Por que a Gerdau acertou mais uma vez ao segurar aquele caminhão de dividendos que todos estavam esperando
Um ano depois, a Gerdau continua ensinando os analistas sobre a gestão disciplinada de recursos que diferencia as boas empresas do mercado

Nesta mesma época do ano passado, eu escrevi uma edição do Sextou indignado com os analistas que cobriam a Gerdau (GGBR4) na época.
Mesmo depois de apresentar resultados excelentes, as ações desabaram. O motivo, acredite, foi o fato de a gestão adotar o conservadorismo ao invés de tomar dívidas para alavancar os resultados de curto prazo da companhia.
Em vez de seguir as orientações contidas em livros teóricos de finanças, que favorecem o endividamento para aumentar o retorno dos acionistas, a gestão preferiu seguir o caminho mais seguro, e viu suas ações serem punidas naquele dia.
Cerca de um ano depois, com a Selic saltando de 2% para quase 14% ao ano, eu nem preciso dizer que o conservadorismo foi extremamente acertado, não é mesmo?
Tivesse a companhia adotado o caminho de um maior endividamento, boa parte do lucro operacional teria ido parar na mão dos bancos na forma de juros, e hoje as ações estariam em patamares bem mais depreciados.
Um a zero para a gestão da Gerdau sobre a teoria de finanças. Mas quem disse que o mercado aprendeu a lição?
Leia Também
Agora é a vez dos dividendos
Na teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2022, depois de resultados recordes mais uma vez, tivemos uma decepção parecida por parte dos analistas.
Desta vez, o assunto eram os dividendos. Com cerca de R$ 7 bilhões em caixa, uma alavancagem muito baixa e uma enorme geração de caixa, investidores e analistas estavam sonhando com uma grande distribuição de dividendos ainda neste ano.
O raciocínio era mais ou menos o seguinte: nos últimos seis anos, a meta da Gerdau tem sido reduzir o endividamento, que chegou a atingir mais de 10 vezes dívida líquida/Ebitda. O plano era chegar em uma dívida bruta de R$ 12 bilhões, exatamente o que aconteceu.
Sendo assim, na teoria, daqui para frente sobraria muito mais espaço para pagar dividendos, já que ela não precisaria mais usar tanto dinheiro para pagar dívidas.
Para você ter uma ideia do quanto isso poderia melhorar os dividendos, desde 2015 a Gerdau tem dedicado entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões do seu fluxo de caixa todos os anos para o pagamento de dívidas.
Com um fluxo de caixa operacional esperado de R$ 12,5 bilhões em 2022 (sendo conservador), Capex (investimentos) estimado pela própria companhia de R$ 4,5 bilhões e sem mais grandes pagamentos de dívidas pela frente, estamos falando de dividendos de mais de R$ 7 bilhões neste ano, algo próximo de 20% de dividend yield (retorno com dividendos).
Gerdau com os pés no chão
O anúncio de elevados dividendos é o que boa parte do mercado esperava nos resultados do 2T22, mas não foi o que aconteceu.
A gestão mais uma vez prezou pelo conservadorismo e decidiu manter o caixa em níveis elevados, no lugar de distribuí-lo na forma de dividendos – por enquanto.
Desta vez, o que preocupa não é o aumento da Selic, mas uma possível desaceleração das atividades nos Estados Unidos e na China nos próximos meses.
O mercado claramente discordou da estratégia, já que as ações caíram mais de 4% no dia da divulgação. No entanto, mais uma vez a decisão parece ter sido acertada, porque nas últimas semanas a China tem divulgado diversos números preocupantes relacionados à sua atividade econômica.
Como o país é o maior consumidor de aço e minério de ferro do mundo, isso tem provocado importantes reajustes para baixo no preço desses materiais.
Pode parecer exagero neste momento, mas o caixa que hoje parece desnecessário pode se tornar imprescindível caso as coisas continuem a piorar no país asiático. Por outro lado, se as coisas voltarem a melhorar, nada impede que os dividendos voltem a crescer mais à frente.
Já falei sobre isso naquela coluna de um ano atrás e repito nesta edição: essa posição conservadora e o foco no longo prazo é o que diferencia as companhias que sobrevivem daquelas que cometem loucuras para agradar acionistas e analistas no curto prazo e acabam ficando pelo caminho.
Por 3 vezes lucros e 2 vezes EV/Ebitda, a Gerdau negocia com múltiplos extremamente descontados e que já embutem uma expectativa de piora relevante da atividade na China.
Por outro lado, se o cenário não piorar tanto assim, os múltiplos poderão voltar a patamares mais condizentes com a qualidade da empresa e ela ainda poderá distribuir aquele caminhão de dividendos que todos estão esperando.
Essa combinação deixa o cenário bastante assimétrico em nossa visão, e por isso continuamos com Gerdau na série Vacas Leiteiras.
Se quiser conferir os outros ativos que compõem a carteira, que já sobe 16% no ano, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
3R (RRRP3) e Gerdau (GOAU4) estão entre as ações preferidas dos analistas na B3; saiba quais outros papéis podem decolar
Bolsa negocia próxima a 8 vezes lucros projetados, portanto há oportunidades de entrada em companhias de qualidade descontadas para buscar ganhos no médio e longo prazo
Gerdau (GGBR4) tem lucro recorde no 4T21 e anuncia investimentos e dividendos
Lucro da Gerdau atinge R$ 13,879 bilhões em 2021, sendo R$ 3,5 bilhões nos últimos três meses do ano. Acionistas receberão 37,3% do resultado em dividendos
As 10 ações mais indicadas por 15 corretoras para investir em janeiro e começar o ano com o pé direito na bolsa
Os analistas voltam a apostar em uma velha conhecida como a melhor escolha para fortalecer a carteira dos investidores em um momento indigesto para os ativos de risco
As ações que podem pagar bons dividendos em 2022
Levantamento da Economatica também traz os segmentos da bolsa que devem se destacar no pagamento de proventos. Energia Elétrica aparece com cinco ações
Com Vale (VALE3) de volta ao topo, confira as ações mais indicadas para lucrar na reta final de 2021
Com apenas uma indicação no mês passado, o gás da mineradora dava indícios de estar acabando, mas em dezembro a Vale mostrou que ainda tem muito combustível para gastar
Commodities brilham e Gerdau (GGBR4), Braskem (BRKM5) e PetroRio (PRIO3) puxam recuperação do Ibovespa
Enquanto o Ibovespa sobe mais de 1%, o bom desempenho das empresas ligadas ao setor de commodities puxam a recuperação do índice
Itaú BBA vê Gerdau (GGBR4) como ação defensiva, mas a siderúrgica que pode subir mais de 50% é outra; confira as apostas do banco
A queda de mais de 39% das ações da Usiminas abriu um bom ponto de entrada, segundo os analistas do Itaú BBA
Surpresas e oportunidades: um balanço desta temporada de resultados
Com receita e lucro em queda, números gerais das empresas listadas no Ibovespa ficaram abaixo das expectativas do mercado, mas alguns setores se destacaram
A Gerdau (GGBR4) teve um trimestre mais forte que o das rivais. Mas CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) também estão sólidas
A Gerdau (GGBR4) mostrou que ainda vive um momento operacional firme; CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), no entanto, seguem com folga no balanço
Um pacote histórico: como ganhar dinheiro com o projeto de Biden para modernizar a infraestrutura dos EUA
Com a aprovação do pacote, as commodities de mercados emergentes, principalmente em meio à crise energética global, são ganhadoras bastante claras
Itaú (ITUB4) é a ação mais indicada para novembro; conheça outras apostas das corretoras para o mês
As ações dos bancos ficaram para escanteio, diante do temor dos investidores do estrago potencial com a entrada das novas empresas de tecnologia no setor financeiro, mas vêm sendo redescobertas pelo mercado
Gerdau (GGBR4) anuncia R$ 2,7 bilhões em dividendos e JCP, e ainda dá tempo de garantir o dinheiro na conta
O pagamento dos proventos, que também inclui os acionistas da Metalúrgica Gerdau, tomará como base a posição acionária em 5 de novembro
Gerdau, Klabin e RaiaDrogasil: Marcas com mais de cem anos fazem aposta na inovação
Seis casos analisados abaixo pela reportagem mostram que, se há uma receita para a longevidade, uma delas é a disposição em mudar e em se adaptar às novas realidades de mercado
Com Itaú e um ativo internacional no pódio, confira as ações mais indicadas pelas corretoras em outubro
A segunda colocada deste mês roubou os holofotes da campeã ao marcar a primeira aparição de um ativo internacional no pódio
Dividendos e JPC: Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Gerdau (GGBR4) pagam proventos
Metalúrgica Gerdau paga R$ 86,478 milhões em dividendos, ou R$ 0,08 por ação, além de juros sobre capital próprio; veja condições
Petrobras (PETR4) e Gerdau (GGBR4) assinam contrato para fornecimento de gás no mercado
Esta é a primeira migração contratual de um cliente da estatal do mercado cativo para o ambiente da livre comercialização
Gerdau avalia antecipar dividendos de 2021 após aprovação da reforma do IR
Além de antecipar dividendos, Gerdau considera anunciar um programa de recompra de ações nos próximos meses, segundo informações da Reuters
Siderúrgicas esfriando: Itaú BBA corta recomendação para Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3); só Gerdau (GGBR4) segue como compra
O Itaú BBA está mais cauteloso com CSN (CSNA3) e Usiminas PNA (USIM5), dadas as perspectivas para o setor; Gerdau PN (GGBR4) é a top pick
O que uma teleconferência da Gerdau ensina sobre empresas que tomam dívida para turbinar o resultado
Muitos analistas questionaram se não seria o momento de a Gerdau realizar mais empréstimos para aumentar a rentabilidade. Será mesmo?
Dia de correção: minério de ferro cai forte e derruba ações da Vale e siderúrgicas
As ações da Vale, Gerdau, Usiminas e CSN estão entre as maiores baixas do Ibovespa hoje, influenciadas pela cotação do minério de ferro