Com mais de dois anos de pandemia da covid-19, o avanço das vacinas e a queda brusca no número de internações e mortes, o coronavírus deixou de ser a principal estrela dos cadernos de economia. A situação, no entanto, tem mudado um pouco desde o fim de março e pesa na bolsa brasileira.
O crescimento do número de casos nas grandes cidades chinesas, aliado à política de “covid zero” adotada pelo governo, tem feito os economistas voltarem a ficar receosos com os impactos que a paralisação da segunda maior economia do mundo pode trazer.
Enquanto portos e importantes polos de produção de aço interrompem suas operações, crescem as pressões inflacionárias que levam os bancos centrais em todo o mundo a elevarem suas taxas de juros.
Como grande mercado consumidor, a situação do gigante asiático pressiona para baixo o preço das commodities, mas a restrição de mobilidade na China e a aparente dificuldade do governo chinês em controlar a situação não são os únicos fatores que podem levar a economia global a uma desaceleração.
A guerra na Ucrânia se intensifica, com novos alvos sendo abordados pelo exército de Vladimir Putin. Com isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a perspectiva de avanço da economia global – o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve crescer apenas 3,6% em 2022, ante projeção de 4,4% divulgada anteriormente.
A Vale (VALE3) se mostrou sensível ao noticiário, já que a cotação do minério de ferro tem uma correlação alta com o desempenho da economia chinesa, registrando forte queda na sessão desta terça-feira. A companhia é a empresa com o maior peso do Ibovespa.
As ações da Petrobras (PETR4) foram na contramão do petróleo e evitaram um resultado pior, mas o Ibovespa recuou 0,55%, aos 115.056 pontos. O dólar à vista subiu 0,43%, a R$ 4,6682.
Nos Estados Unidos, os investidores começaram o dia receosos, mas a temporada de balanços ganhou espaço e permitiu que os índices se recuperassem, puxados pelas empresas de tecnologia e o setor aéreo. O Nasdaq avançou 2,15%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones tiveram alta de 1,61% e 1,48%, respectivamente.
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E o Fed, hein?
Ontem, James Bullard, presidente do Federal Reserve de St. Louis, afirmou que uma alta de 75 pontos-base pode ser adotada ao longo de 2022, preocupando ainda mais os mercados internacionais.
A declaração continuou sendo repercutida hoje. Além disso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia ampliou sua ofensiva militar para controlar o leste do país, próximo da região separatista de Donbass. Duas notícias nada positivas para os negócios, já que a inflação deve seguir sendo uma preocupação.
A curva de juros brasileira, no entanto, perdeu força ao longo do dia e devolveu boa parte da alta vista na sessão de ontem. Mesmo assim o Ibovespa não acompanhou. Depois de passar a sessão em torno da estabilidade, os vencimentos mais curtos cederam com mais força durante a etapa estendida de negociação. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,03% | 13,07% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 12,03% | 12,09% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,82% | 11,85% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,78% | 11,80% |
Um mês ruim para a Vale
A ampliação dos lockdowns em importantes regiões produtoras de aço na China e a tendência de desaceleração econômica da segunda maior potência global é um sinal de que as coisas podem piorar para a Vale (VALE3).
As restrições no gigante asiático começaram a se intensificar no final do mês passado e ajudam a explicar a queda de mais de 8% dos papéis da mineradora brasileira em abril. No ano, a companhia segue com uma alta superior ao Ibovespa – 16,57%.
Para Rafael Passos, sócio da Ajax Investimentos, a empresa está em um patamar atrativo de entrada, principalmente quando se olha para indicadores como fluxo de caixa, pagamento de dividendos e Ebitda, abaixo de sua média histórica e abaixo dos seus pares.
No curto prazo, no entanto, a companhia deve seguir derrapando. Tudo vai depender de o governo chinês conseguir controlar o novo surto de covid-19 que atingiu o país e se as medidas restritivas continuarão atingindo portos e siderúrgicas importantes. Enquanto a situação perdurar, a grade exposição da bolsa brasileira ao mercado de commodities deve ser sentida.
Sobe e desce do Ibovespa
O varejo brasileiro foi o grande destaque do dia na bolsa brasileira. Com os juros futuros operando de forma mais cautelosa e desacelerando no fim da sessão, as empresas do setor ganharam fôlego para recuperar parte do terreno perdido nos últimos dias. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 18,78 | 8,81% |
SOMA3 | Grupo Soma | R$ 14,51 | 8,04% |
BRML3 | BR Malls ON | R$ 9,43 | 7,77% |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 6,65 | 5,89% |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 36,02 | 5,57% |
As ações da Eletrobras (ELET6) tiveram um desempenho bem negativo na sessão desta terça-feira. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, o Tribunal de Contas da União (TCU) deve aprovar o pedido de vista de 60 dias na análise do processo. Para o governo, isso inviabilizaria a venda da companhia em maio, como está no cronograma original.
Destaque também para os papéis do Carrefour (CRFB3). O JP Morgan apontou que, depois da alta de mais de 40% dos papéis no ano, a hora de embarcar nessa onda já passou. Confira também as maiores quedas da bolsa:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
CMIG4 | Cemig PN | R$ 14,71 | -5,58% |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 40,57 | -4,47% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | R$ 22,06 | -4,30% |
SBSP3 | Sabesp ON | R$ 48,20 | -4,00% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 43,08 | -3,65% |