Entre renda e multiplicação de capital, você pode ficar com os dois — Veja como
Você se lembra da sua primeira conta poupança? A minha e a do meu irmão foram abertas por volta dos meus 11 anos, quando nossos pais nos levaram ao banco para depositar o dinheirinho acumulado de nossas três fontes de renda — as moedas de casa, o troco dos lanches da escola e as generosas doações de nosso avô e avós — em uma conta poupança.
Em pouco tempo, a chegada do extrato no fim do mês já havia se tornado gatilho de ansiedade. Ficava louco para saber o quanto seria depositado. Afinal, a poupança aparecia no extrato como uma renda recebida.
Acredito que eu não esteja sozinho nesse sentimento. Esse pinga-pinga na conta gera uma sensação de segurança, de premiação. Deixo a interpretação para os psicólogos de plantão.
Apesar da dose mensal de serotonina, compreendi cedo que não ficaria rico daquele jeito. A renda que eu obtinha com meu pequenino patrimônio não mudaria muito minha vida em 30 anos, eu precisava multiplicar meu capital e aumentar meus aportes (um pouco difícil com a idade).
A renda funciona muito bem para quem já tem um patrimônio e precisa da segurança e previsibilidade daquele pinga-pinga para sobreviver, não era o meu caso.
Renda variável
Mais desperto para a realidade, aventurei-me na renda variável, principalmente em ações e fundos de ações ao longo dos anos, até que, em 2015, entendi que também estava errado.
Leia Também
Mesmo “ativos de renda” podem ser usados para multiplicação de capital e eu só não havia conhecido os veículos corretos.
Estou falando das NTN-Bs, conhecidas hoje como Tesouro IPCA+, que rendem uma taxa prefixada acima da inflação, com alguns desses títulos pagando rendimentos semestrais.
A princípio, pode parecer um investimento interessante apenas para quem gosta de renda, mas se você analisar o índice IMA-B da Anbima, que representa uma carteira teórica passiva de NTN-Bs, o resultado é um retorno de 1.000% nos últimos 18 anos (versus 602% do Ibovespa e 517% do CDI no mesmo período).
Achou pouco? Esse índice tem um irmão ainda mais arrojado, o IMA-B 5+, composto por uma carteira de títulos com vencimento maior do que cinco anos, portanto, com mais risco e um retorno também maior, de 1.232% no mesmo período.
Você e eu sabemos que retorno passado não é garantia de retorno futuro. Contudo, esse índice paga, atualmente, uma taxa de IPCA + 4,76% ao ano e pode ser acessado via fundos de índice ou ETFs, um bom retorno acima da inflação ao longo dos anos, apesar de não ter aquele pinga-pinga semestral.
Será que não existe um ativo capaz de conciliar esse alto retorno com diversificação e liquidez e que possa ser utilizado tanto para renda como para multiplicação de capital? Pouco exigente, né?
Quando se trata de fundos, o candidato que vem à mente são os fundos de debêntures incentivadas. Esses veículos compram debêntures de infraestrutura que remuneram a inflação (IPCA) acrescida de uma taxa — normalmente superior às das NTN-Bs — e, ainda por cima, isentas da cobrança de Imposto de Renda.
Contudo, esses fundos não pagam rendimentos, reinvestindo dentro do próprio fundo, tirando a característica de renda dessa classe.
Além disso, por conta do prazo de resgate curto desses fundos e da baixa liquidez das melhores debêntures, o acesso aos ativos com melhor risco-retorno fica limitado, reduzindo sua atratividade.
Fundos de debêntures
A resposta veio em 2018, quando surgiram os fundos de debêntures de infraestrutura listados. Esses fundos não captam dinheiro via corretora como os fundos tradicionais, mas via IPOs (primeira emissão de ações) e follow-ons (emissão subsequente de ações), assim como as ações. Como consequência, eles têm diversas vantagens:
- i) Prazos de resgates menores : em um fundo não listado, quando você vende sua cota, o gestor precisa vender o ativo para te pagar o resgate, e isso pode demorar, a depender do regulamento do fundo. Já nos fundos listados, você vende suas cotas para outro investidor, o gestor não precisa vender nada e você recebe o dinheiro no mesmo prazo da venda de uma ação (D+2 dias úteis);
- ii) Acesso aos melhores investimentos: como o gestor não precisa se preocupar com venda de ativos, ele pode entrar nas melhores ofertas de crédito, aquelas cujos ativos são mais ilíquidos e com taxas maiores;
- iii) Isenção de imposto : apesar de negociar em Bolsa, esse tipo de investimento ainda é considerado isento pelo governo. Portanto, qualquer rendimento recebido ou ganho de capital obtido da venda das cotas na Bolsa é completamente livre de impostos;
- iv) Rendimentos recorrentes : esses fundos pagam rendimentos com periodicidades normalmente semestrais ou mensais. Todos distribuem os juros pagos pelas debêntures e alguns também incluem a inflação ou o ganho de capital das debêntures da carteira.
Com todas essas vantagens, a indústria tem conseguido entregar retornos próximos a IPCA + 6% ao ano, podendo até superar essa marca a depender das circunstâncias de mercado.
Graças a isso, os fundos de debêntures listados servem para quem deseja a previsibilidade da renda e para aqueles que têm o objetivo de multiplicar capital.
- O primeiro grupo pode embolsar os juros reais e reinvestir qualquer ganho de capital ou inflação distribuída.
- O segundo pode reinvestir todos os rendimentos recebidos dando aquela mão amiga para que os juros compostos dessas altas taxas façam seu trabalho ao longo dos anos.
Independentemente da sua escolha, você precisa conhecer de forma mais profunda os gestores, seus fundos e estratégias, além de conseguir identificar quando comprar e vender esses ativos.
Para te ajudar nisso, nós aqui da série Os Melhores Fundos de Investimento, divulgaremos nossa análise mais recente do setor.
Entre multiplicação de capital e o satisfatório pinga-pinga, dessa vez em versão turbinada, eu fico com os dois.
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell