As ações da OSX (OSXB3), empresa de logística portuária do empresário Eike Batista, reagem positivamente à notícia de que a companhia conseguiu chegar a um acordo com um de seus acionistas para encerrar o processo que impedia convocação de assembleia geral extraordinária (AGE) para tratar da troca dos membros da administração.
Os papéis fecharam hoje em alta de 7,20%, a R$ 21,60. É bom ressaltar que os ativos têm baixo volume de negócios, então a ação é suscetível a bruscas variações de preços.
Segundo o comunicado divulgado nesta segunda-feira (18), os acionistas controladores da OSX, Eike Batista e Centenial Asset Mining Fund fecharam um acordo com Rogério Alves de Freitas, acionista da companhia e membro independente de seu conselho de administração, para apresentar uma petição requerendo a revogação de liminar e permitir a convocação da assembleia.
"A referida petição deverá ser apresentada no dia de hoje e, no dia útil imediatamente seguinte à revogação da decisão liminar deferida nos autos do referido processo judicial, a companhia tomará todas as medidas para convocar assembleia geral da OSX, com o fim de promover a eleição de nova administração da companhia, de acordo com os nomes indicados pelos acionistas, em substituição aos atuais administradores da companhia", informou a empresa.
Contexto da briga
A Justiça impôs uma derrota a Eike em outubro quando ele tentou destituir o conselho recém empossado da OSX. A 2ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro suspendeu a assembleia da companhia marcada para 14 de outubro.
Na ocasião, a juíza Maria Christina Rucker afirmou que era preciso considerar que o acionista controlador não pode ter "ingerência fática" na administração da sociedade. "Há que se ter cautela na mudança abrupta de uma administração que foi mantida na última assembleia", disse em decisão.
Os controladores têm interesse em mudar o conselho de administração para buscar recursos a partir de novos investidores, segundo divulgou a própria empresa em documento ao mercado na ocasião. O movimento asseguraria o prosseguimento do plano de recuperação judicial.
Auge e queda
Fundada em 2009, a OSX realizou no ano seguinte sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a sétima maior operação até então no mercado brasileiro, levantando R$ 2,8 bilhões.
Mas, em 2013, ela iniciou o processo de recuperação, depois de enfrentar um agravamento de sua situação financeira por conta do cancelamento de encomendas de equipamentos. A deterioração ocorreu durante o fim do ciclo da alta dos preços das commodities no mercado internacional e em meio a processos judiciais enfrentados por Eike. Ela entrou com o pedido de recuperação judicial em 2014.
No final de novembro, a Justiça decretou o encerramento do processo de recuperação judicial, alegando que a companhia cumpriu todas as obrigações estabelecidas.
Apesar disso, a situação da OSX não é simples. O balanço do terceiro trimestre mostra que o patrimônio líquido dela é negativo em R$ 4,83 bilhões, ou seja, suas obrigações superam a soma de seus ativos neste montante.
Além disso, sua dívida líquida soma R$ 4,4 bilhões e ela fechou o terceiro trimestre com prejuízo líquido aos seus acionistas de R$ 81,7 milhões, diminuição de 19,4% em relação ao mesmo período de 2019, com receita de R$ 2,5 milhões, recuo de 16,3%.