Período de incerteza nos mercados? Entenda como o investidor deve se proteger

Quando o Brasil dá sinais internos de melhora, vem o cenário internacional e dá uma tacada nos emergentes.
Já deve ser do conhecimento do leitor a insolvência da gigante Evergrande, incorporadora chinesa que fatura dezenas de bilhões de dólares e está tão alavancada (a dívida representa mais de 9 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses) que está pagando seus credores com propriedades – algumas, inclusive, ainda em construção.
O temor relacionado às consequências sistêmicas da quebra de uma incorporadora tão grande pesou sobre os mercados, provocando uma queda de praticamente todas as classes de ativos de risco.
Ontem, praticamente só o ouro e o dólar, os portos seguros do investidor receoso, subiram. Esses ativos tiveram altas de, respectivamente, 0,6% e 0,7%. Por outro lado, o Nasdaq, o Ibovespa e o bitcoin sangraram 2%, 4% e 9%, respectivamente.
A insolvência da Evergrande tem consequências sistêmicas, sim, mas elas não são tão nefastas como aquelas decorrentes da quebra de um banco, paralelo que tem sido feito pelo mercado — “Evergrande é o novo Lehman Brothers”. Não é, guardemos as devidas proporções.
A quebra de uma incorporadora não faz com que correntistas percam seu dinheiro de forma generalizada, consequência do que seria o fenômeno conhecido como “corrida aos bancos”.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: A falácia da “falácia da narrativa”
O episódio também não causa uma seca generalizada de crédito, com bancos sem captação nem apetite suficiente para emprestar. Os efeitos do caso, ao que tudo indica, são mais setoriais do que generalizados.
Efeitos do caso para o investidor
O efeito de primeira ordem, claro, é a inadimplência que os credores da empresa sofrerão — os credores são, principalmente, bancos chineses, e o valor dos empréstimos da companhia representa menos de 0,5% do crédito do sistema bancário. Então, ao que tudo indica, apenas os credores diretos serão duramente impactados.
A crise de liquidez da companhia foi causada por uma alavancagem excessiva, mas cujas consequências foram acentuadas por regras do governo chinês que:
- limitam a própria alavancagem permitida, o que impede a rolagem das dívidas; e
- restringem o quanto bancos podem emprestar para o setor de incorporação, o que também dificulta a rolagem. Isso pode ter causado uma espremida de liquidez sobre o setor.
Então, se muito, a insolvência da Evergrande pode ser a ponta do iceberg de todo um setor de construção chinês, mas não muito mais do que isso. Tenho dificuldades em enxergar uma relação disso com empresas de tecnologia americanas, por exemplo, falando de economia real.
Assumindo um problema setorial, então, o efeito de segunda ordem seria uma redução de demanda pelos insumos do setor de construção.
Por isso, o minério de ferro à vista furou, pela primeira vez em 15 meses, o piso de US$ 100 por tonelada. Lembremos que a China é o maior comprador global dessa commodity. Por isso, o susto.
Vale notar, também, que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de commodities, minério inclusive. Também por isso, o susto no Ibovespa ontem, dado o peso dessa commodity no índice.
Justo quando a carta do Meu Malvado Favorito começava a reverter o humor do mercado brasileiro. A vacinação está avançando, a Covid-19 parece estar sob controle por aqui. Diversos países abriram suas fronteiras para os brasileiros, como Portugal e Estados Unidos. O tráfego aéreo de passageiros já supera os níveis de 2019, assim como as tarifas. A dívida/PIB está em excelentes níveis históricos. O Banco Central está com pulso firme sobre a inflação.
Daí, somos atingidos por essa bala perdida de um tiroteio que nunca causamos.
Uma demonstração perfeita do dito que “Deus abençoa uniformemente”, colocando um pouco aqui, tirando outro teco dali. Nunca é um mar de rosas; mas também não é uma tragédia por completo.
Frequentemente, o investidor se encontra em meio a um emaranhado de vetores que apontam em direções opostas nos mercados. A nós cabe posicionar-nos o mais favoravelmente possível.
Nossa recomendação é acompanhar os investidores globais na busca por solidez. Tenha moedas fortes e metais preciosos na sua carteira. Essas proteções devem ser perenes no seu portfólio, e ter um peso um pouco maior em períodos de incerteza, como o que vivemos agora.
É isso que temos recomendado aos assinantes das nossas séries, como a Carteira Empiricus.
Deus abençoa uniformemente.
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O Itaú mostrou que não é preciso esperar que as crises cheguem para agir: empresas longevas têm em seu DNA uma capacidade de antecipação e adaptação que as diferenciam de empresas comuns
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira