O Brasil do Doutor Castor
Castor de Andrade foi talvez o mais famoso bicheiro brasileiro. Tinha, quase literalmente, um exército trabalhando para si. Chegou a contar com mais de cem policiais a seu dispor, além de vários servidores públicos, políticos proeminentes e juízes sob sua influência. Apareceu na posição de segundo homem mais rico do Brasil no meio da década de 1980. Era grande patrocinador do Bangu Atlético Clube, o que lhe rendeu o apelido de “Dono do Bangu” e da Mocidade Independente de Padre Miguel.
O “Doutor Castor” era um contraventor icônico e acabou acusado de uma série de crimes de violência, de lavagem de dinheiro, de envolvimento com o cartel de Cali no tráfico de cocaína, de formação de quadrilha e por aí vai.
Apesar dos ilícitos e das contravenções, Castor era amado, uma representação cultuada da “malandragem” carioca, patrono de seus jogadores, do samba e do bairro de Bangu. “Castor era um segundo pai, não víamos maldade nenhuma em seu coração” é uma das frases frequentes na série documental sobre sua vida, disponível na Globoplay.
“Praia dos Ossos” é um podcast da excelente Rádio Novelo, que descreve e investiga o assassinato de Ângela Diniz, a socialite conhecida como “Pantera de Minas”, por Doca Street, outro frequentador recorrente das colunas sociais em meados da década de 1970. Ângela foi assassinada por Doca depois de uma briga e de uma crise de ciúme. Os advogados de defesa de Doca argumentaram, com sucesso, que Ângela o teria ofendido ao ponto de obrigá-lo a matá-la, num ato definido como “legítima defesa da honra” — nesta semana o ministro Dias Toffoli decidiu que a tese de legítima defesa da honra é ilegítima e não pode ser usada em feminicídios, mas essa já é outra história.
O objetivo de “Praia dos Ossos” vai além de narrar o crime especificamente. Apura as origens e o desenvolvimento do machismo no Brasil, em como ele se alimenta e encontra retrocessos inimagináveis em meio à onda conservadora e, em alguns nichos, até mesmo reacionária mantidas, às vezes de maneira velada e tácitas e, em outras, mais explícitas em nossa sociedade.
A trilogia “1808”, “1822” e “1889”, de Laurentino Gomes, vai do Brasil colonial à proclamação da República mostrando que, em certa medida, ainda somos os mesmos. Ela é bastante conhecida e prescinde de maiores explicações.
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O que essas três coisas têm em comum? Além de recomendações culturais, o que já teria valor em si, representam algo típico no Brasil: uma capacidade talvez única de conviver com ambivalências. Como a própria natureza das ambivalências, ela tem algo bonito. No argumento apresentado por Eduardo Giannetti em “Trópicos Utópicos” e depois mais bem explorado em “O Elogio do Vira-lata”, conseguimos aqui, sabe-se lá como e por quê, misturar uma “vitalidade iorubá” com pobreza, desesperança e violência. Um povo razoavelmente feliz em meio às tragédias socioeconômicas — como pode? Poderíamos nos civilizar e seguirmos abençoados por Deus?
Há um lado perverso, porém, da permissividade com as dualidades. A contravenção e até mesmo os crimes podem ser perdoados, quem sabe até cultuados.
Se o bicheiro é paizão e paga bem, que mal tem? Não são os jogadores de futebol que adoram um “bicho” (termo usado para a remuneração variável ligada à vitória num determinado jogo, oriunda, claro, do dinheiro do típico jogo com números e animais)?
O sujeito matou a namorada, mas, poxa, ela deu motivos também, não é mesmo? Talvez ele possa mesmo sair do julgamento andando para sua casa, pois já pagou o que deveria!
O Brasil supera a fase colonial para continuar sob o domínio português, com seus imperadores e uma dívida enorme a ser paga à metrópole. Seguimos sempre pelo “jeitinho”, a vitória do “mal feito” sobre o “bem feito”, com nosso caráter macunaímico, complacente, preguiçoso, ignorante. O país das soluções fáceis e das consequências difíceis.
Poderíamos caminhar para a quebra do monopólio do refino do petróleo no Brasil e, quem sabe, para a privatização da Petrobras. Enquanto isso não acontece, adotaríamos um fundo de compensação para o diesel e para subsidiar o gás de cozinha nas famílias mais pobres, possivelmente até dentro do Bolsa Família — algo semelhante ao proposto por Adriano Pires no nosso RadioCash (e aí vai mais uma dica cultural!). Suavizaríamos a volatilidade de curto prazo dos preços das commodities e manteríamos o equilíbrio econômico das empresas. Ah, é mais fácil trocar o presidente da Petrobras (já são sete em dez anos, é isso mesmo?! Como pode dar certo?) e reduzir impostos federais sobre os combustíveis.
Mas como a economia é um cobertor curto e o dinheiro é mais curto ainda (não sou eu que ganho pouco, o mês é que é longo!), precisamos passar o chapéu por aí. Quem se candidata? Os bancos, claro, os grandes vilões de sempre. Acima da esquerda e da direita, há o populismo, nosso velho conhecido de sempre. Brasil acima de todos, populismo acima de tudo!
E assim vamos preservando as características de sempre. Para enfatizar o modernismo brasileiro típico de Drummond: há uma pedra no meio do caminho. Contra o parnasianismo das palavras bonitas de ataque aos bancos e defesa dos mais pobres, surgem consequências indesejadas. Para preservar margens com a CSLL subindo de 20% para 25%, os bancos encarecem o crédito. Mais inflação e deterioração do crescimento econômico.
Dizem que o Brasil não é para amadores. Começo a desconfiar que o Brasil é só para amadores. Os profissionais, no mercado de capitais ao menos, estão em retirada, cada vez mais se alojando em empresas dolarizadas e de commodities. Poucos ainda querem saber dos cíclicos domésticos.
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