A blindagem dos fundos de infraestrutura contra a tributação de dividendos
Estes produtos vão continuar oferecendo bons retornos, mas estão longe do alcance do pequeno investidor, que pode optar por ações de transmissoras de energia

Uma das coisas que eu mais gosto no mercado financeiro é que existe uma infinidade de formas de se ganhar dinheiro.
Tem quem lucre vendendo a descoberto ações de companhias caras; tem quem goste de aproveitar assimetrias relativas fazendo long & short; tem quem prefira o básico, comprando ações de empresas premium ou então aqueles que gostem da estratégia de comprar ações boas e baratas, conhecida como value investing.
O mercado não tem preconceitos e, certamente, existe muita gente se aproveitando das táticas acima.
Mas existe uma outra estratégia que ganha de todas essas na preferência dos investidores.
A preferida
Eu tenho certeza que se fizéssemos uma enquete, a vencedora na preferência dos investidores seria a estratégia focada em comprar boas ações pagadoras de dividendos.
Afinal de contas, quem é que não gosta de uma fonte de renda recorrente pingando na própria conta mensalmente, trimestralmente ou pelo menos uma vez por ano?
Leia Também
Infelizmente, como você deve ter visto nos últimos dias, a proposta de Reforma Tributária pode acabar aumentando de maneira relevante o imposto sobre dividendos, o que tende a reduzir a atratividade dessa estratégia.
Pensando nesse problema que pode afetar milhares de investidores, hoje eu resolvi trazer duas oportunidades muito pouco conhecidas no setor de energia, que pagam dividendos recorrentes elevados e isentos de IR e que não entrarão nas novas regras de tributação propostas pelo governo – ou seja, tudo indica que permanecerão isentas.
A parte ruim é que eles não estão disponíveis para investidores comuns – logo falaremos sobre isso.
Os FIP-IEs
Os FIP-IEs são fundos formados com o objetivo de investir em ativos de infraestrutura – podem ser ativos de energia, transporte, telecomunicações, saneamento, etc.
Como eu já disse, é muito importante mencionar que as pessoas físicas que investem em um FIP-IE não pagam imposto de renda nem sobre os rendimentos (dividendos) nem sobre o ganho de capital.
Além disso, esses fundos acabaram ficando de fora das mudanças propostas pelo Ministério da Economia, o que indica que seus investidores Pessoa Física continuarão isentos mesmo com a aprovação do texto na Câmara e no Senado.
Um desses fundos é o Vinci Energia (VIGT11), que distribuiu R$ 7,50 de rendimento por cota em 2021 e tem uma previsão de distribuir pelo menos mais cerca de R$ 8,00 por cota referente ao exercício atual.
Com a cota negociada em R$ 81 atualmente, chegamos a um dividend yield estimado de 9,87% para 2021 (líquido de impostos), nada mau!
Dividend Yield = R$ 8,00/R$ 81,00 = 9,87%
Lembrando que além de serem de longo prazo, os contratos dos ativos de transmissão e geração eólica do fundo também contam com reajustes periódicos para que suas receitas subam de acordo com a inflação.
Isso quer dizer que se a escalada da inflação continuar forçando o Banco Central a aumentar a taxa Selic, a distribuição de rendimentos (e o yield) também acaba subindo lá na frente, já que seus ativos começam a receber mais.
Por essas características, gostamos tanto do Vinci Energia (VIGT11) como do Perfin Apollo (PFIN11), especialmente depois da desvalorização de ambos nos últimos meses.

Tinha uma pedra no meio do caminho
Mas antes que você abra o homebroker da sua corretora para comprar cotas e esperar ansiosamente pelos rendimentos isentos pingarem na sua conta, saiba que, infelizmente, essa não é uma oportunidade ao alcance de qualquer investidor.
Segundo as regras do nosso mercado de capitais, as cotas dos FIPs (e aqui entram todos os fundos de participação, não apenas os de infraestrutura) podem ser compradas apenas por investidores qualificados.
Isso quer dizer que apenas podem comprar cotas investidores que possuam mais de R$ 1 milhão investidos ou que possuam certificações aprovadas pela CVM (como o CNPI, por exemplo).
Para ser bem sincero, eu não concordo muito com essa restrição.
A intenção é até boa: proteger investidores "desavisados" do investimento em ativos arriscados, muitas vezes em fase pré-operacional e que têm pouquíssimas chances de vingar.
Mas isso também traz como consequência uma série de outros problemas. O primeiro deles é a conclusão equivocada de que um investidor que não possui R$ 1 milhão não teria discernimento suficiente para decidir o que é um bom investimento.
Nem preciso dizer o quanto isso é errado, né?
Um outro ponto relevante é que, ao mesmo tempo que a regulação impede o investimento de pessoas comuns em FIPs que têm o objetivo de comprar ativos arriscados, essa mesma regra também impede pessoas comuns de investirem em fundos como o da Vinci Energia, que possui ativos 100% operacionais no portfólio, com receitas estáveis, contratos de longo prazo atrelados à inflação e que chegam a ter vencimentos superiores a 2040 – certamente um perfil de investimento muito mais conservador do que a maioria das ações ou outras estratégias alavancadas mirabolantes disponíveis para qualquer um fazer nas corretoras por aí.
Eu realmente espero que as regras mudem em algum momento e que os FIP-IEs alcancem uma popularidade similar ao que vimos acontecer com os fundos imobiliários nos últimos anos.
Isso não seria bom apenas para o mercado de capitais e para os investidores, mas para o próprio país, que é quem mais se beneficia do aumento do número de investidores na infraestrutura local.
Quem não tem cão...
Se você ainda não tem condições de comprar cotas de FIP-IE, não desanime. No mercado de ações é possível comprar ações de companhias com um perfil parecido, sem o impedimento de precisar ser um investidor qualificado.
É o caso das companhias mais focadas no segmento de transmissão: TRPL4, ALUP11, TAEE11. Além de boas pagadoras de dividendos, elas não sofrem com riscos de volume nem de preços energia, já que suas receitas dependem apenas da disponibilidade das linhas e os contratos são corrigidos pela inflação.
O texto da Reforma Tributária como está hoje atrapalha um pouco essas empresas, mas julgamos que o recuo recente serviu para re-equilibrar o risco vs retorno delas.

Gostamos de todas, mas por causa não só dos elevados dividendos como também de um bom potencial de valorização, uma em especial acabou merecendo a posição de número um no ranking do Vacas Leiteiras, série da Empiricus focada em ações de companhias boas pagadoras de dividendos, mas que também carregam um bom potencial de valorização para que você consiga lucrar das duas maneiras.
Se quiser conhecer mais sobre a série, deixo aqui o convite.
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses
Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira
O que não mata, engorda o bolso: por que você deveria comprar ações de “empresas sobreviventes”
Em um país que conta com pelo menos uma crise a cada dez anos, uma companhia ter muitas décadas de vida significa que ela já passou por tantas dificuldades que não é uma recessãozinha ou uma Selic de 15% que vai matá-la
Sem exceções: Ibovespa reage à guerra comercial de Trump em dia de dados de inflação no Brasil e nos EUA
Analistas projetam aceleração do IPCA no Brasil e desaceleração da inflação ao consumidor norte-americano em fevereiro
B3 abre caminho para nova classe de ativos e permite negociações de ETFs de FIIs e de infraestrutura com distribuição de dividendos
Até então, os ETFs de FIIs não pagavam proventos; já os ETFs de infraestrutura, referenciados em índices de FI-Infra, seriam novidade
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Hidrovias do Brasil (HBSA3) ajusta a rota e vende negócio de cabotagem para reduzir peso da dívida
Com o negócio, a companhia se livra de R$ 521 milhões de saldo de dívida dessa operação, além de embolsar R$ 195 milhões
Até os franceses estão comprando ação brasileira e você não! O caso do Carrefour Brasil mostra as enormes oportunidades da bolsa
Há uma mensagem importante para os investidores nesta operação: as ações brasileiras — não só as do Carrefour — ficaram extremamente baratas
Mais uma chance na vida: Ibovespa tenta manter bom momento em dia de inflação nos EUA e falas de Lula, Galípolo e Powell
Investidores também monitoram reação a tarifas de Trump sobre o aço e o alumínio; governo brasileiro mantém tom cauteloso
O desconto na bolsa que poucos falam: fundos isentos de infraestrutura (FI-Infra) negociam com desconto de até 43% na B3
De 21 FI-Infras na bolsa que aplicam em títulos de crédito, como debêntures, nada menos que 19 operam com cotas abaixo do valor patrimonial, segundo levantamento da Empiricus
PetroReconcavo (RECV3) fecha acordo de US$ 65 milhões com a Brava Energia (BRAV3) para aquisição de infraestrutura de gás no Rio Grande do Norte
Segundo as empresas, a parceria visa aumentar a eficiência operacional e otimizar os custos de escoamento e processamento de gás natural na região
Desconto de 26,6% garante vitória da CCR (CCRO3) em leilão do Lote 3 de pedágio em rodovias do Paraná
A concessão abrange quatro rodovias estaduais e três federais, que atravessam 22 cidades, com um prazo de 30 anos
B3 não tem nenhum IPO há mais de 3 anos — e isso é uma boa notícia para esta empresa
Último IPO na B3 ocorreu em agosto de 2021; juros altos estão entre as causas dessa “seca” de novas empresas na bolsa
Paulo Guedes tem um sopro de esperança para o Brasil
Ex-ministro da Economia explica por que acredita que o mundo vai voltar os olhos para o país
A hora de comprar bolsa é agora? A alta recente pode ser apenas um aperitivo, mas é preciso ter cautela e escolher as ações certas
Se a ideia é investir em empresas confiáveis, geradoras de caixa e descontadas que conseguirão atravessar o ambiente macro sem sustos mesmo que o clima venha a piorar novamente, esse é um ótimo momento para investir
Os fundos de renda fixa com ‘dupla isenção de IR’: uma conversa sobre FI-Infras com Aymar Almeida, gestor da Kinea
O podcast Touros e Ursos recebe o gestor do KDIF11, maior e mais antigo fundo de debêntures incentivadas com cotas negociadas na bolsa brasileira, para falar sobre a perspectiva para os FI-Infras
Oportunidade histórica para investir? CCR (CCRO3) tem pista livre no Brasil — e CEO revela os planos para acelerar o crescimento nos próximos 10 anos
Para gestor da Perfin, a CCR pode se beneficiar da falta de concorrência na disputa por novas concessões a serem leiloadas pelo governo
As ações desta provedora de internet que chamou a atenção da Vivo (VIVT3) já dispararam 20% nos últimos dias — e ainda há espaço para mais valorização
A empresa em questão é uma velha conhecida desta coluna e uma das recomendações de maiores pesos na carteira da série Microcap Alert
CEO da CCR (CCRO3) confirma interesse em leilão das linhas da CPTM, operadora do trem de São Paulo — mas busca um sócio
Além de buscar um parceiro para a plataforma de mobilidade, a empresa de infraestrutura ainda avalia a possibilidade de desenvolver outras duas sociedades; entenda
O investimento secreto de Warren Buffett: aprenda a aplicar a mesma estratégia para ganhar dinheiro no Brasil
Aposta mais recente de Warren Buffett aparecia na SEC como confidencial, o que gerou muita curiosidade entre os investidores