por apresentar as recomendações sobre as diretrizes de política monetária e propor a meta para a taxa Selic. Isso ocorre em meio a uma inflação elevada e que custa a ceder, mesmo com a Selic em 10,75%.
Sabatina
A análise no Senado da indicação de Diogo Guillen para a diretoria de Política Econômica e de Renato Dias Gomes para a diretoria de Organização do Sistema Financeiro e Resolução estava marcada para a próxima terça-feira, 15. A nova data ainda será definida.
Foi a segunda vez que a sabatina dos diretores do BC foi adiada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A Casa tem sido um entrave para projetos de interesse do governo e a postergação da análise dos indicados ao BC é mais um obstáculo.
Ao justificar a decisão de adiamento, o presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), citou que há receio de falta de quórum, sem liderança do governo no Senado desde dezembro. "O governo está tendo dificuldade, com perda de credibilidade", disse.
Leia Também
Falta de participantes
Segundo o economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, o adiamento da sabatina em um contexto de mandatos fixos estabelecidos pela lei de autonomia do órgão "míngua" o comitê.
Isso é ainda mais preocupante diante da ausência da posição-chave no Copom, que é a diretoria de Política Econômica, onde é feito o trabalho técnico que embasa a decisão da Selic. "É mais preocupante, embora a Fernanda (Guardado) seja capaz", avalia Schwartsman.
Fernanda Guardado é diretora de Assuntos Econômicos e de Gestão de Riscos Corporativos, que também tem papel fundamental no debate de política monetária, e está acumulando a função da Diretoria de Política Econômica.
O sócio-fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, que também já fez parte do Copom, avalia que o adiamento da sabatina atrapalha o trabalho do Banco Central, especialmente em um momento tão importante como em uma decisão de política monetária. Mas pondera que não vê prejuízo do ponto de vista da decisão do Copom.
"Atrapalha bastante, o ideal é que o colegiado esteja completo. Mas, do ponto de vista da decisão, não. O BC tem uma coesão muito grande e análise muito profunda das decisões. E estamos no final do ciclo de aperto monetário. Não vejo como grande problema", diz Figueiredo, que espera que a Selic atinja 12,25% em maio.
A diretoria colegiada é formada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros oito diretores. Fabio Kanczuk, que era diretor de Política Econômica, deixou o órgão no fim de seu mandato, no dia 31 de dezembro. Já João Manoel Pinho de Mello, que estava à frente da diretoria de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, estendeu sua gestão até o Copom de fevereiro, deixando o BC na última quarta-feira.
Senado
O governo está sem liderança no Senado desde dezembro, quando o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) deixou o cargo após se sentir abandonado pelo governo quando foi derrotado na disputa para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).
O receio com a falta de quórum já havia sido dado como justificativa pelo senador Otto Alencar, presidente da CAE quando decidiu adiar a sabatina em dezembro.
- Os repórteres do Seu Dinheiro comentam toda semana sobre os temas que mexem com o seu bolso. Aperte o play e siga o nosso podcast:
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Economia verde: União Europeia quer atingir neutralidade climática até 2050; saiba como
O BCE vai investir cerca de 30 bilhões de euros por ano; União Europeia está implementado políticas para reduzir a emissão de carbono
A escalada continua: Inflação acelera, composição da alta dos preços piora e pressiona o Banco Central a subir ainda mais os juros
O IPCA subiu 0,67% em junho na comparação com maio e 11,89% no acumulado em 12 meses, ligeiramente abaixo da mediana das projeções
Focus está de volta! Com o fim da greve dos servidores, Banco Central retoma publicações — que estavam suspensas desde abril
O Boletim Focus volta a ser publicado na próxima segunda-feira (11); as atividades do Banco Central serão retomadas a partir de amanhã
Greve do BC termina na data marcada; paralisação durou 95 dias
Os servidores do Banco Central cruzaram os braços em abril e reivindicavam reajuste salarial e reestruturação da carreira — demandas que não foram atendidas a tempo
Vai ter cartinha: Banco Central admite o óbvio e avisa que a meta de inflação para 2022 está perdida
Com uma semana de atraso, Banco Central divulgou hoje uma versão ‘enxuta’ do Relatório Trimestral da Inflação
Greve do BC já tem data pra acabar: saiba quando a segunda mais longa greve de servidores da história do Brasil chegará ao fim — e por quê
A data final da greve dos servidores do BC leva em consideração a Lei de Responsabilidade Fiscal, sem previsão de acordo para a categoria
O fim da inflação está próximo? Ainda não, mas para Campos Neto o “pior momento já passou”
O presidente do BC afirmou que a política monetária do país é capaz de frear a inflação; para ele a maior parte do processo já foi feito
O Seu Dinheiro pergunta, Roberto Campos Neto responde: Banco Central está pronto para organizar o mercado de criptomoedas no Brasil
Roberto Campos Neto também falou sobre real digital, greve dos servidores do Banco Central e, claro, política monetária
O Banco Central adverte: a escalada da taxa Selic continua; confira os recados da última ata do Copom
Selic ainda vai subir mais antes de começar a cair, mas a alta do juro pelo Banco Central está próxima do pico
A renda fixa virou ‘máquina de fazer dinheiro fácil’? Enquanto Bitcoin (BTC) sangra e bolsa apanha, descubra 12 títulos para embolsar 1% ao mês sem estresse
O cenário de juros altos aumenta a tensão nos mercados de ativos de risco, mas faz a renda fixa brilhar e trazer bons retornos ao investidor
Sem avanços e no primeiro dia de Copom, servidores do BC mantêm greve
A greve já dura 74 dias, sem previsão de volta às atividades; o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deve comparecer à Câmara para esclarecer o impasse nas negociações com os servidores
Precisamos sobreviver a mais uma Super Quarta: entenda por que a recessão é quase uma certeza
Não espere moleza na Super Quarta pré-feriado; o mundo deve continuar a viver a tensão de uma realidade de mais inflação e juros mais altos
Greve do BC: Vai ter reunião do Copom? A resposta é sim — mesmo com as publicações atrasadas
A reunião do Copom acontece nos dias 14 e 15 de junho e os servidores apresentaram uma contraproposta de reajuste de 13,5% nos salários
Nada feito: sem proposta de reajuste em reunião com Campos Neto, servidores do BC seguem em greve
Mais uma vez, a reunião do Copom de junho se aproxima: o encontro está marcado para os dias 14 e 15 e ainda não se sabe em que grau a paralisação pode afetar a divulgação da decisão
Inflação no Brasil e nos EUA, atividade e juros na Europa; confira a agenda completa de indicadores econômicos da semana que vem
Nesta semana, o grande destaque no Brasil fica por conta do IPCA, o índice de inflação que serve de referência para a política monetária do BC