Ibovespa fecha o dia em alta, mas cautela com Haddad na Fazenda e tramitação da PEC da Transição derrubam a bolsa na semana; dólar vai a R$ 5,24

Enquanto os comentaristas esportivos se dedicam a discutir o que deu errado na escalação de Tite na derrota para a Croácia na Copa do Mundo do Catar, os especialistas do mercado financeiro digerem os primeiros nomes escalados pelo presidente eleito para compor o governo dos próximos quatro anos. 

Ao contrário do que ocorre no mundo do futebol, a nomeação do primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai ser feita a prestações — com a primeira leva tendo sido anunciada pouco antes de a bola rolar no Catar. 

O nome mais aguardado era o do ministro da Fazenda, que foi confirmado como Fernando Haddad. 

Quinze dias atrás, a presença do ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo em evento de banqueiros para falar em nome do presidente eleito gerou grande mal estar no mercado financeiro, mas parece que os investidores digeriram os riscos nas últimas semanas. 

Assim, a recepção do anúncio foi o de “bola para frente”, com as atenções se voltando para quem será o companheiro de Haddad na dobradinha entre o ministério da Fazenda e o do Planejamento. 

A divulgação do índice de inflação menor do que o esperado acabou ficando em segundo plano. O cenário internacional foi decisivo para o desempenho do Ibovespa hoje, enquanto o dólar à vista ficou atento aos desdobramentos domésticos e encerrou o dia em alta de 0,57%, a R$ 5,2456. Na semana, o avanço foi de 0,59%. 

Do lado positivo, as commodities metálicas surfaram mais uma vez o otimismo com a reabertura econômica da China. Do negativo, os índices em Wall Street caíram com temor de um Federal Reserve mais agressivo no ajuste de juros. 

O saldo final do principal índice da B3 foi uma alta modesta de 0,25%, aos 107.519 pontos. Na semana a queda foi de 3,94%, pressionada pela tramitação da PEC da Transição no Senado. 

Enfim, nomes!

Antes de o Brasil entrar em campo no Catar, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva divulgou alguns nomes de seus principais ministros. Confira a lista completa:

• Fazenda: Fernando Haddad
• Relações Internacionais: Mauro Vieira
• Casa Civil: Rui Costa
• Defesa: José Múcio Monteiro
• Justiça: Flávio Dino

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a chefia de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda já estava precificada no mercado.

"Acredito que o sinal do mercado sobre a indicação do Haddad deve ficar mais claro na segunda-feira porque, com a liquidez reduzida hoje, a dinâmica de mercado tende a refletir mais ruído do que sinal."

O economista lembra que agora as atenções se voltam para a indicação para o Ministério do Planejamento e a composição da equipe econômica, com possibilidade de nomes mais técnicos.

Inflação em dose dupla

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, subiu 0,41% em novembro ante alta de 0,59% em outubro. O dado veio abaixo da mediana das projeções de analistas, que esperavam avanço de 0,54%.

No acumulado do ano, a inflação recuou de 6,47% em outubro para 5,13% em novembro. Em 12 meses, o avanço é de 5,90%.

A surpresa positiva levou muitos analistas a revisarem para baixo as expectativas de inflação para o ano, mas a curva de juros não acompanhou a melhora do cenário devido aos dados de inflação divulgados nos Estados Unidos. 

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) veio acima do esperado pelos investidores, com um avanço de 0,30% em outubro. 

Com o índice de confiança do consumidor mostrando força, as preocupações de que o Federal Reserve possa seguir elevando os juros de forma rápida pesaram. 

Os juros futuros brasileiros acompanharam o aumento do retorno dos Treasuries e fecharam o dia em alta, principalmente na ponta mais longa:

Confira o desempenho dos principais índices em Wall Street:

• Nasdaq: -0,70%
• S&P 500: -0,74%
• Dow Jones: -0,91%

Sobe e desce do Ibovespa

A perspectiva de reabertura econômica mais intensa na China, com restrições impostas pela pandemia do coronavírus sendo relaxadas, animou o setor de commodities na bolsa. Confira as maiores altas da semana:

Confira as maiores quedas da semana:

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