? [NO AR] TOUROS E UROS: ENTENDA O EFEITO DO IOF NA CAPTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA – ASSISTA AGORA

Em busca de sentido nos investimentos: O ‘buy and hold’ de Warren Buffett estava errado?

Na visão do Oráculo de Omaha, você compra vendo um preço mais baixo do que o valor intrínseco estimado. Mas isso não significa ficar alheio (ou apático) aos acontecimentos

18 de julho de 2022
12:06 - atualizado às 13:14
O bilionário Warren Buffett, dono do conglomerado de investimentos Berkshire Hathaway (BERK34)
NÃO USAR - O bilionário Warren Buffett - Imagem: CNBC/Getty Images

"Por certo tempo, estive deitado num barracão em que estavam aquartelados os que sofriam de tifo exantemático, em meio a pacientes com febre alta e em pleno delírio, muitos deles às portas da morte. Mais um acaba de morrer. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Que acontece pela enésima vez, sim, enésima vez, sem despertar um mínimo de reação ou sentimento? 

Fico observando como um companheiro depois do outro se aproxima do cadáver ainda quente; um lhe surrupia o resto de batatas encardidas do almoço; outro verifica que os sapatos de madeira do cadáver ainda estão um pouco melhores que os seus próprios; um terceiro tira o manto do morto; outro, afinal, ainda fica contente por surrupiar um barbante — imagine. 

Do choque à apatia

Fico olhando, apático. Finalmente, dou-me um empurrão e me animo a convencer o enfermeiro a levar o corpo para fora do barracão (um galpão de chão batido).

Quando ele resolve fazê-lo, pega o cadáver pelas pernas, fá-lo rodar em direção ao estreito corredor entre as duas fileiras de tábuas à esquerda e à direita, sobre as quais estão deitados os cinquenta enfermos acometidos da febre, para então arrastá-lo pelo chão acidentado até chegar à porta do barracão. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dali sobe dois degraus para fora, em direção ao ar livre (…). Com muito esforço ele se alça primeiro, e depois o morto. (…)

Leia Também

A insensibilidade 

O meu lugar fica em frente à porta, do outro lado da barraca, próximo da única janelinha, um pouco acima do solo. Minhas mãos geladas se aconchegam à vasilha quente da sopa. Enquanto sorvo seu conteúdo sofregamente, por acaso dou uma espiada para fora da janela. 

Lá está o cadáver recém-tirado do barracão, a fitar as janelas de olhos esbugalhados. Há apenas duas horas eu estava conversando com esse companheiro. Continuo tomando a sopa. 

Se eu não tivesse ficado espantado com a minha própria insensibilidade, de certa forma por curiosidade profissional, esta experiência nem se teria fixado em minha memória, de tão pouco sentimento que o fato todo me despertou.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em busca de sentido

Peço desculpas pelo longo trecho. É Vitor Frankl, no clássico “Em busca de sentido”, descrevendo os terrores de sua passagem por campos de concentração, mais precisamente o momento em que o prisioneiro sai do estágio inicial do choque da chegada à apatia, em que a pessoa vai morrendo interiormente. 

Depois de experimentar sensações de extrema tortura (física e psicológica), o prisioneiro desenvolve um mecanismo de autoproteção da psique, em que se reduz a percepção da realidade para focar-se exclusivamente na sobrevivência. 

“O nojo, o horror, o compadecimento, a revolta, tudo isso nosso observador já não pode sentir nesse momento. Padecentes, moribundos ou mortos constituem uma cena tão corriqueira, depois de algumas semanas num campo de concentração, que não conseguem sensibilizá-lo mais.”

Um refúgio

Apesar de descrever com sensibilidade e, quase mesmo, poesia os horrores de um campo de concentração (nada me parece tão trágico quanto essa experiência), Frankl consegue encontrar um refúgio em si mesmo, capaz de nutri-lo com algum otimismo. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como se a felicidade ou, sei lá, a capacidade de enfrentar a vida de forma altiva estivesse sempre dentro da gente. 

Entre o espaço de tempo, ainda que infinitesimal, de um impulso externo e a nossa reação, ainda houve como oferecer ao mundo (e, quem sabe, a nós mesmos) algo mais arejado, auspicioso, encantado até.

O relatório do JP Morgan e os invstidores

Eu me peguei capturado por esse trecho enquanto lia pertinente relatório do JP Morgan da semana passada. 

(Esclarecimento necessário: não pretendo conferir qualquer paralelismo ou comparação entre as coisas; nada se assemelha aos horrores do holocausto. Tenho o mais absoluto respeito pela História. Aqui me refiro exclusivamente ao estágio psicológico da apatia, que pode nos atropelar depois de semanas, meses ou anos de tortura física, mental ou financeira. Volto ao contexto.)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Trecho do documento dizia, em tradução livre, algo mais ou menos assim: 

“Os investidores se mantêm atônitos, como se fosse tarde demais para vender ou hedgear suas posições; e cedo demais para comprar.”

A apatia dos investidores 

O mercado parece também tomado pela apatia, como se assistisse perplexo, de um lado, às preocupações sobre inflação e recessão, e, de outro, à atratividade de certos valuations

O investidor médio parece se esquecer que gestão de recursos se faz diariamente, reagindo às informações marginais e ao comportamento do preço dos ativos de maneira dinâmica. Como dizia o filósofo Ramiro, “Bolsa tem todo dia.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A filosofia “buy and hold” de Buffett

Até mesmo a filosofia do “buy and hold” empresta uma expressão com potencial para render interpretações equivocadas. "Comprar e segurar” não significa “comprar e esquecer”. 

A ideia da cartilha buffettiana é adquirir um ativo hoje por um preço inferior ao seu valor justo, calculado com a devida margem de segurança, esperando uma convergência entre as coisas. 

Num primeiro momento, imagina-se que essa convergência vai levar um certo tempo; por isso, a ideia é que se compre algo com a intenção de segurar até que o mercado todo perceba o valor intrínseco e ocorra uma atração das cotações por magnetismo a essa entidade intangível. 

Agora, isso não significa uma espécie de casamento católico em que não há separação. Você casa, acha que as coisas vão durar para sempre, maaaas…. nem sempre é assim. Em muitas situações, o divórcio parece uma decisão superior.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As coisas mudam. E aí? 

O investimento, também sob a ótica buffettiana, vai pelo mesmo caminho. Você compra vendo um preço mais baixo do que o valor intrínseco estimado. 

Isso não significa abandonar qualquer tipo de acompanhamento e/ou ficar alheio (ou apático) aos acontecimentos. 

Ao contrário, mesmo no “buy and hold”, se você compra algo hoje, amanhã mesmo, ainda que tenha comprado para longo prazo, você vai reavaliar sua posição, tanto o preço quanto o valor intrínseco, porque essas coisas não são estáticas e imutáveis. 

A velha ideia: “se as coisas mudam, eu mudo de ideia, e você?”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda que as mazelas externas possam tentar nos empurrar para uma postura mais apática e de desinteresse perante nossos investimentos, precisamos rejeitá-la, encontrando, dentro de nós mesmos, alguma capacidade para continuar reagindo de forma dinâmica, ainda que seja o mero instinto de sobrevivência.

Três prescrições diante dessa ideia:

01. Proteção de posições 

Se o cenário é ruim ou os preços não são convidativos, ainda que um movimento de baixa já tenha começado, pode não ser tarde para proteger determinadas posições. 

Os tais “bear market rallies” são comuns e extensos dentro de tendências de baixa mais pronunciadas. 

Ainda existem ações caras nos universos de “growth” (crescimento) e tecnologia, por mais incrível que pareça. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Lembre-se de que a média recente de múltiplos contempla um ambiente de excessiva liquidez, juros extraordinariamente baixos e complacência com riscos. Talvez a comparação com esse período leve a conclusões precipitadas.

02. A inação também é uma decisão

Depois da análise atualizada e dinâmica do cenário, você pode optar por não fazer nada novo. A ânsia por uma atitude nova muitas vezes amplifica decisões ruins. 

No Brasil, você é muito bem pago para esperar — 14% ao ano com liquidez diária e sem risco de crédito ou um juro real ex-ante de 8,5% são alternativas bastante convidativas.

 Não confundir essa espera deliberada no CDI com apatia; ter caixa serve inclusive como uma postura altiva para aproveitar eventuais novas oportunidades que venham a surgir no caminho.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

03. Barganhas na bolsa brasileira

Já há boas barganhas na Bolsa brasileira, sobretudo em ações com múltiplos baixos, vantagens competitivas claras e longo histórico de crescimento dos lucros por ação. 

De maneira diversificada, com disciplina e paciência, o dinheiro novo pode ser alocado dinamicamente nesses ativos, com foco no longo prazo. 

Sempre que estivemos nesses níveis de valuation capturamos bons lucros de maneira subsequente (pensando em intervalos de anos).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar