A companhia de cashback Méliuz comprou o Grupo Acesso, fintech especializada em soluções de pagamento e banking as a service e que opera utilizando as marcas "Acesso", "Acesso Bank", "Bankly" e "Banco Acesso".
O valor da transação é de R$ 324,5 milhões, sujeito a ajustes. A associação entre as empresas será efetivada através da incorporação das ações da Acessopar, holding controladora do grupo, pelo Méliuz.
Em reação ao anúncio, por volta das 14h desta segunda (3), os papéis do Méliuz (CASH3) subiam 7,82%, negociados a R$ 35,65 — a valorização é de 280% desde a oferta pública inicial de ações (IPO) da empresa, em novembro.
Com a aquisição, o mercado vê que o Méliuz enfim incluirá em seu ecossistema o serviço de contas digitais — incluindo licenças, tecnologia e infraestrutura que a companhia não possuía.
A Acesso foi fundada em 2013 ofertando cartões pré-pagos, expandindo posteriormente para banco digital (Acesso Bank) e para banking as a service (Bankly). A fintech tem uma equipe 178 pessoas e movimentou R$ 1,3 bilhão de TPV (volume total de pagamentos) em março. A receita bruta em 2020 foi de R$ 53,6 milhões.
Segundo a XP, o negócio bancário é por natureza um segmento em que os usuários têm maior frequência de uso. O possível engajamento pode ter tornado defasadas as métricas e projeções anteriores para o Méliuz — o preço-alvo da corretora para os papéis CASH3 é de R$ 41.
"Se usarmos o número de solicitações de cartão de crédito Méliuz ao Pan como proxy para possíveis contas criadas no banco digital Méliuz, o banco sozinho poderia valer mais de R$ 15 bilhões (vs. R$ 4 bilhões de valor de mercado atualmente)", disse a XP.
Para a Empiricus, a compra da fintech é relevante do ponto de vista de adição de receita, já que a adquirida representaria em 2020 um acréscimo de quase 40% no faturamento de Méliuz.
- Veja abaixo a entrevista com o COO da Méliuz no podcast Tela Azul, da Empiricus, e saiba mais sobre a onda do cashback e o modelo de negócios da companhia:
A casa de análises lembra que o preço pago na transação implica um múltiplo de 6,1 vezes a receita 2020 da Acesso. "Como Méliuz negocia a 30,0 vezes seu faturamento de 2020, a transação também faz sentido do ponto de vista de valuation e de diluição dos acionistas atuais da companhia", disse.
Ao final da transação, os donos da Acesso ficarão com cerca de 8% do capital do Méliuz. O CEO da adquirida, Davi Holanda, será o diretor responsável pelos produtos financeiros da empresa. O restante da equipe da Acesso permanecerá essencialmente inalterado.
A consumação da transação está sujeita à aprovação de alteração do controle societário da Acesso pelo Banco Central.