Logística segue em alta e oferece uma oportunidade de entrada em um FII com portfólio premium
Mesmo com a boa recuperação no ano, temos diversos FIIs logísticos negociando abaixo ou em linha com o valor patrimonial, mesmo em portfólios de alta qualidade
Em um cenário repleto de incertezas, um setor que não decepcionou no mercado de fundos imobiliários (FII) em 2022 é o logístico.
Entre os segmentos do Ifix, a cesta de fundos imobiliários de galpões logísticos sobe aproximadamente 8% no ano, com crescimento real dos dividendos.
Esse movimento não é à toa. Até 2021, o principal catalisador para o crescimento do setor foi a ascensão do e-commerce.
A partir deste ano, notamos uma desaceleração contundente da categoria (vide performance das ações do setor). Mesmo assim, a demanda pela locação de galpões segue em patamar elevado.
A absorção líquida, por exemplo, métrica que calcula a diferença entre áreas locadas e devolvidas, caminha para o maior valor nos últimos dez anos.
Uma das justificativas para este movimento é a urgência por maior infraestrutura logística no país. Mesmo empresas descorrelacionadas ao varejo tradicional estão procurando novos imóveis em busca de qualidade e economia de custos.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
O aumento de operadores logísticos também é notável. E, por fim, também temos o próprio e-commerce, que avançou muito na Região Sudeste e agora procura estruturar sua operação em outras praças, especialmente no Nordeste.
Estoque em alta
Com isso, o estoque de metros quadrados tem crescido sequencialmente nos últimos trimestres, mesmo com limitações na estrutura de capital das empresas em função da elevação do custo de crédito.
De modo geral, o setor logístico vive um momento de expansão, com o aumento da atividade construtiva no país e a procura por galpões bem localizados e de alta qualidade (flight to quality), o que contribuiu para o aumento do preço médio do aluguel nos últimos trimestres.
Nos últimos 12 meses, o preço médio pedido no Brasil saltou 13,9%, acima da inflação (IPCA e INCC) do período. Aliado a isso, temos a taxa de vacância permanecendo em nível controlado, na casa de um dígito apenas.
Em algumas praças específicas, como Minas Gerais, Santa Catarina e Centro-Oeste, a vacância se encontra abaixo de 3%, de acordo com a Buildings.
De acordo com nossas conversas com players do setor, especialmente gestores de fundos imobiliários (FII), esse movimento tende a prosseguir no curto prazo. Especialmente quando tratamos da elevação dos aluguéis — fator que pode ser interessante para o investidor que busca renda…
De olho na oferta
Diante do contexto favorável para locações, um dos pontos de atenção se concentra na perspectiva de crescimento do estoque para os próximos anos.
Até 2024, a estimativa é de um incremento de aproximadamente 13,5% no estoque atual de galpões logísticos, sendo quase 60% no estado de São Paulo.
Até aqui, a demanda tem sustentado o mercado, mas um desempenho econômico abaixo do esperado pode decepcionar o incorporador.
Por mais que não seja um montante extraordinário, será necessário analisar com cautela a performance do segmento daqui para frente. Estamos em um ponto adiantado do ciclo e não seria surpresa observar um aumento de vacância nos próximos trimestres.
Ativos mais distantes de capitais tendem a sofrer neste cenário, com pouco espaço para valorização real dos aluguéis. Por outro lado, imóveis de qualidade, bem posicionados e com bons inquilinos tornam-se opções favoráveis na relação risco vs retorno.
FIIs de logística ainda oferecem descontos
Mesmo com a boa recuperação no ano, temos diversos FIIs logísticos negociando abaixo ou em linha com o valor patrimonial. E isso mesmo em portfólios de alta qualidade e bem-posicionados.
Muitos deles já apresentaram crescimento de proventos significativo neste ano, mas ainda possuem reajustes ou revisionais importantes em suas carteiras ou estão protegidos por contratos atípicos de longo prazo.
Lembrando que, dado que grande parcela dos portfólios foi adquirida entre 2019 e 2020, estamos tratando de galpões relativamente novos, com nível de qualidade acima da média.
Deste modo, seguimos confiantes em fundos com portfólios premium e com um maior foco em operações last mile.
BTLG11: uma das referências do setor
O BTG Pactual Logística (BTLG11), como o próprio nome já diz, atua no segmento logístico e é gerido pelo BTG Pactual. Iniciando suas operações em agosto de 2010 (quando era denominado como TRXL11), o fundo tem como objetivo obter renda e ganho de capital através de empreendimentos do segmento.
O fundo é um dos destaques da indústria desde que o BTG assumiu a gestão, em 2019. Com foco no crescimento da indústria, o fundo realizou diversos investimentos em imóveis logísticos e alienou ativos dissonantes à estratégia.
Atualmente, o portfólio do BTLG11 é composto por 20 imóveis (e está prestes a aumentar). Os ativos estão distribuídos entre sete Estados, com uma ABL total de quase 600 mil metros quadrados.
Nesta última quarta-feira (9), conversei com a equipe de gestão do fundo, capitaneada pelo diretor Rui Ruivo. Abordamos todo o contexto operacional do ativo, bem como suas avenidas de crescimento. O conteúdo pode ser visualizado no vídeo abaixo.
Os três gatilhos para o FII
Diante de todo o contexto de mercado e a qualidade da gestão, identifiquei alguns gatilhos envolvendo a tese de investimento no fundo, os quais podem impulsionar sua cotação ao longo dos próximos meses:
- Elevação do aluguel dos imóveis: diante da forte qualidade dos galpões e o bom momento da indústria, entendemos que há espaço para a gestão elevar o FFO (fluxo de caixa das operações) do BTLG11 a partir dos reajustes contratuais de sua carteira.
Esses aumentos podem ser acompanhados de expansões de ABL, tal como nos ativos BTLG Santana de Parnaíba e Westrock Araçatuba, informadas no último relatório gerencial. No total, as operações exigem um investimento de R$ 37 milhões por parte do fundo, remunerados por um cap rate médio de 10% ao ano em contratos de longo prazo.
- No curto prazo, teremos a incorporação do Bluecap Logística (BLCP11), portfólio de dois imóveis logísticos localizados em Minas Gerais e São Paulo. Por mais que uma parcela da carteira ofereça desafios – um dos ativos está localizado em Cabreúva (SP), região com menor demanda –, o BTLG11 está adquirindo os ativos com desconto em relação ao valor patrimonial. Deste modo, a própria cota patrimonial do BTG Logística deve subir nos próximos meses, o que pode ter reflexos na própria cota de mercado;
- Gestão ativa: conforme política de investimento do FII, é possível que tenhamos novas alienações com ganho de capital no curto / médio prazo, a depender das condições de mercado. A própria incorporação dos ativos do VVPR11, mais alinhados ao segmento de renda urbana, está mais alinhada com essa estratégia de giro da carteira.
Inclusive, recentemente o fundo informou a assinatura da carta de intenção de venda da sua fração do ativo BTG Log SBC para um investidor estrangeiro. O negócio deve acontecer mediante permuta de fração do imóvel e pagamento em moeda corrente. Demais informações serão divulgadas pela gestora no futuro.
Potencial de ganho com o FII BTGL11
Em geral, o BTLG11 é um dos meus veículos favoritos para a categoria, diante de todo o contexto citado e da forte geração de renda. Em nossa visão, o portfólio atual oferece qualidade e diversificação suficiente para proporcionar vantagens ao FII neste momento, mesmo que negocie com certo prêmio sobre valor patrimonial.
Desconsiderando as opcionalidades acima, nosso modelo registra um potencial de ganho de capital na casa de 9,75% para o BTLG11, aliado a um dividend yield real de 9% para os próximos 12 meses.
Vale citar que, além dos riscos setoriais citados acima, existem fatores de atenção na tese, tal como um possível aumento marginal de vacância e a liquidez – existe um cotista relevante na base do FII neste momento, que pode proporcionar maior volatilidade no curto prazo.
Ainda que exija maior atenção no curtíssimo prazo, o investimento no BTLG11 me parece uma boa opção para quem procura qualidade, boa gestão e renda acima da inflação.
Até a próxima,
Caio Araujo
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano