Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem antes da inflação dos EUA; Ibovespa também acompanha publicação do IPCA
No cenário doméstico, os olhos dos investidores se voltam para a redução de impostos em meio a um debate sobre reajuste de servidores
O hálito quente do dragão da inflação global já arrepiava os investidores muito antes da decisão de juros do Federal Reserve na semana passada. E nesta quarta-feira (11), as bolsas devem sentir muito mais do que uma baforada quente — mas uma mordida de dentes afiados.
Serão três principais criaturas mitológicas com o nome de inflação que os investidores precisarão enfrentar: o índice de preços da China, dos Estados Unidos e, é claro, aqui do Brasil.
Mas os primeiros números não foram animadores. O Gigante Asiático registrou uma inflação levemente acima do esperado pelo mercado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 2,1% em 12 meses, acima das projeções de alta de 2,0%. Na passagem de março para abril, o indicador registrou alta de 0,4%.
Isso deve fazer o governo chinês frear as medidas de estímulos à economia e a falta dessa injeção de dinheiro deixa os investidores em estado de alerta.
Já nos EUA, a inflação segue nas máximas em 40 anos, o que pode exigir um esforço maior do Federal Reserve contra o avanço de preços. Da mesma forma, o nosso Banco Central também deve adotar um tom mais agressivo — hawkish, no jargão do mercado — contra a mordida do dragão.
Enquanto isso, as bolsas pelo mundo permanecem em estado de atenção antes dos dados inflacionários nesses países. No caso brasileiro, o Ibovespa encerrou a sessão da última terça-feira (10) em queda de 0,14%, aos 103.109,94 pontos, seguindo a falta de direção dos índices de Nova York. O dólar à vista recuou 0,44%, a R$ 5,1336.
Leia Também
Confira o que movimenta bolsa, dólar e o Ibovespa nesta quinta-feira:
Um dragão na bolsa: a inflação no Brasil
Por aqui, o IPCA deve avançar mais 1,0% na mediana das projeções dos especialistas ouvidos pelo Broadcast e acumular alta de 12,06% em 12 meses. Na leitura anterior, o índice de preços avançou 1,62% em março e 11,30% na comparação anual.
Existe certa expectativa de que o arrefecimento do dólar nas primeiras semanas de abril tenha algum impacto no IPCA. Mas o avanço do petróleo e a “desancoragem das projeções” para outros indicadores que influenciam na inflação devem se sobrepor a esse fato.
Desviando do dragão
O “cenário alternativo” proposto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, começa a se tornar o cenário de fato para calçar a decisão sobre juros da autoridade monetária brasileira.
Na ata da última reunião do BC, publicada ontem (10), os membros do Copom deixaram em aberto o fim do ciclo de altas da Selic — as projeções para o final do aperto monetário saíram dos atuais 12,75% para 13,25%, de acordo com analistas desse mercado.
Além disso, a publicação afirma que a próxima elevação da Selic será de menor intensidade do que a última, mas também não deu maiores detalhes sobre a intensidade do aperto.
Uma festa na arrecadação
Nos primeiros meses do ano, o BC destacava em seus comunicados que o risco de descontrole das contas públicas era um fator que poderia influenciar negativamente na inflação ao longo de 2022.
O tempo passou e o Orçamento para 2022 é pequeno para a quantidade de demandas que o país precisa — e abrir mão de parte dessa arrecadação desagrada os analistas.
Reajuste dos servidores
Os funcionários do Banco Central e Receita Federal seguem de braços cruzados com a exigência de reajuste salarial para repor as perdas inflacionárias desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro e a criação de um plano de carreira dentro das instituições.
Para evitar maiores transtornos com a greve, o governo federal pretende aprovar um reajuste linear de 5% para todo funcionalismo. Esses servidores, entretanto, não aceitaram a proposta e seguem em greve por tempo indeterminado.
Ampliação da isenção fiscal
Ao mesmo tempo, o governo federal discute uma proposta para reduzir o imposto de importação (II) de cerca de 11 produtos, incluindo o vergalhão de aço, alimentos e itens relacionados à construção civil.
E na esteira das propostas também está a ampliação da isenção do Impostos de Produtos Industrializados (IPI), que passaria de 30% para 35%.
Os analistas acreditam que o governo abre mão de recursos visando às eleições de outubro deste ano, o chamado “pacote de bondades”, para aumentar a popularidade do presidente Bolsonaro em meio a uma disputa acirrada com seu principal opositor, Luiz Ignácio Lula da Silva (PT).
E o efeito disso nas ações
Esse debate não passou incólume pela bolsa, com as ações das siderúrgicas em queda com a perspectiva de que a medida aumente o preço dos produtos domésticos. A maiores quedas do pregão de ontem foram justamente desse segmento. Confira:
| CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
| CMIN3 | CSN Mineração ON | R$ 4,30 | -6,72% |
| USIM5 | Usiminas PNA | R$ 10,05 | -6,69% |
| CSNA3 | CSN ON | R$ 17,97 | -5,77% |
| GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 10,80 | -5,26% |
| GGBR4 | Gerdau PN | R$ 26,34 | -4,36% |
Inflação no exterior: e agora, Federal Reserve?
Como se não bastasse o cenário doméstico em crise, o CPI dos Estados Unidos também será divulgado hoje, após falas de representantes do Federal Reserve de ontem desagradarem os investidores.
Na mediana das projeções, o índice de preços norte-americano deve avançar 0,2% na comparação mensal e acumular alta de 8,1% em 12 meses. Na leitura de março, o indicador avançou 1,2% e 8,5% respectivamente.
Já o núcleo de preços deve subir 0,4% na base mensal e 6,0% na comparação anual — contra alta de 0,3% e 6,5% anteriores, respectivamente.
A espada afiada do Fed
Uma criatura gigantesca como a inflação descontrolada dos Estados Unidos exige um esforço hercúleo para ser vencida. E o Banco Central por lá sabe que esse remédio pode acabar gerando efeitos colaterais nada agradáveis.
Depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o Fomc — o Copom americano — descartou uma alta de 0,75 pontos percentuais nos juros, foi a vez de dirigentes do BC injetarem cautela nos mercados.
As falas de Loretta Mester e Raphael Bostic foram na contramão do que disse Powell e o Banco Central americano não descarta uma alta de 75 pontos-base nos juros. Daí para frente, o mercado piorou e o sentimento dos investidores é de cautela.
Um dragão forte demais?
A próxima decisão de juros do Federal Reserve dependerá dos dados de inflação de hoje, que podem confirmar as falas de Mester e Bostic ou aliviar com uma tendência de que Powell esteja certo.
Mas vale lembrar que o BC americano ainda acompanha os dados do PIB — que, na primeira leitura, vieram abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2022 — e de emprego — que estão positivos, de acordo com o último payroll.
E as bolsas antes da inflação de hoje…
O fechamento dos negócios na Ásia e Pacífico foi majoritariamente positivo, após dados da China de que as políticas de contenção da covid começam a surtir efeito com a diminuição de casos.
Na Europa, as bolsas tentam emplacar uma recuperação pelo segundo pregão seguido antes dos dados de inflação dos EUA. Já em Wall Street o sentimento também é positivo antes do CPI.
Agenda do dia
- França: Taxa de desemprego da OCDE em março (7h)
- Brasil: IBGE divulga o IPCA de abril (9h)
- Estados Unidos: CPI e Núcleo do CPI de abril (9h30)
- Estados Unidos: Estoques de petróleo (11h30)
Balanços do dia
Após o fechamento:
- Braskem (Brasil)
- JBS (Brasil)
- Ultrapar (Brasil)
- Walt Disney (EUA)
- Banco do Brasil (Brasil)
- Copel (Brasil)
- Equatorial Energia (Brasil)
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
