🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: COMO FLÁVIO BOLSONARO MEXE COM A BOLSA E AS ELEIÇÕES – ASSISTA AGORA

O conto de fadas dos IPOs: como sustentar resultados com o sopro do “lobo mau” do mercado

23 de agosto de 2021
11:17 - atualizado às 11:24
IPOs
Imagem: Shutterstock

"Um plano de carreira de dez anos é um erro. 
Um plano fixo pode fechar sua mente para novas possibilidades. 
Você não sabe como o mundo pode mudar. 
Você também não sabe como você vai mudar. 
Você pode sonhar dez anos à frente, 
mas é melhor focar seu plano em um ou dois anos futuros".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Adam Grant

"Se você não está chocado com seus pensamentos de dez anos atrás, você não está crescendo"

David Sinclair

A conversa abaixo aconteceu de fato e é narrada aqui de maneira fidedigna. Talvez me faltem os exatos termos usados na circunstância, por fraqueza de memória. A essência do argumento, porém, está devidamente preservada.

Estava diante de um dos grandes nomes de VC e private equity com atuação no Brasil. Fazia parte da extensa rodada de reuniões promovidas pelo Lazard, nosso advisor contratado para atração de capital para a Universa, holding criada para abarcar a Empiricus e a Vitreo. Era um dia supostamente importante, pois aquele era, ao menos de acordo com o conhecimento mais geral, um dos potenciais favoritos ao negócio (embora não fosse propriamente a minha visão pessoal). 

A certa altura, o gênio interlocutor pergunta:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Felipe, como você vê a Empiricus daqui a dez anos?”

Leia Também

“Assumindo um Total Addressable Market de 20 milhões de pessoas, como temos vantagens competitivas muito claras, dado nosso elevado LTV/CAC e as opcionalidades de atuarmos como banking as a service e software as a service, estimo que podemos capturar boa parte do mercado. A partir de técnicas avançadas de data mining, machine learning, inteligência artificial e cloud computing, podemos maximizar a experiência do usuário consolidando a operação num super app orientado sob a ótica de comunidade, que sintetiza as operações de finanças pessoais, investimentos, crédito e consumo do cliente, num modelo low touch, guiado por robo advisors construídos a partir de inputs de nosso time de research e wealth management, transitando, com low cost, pelos ambientes local, internacional e cripto sem qualquer tipo de fricção. Isso nos colocaria como a Robinhood do mercado brasileiro, mas com produtos mais alinhados ao interesse dos clientes, menos centrados em trading e, portanto, com uma vida útil do cliente maior. Dito isso, seria conservador estimar a captura de 25% do mercado. Ou seja, 5 milhões de clientes. Então, partiríamos para uma expansão internacional, começando pela América Latina. Os EUA também já estão mapeados, em especial o público latino. E, então, poderíamos falar de 15 milhões de clientes. Estamos falando de uma multiplicação da ordem de 150 vezes se considerarmos que a Vitreo dispõe hoje de 100 mil clientes.”

Claro que não foi assim. Essa é a resposta que, imagino, ele gostaria de ter ouvido. Mas a verdade é que eu não consigo. Sou um péssimo mentiroso e até hoje me surpreendo com a capacidade de as pessoas venderem sonhos inalcançáveis sem o menor constrangimento. Respondi da única forma possível:

“Eu não faço a menor ideia do que seremos daqui a dez anos. Estaríamos nos enganando duplamente se, de fato, entrássemos nesse exercício. Posso dizer o que pretendo fazer nos próximos três anos. A partir daí, as opcionalidades seriam exploradas conforme tentativa e erro. Mesmo esse ousado plano para os próximos três anos, provavelmente, já será diferente na prática. Imagina se forçássemos a extensão do horizonte temporal. Caminha, e o caminho se abre.” 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Cada crise tem suas particularidades. Elas são parte inerente dos mercados e do capitalismo como um todo. Ciclos de expansão e queda, boom and bust, sístole e diástole, mania e depressão. Elas vêm e vão. Mas sempre deixam alguma lição. Por mais que passem, deixam cicatrizes e mazelas estruturais em determinados nichos, como se certos processos passassem por histerese. Enquanto algumas coisas funcionam como uma mola, que se comprime e depois volta rapidamente, outras se quebram no processo e não retornam mais. 

A tempestade atual não é muito diferente. Entendo que, cedo ou tarde, ficará claro que não abandonaremos por completo a responsabilidade fiscal e, sob a ótica sistêmica, encontraremos um alívio para os ativos domésticos. E como resumiu Guilherme Aché na ótima carta da Squadra, talvez as eleições, para contrariar o senso comum, sejam mais calmas do que o usual, dada a necessidade de todos caminharem ao centro.

Mas há um nicho específico em que talvez haja uma mudança estrutural: os IPOs de empresas supostamente tech, que queimaram etapas e pularam rodadas que tipicamente são feitas com VCs e private equities. Foi desenhado um discurso bonito sob a reunião de termos técnicos elegantes para vender sonhos inexequíveis.

Esclareço: não se trata de empresas com alto potencial de crescimento negociando a múltiplos altos. É muito pior do que isso. São empresas que venderam promessas que sabemos que não serão cumpridas, mentindo já sobre o real mercado endereçável e também sob a penetração que teriam em cima desse falso mercado endereçável. Ou são empresas sem nenhuma capacidade de execução realmente demonstrada, que viveram dois ou três trimestres de rápido crescimento (e pouca monetização efetiva) e extrapolaram para um futuro distante essa expansão vigorosa sob bases ínfimas e frágeis. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Virou tudo uma grande farsa.

O empreendedor, seja por acreditar na própria mentira, por ser um sonhador ou por deliberada capacidade de enganar (não importa em termos práticos), quer vender ações ao máximo preço possível.

O banco de investimentos, por vezes, também é comissionado conforme o valuation da companhia vendida. Quanto mais caro, mais fee. Ou seja, o incentivo é grande para posicionar gato como lebre.

E os gestores, principalmente multimercados, ficaram muito grandes. Quatro cheques de R$ 100 milhões viabilizam um IPO. O sujeito tem amizade com o empreendedor e, pra ele, só para ficar próximo da turma de fintech, se inserir nesse meio e não ficar mal com o amigo, colocar uma ordem de algumas dezenas de milhões de reais no book não vai fazer grande diferença, dado que seu fundo tem um PL multibilionário. Ou, então, rola uma chantagem explícita ou tácita do banco de investimentos. Se você quer levar um lote grande dos IPOs quentes ou fazer outros negócios com o banco, me ajude aqui com a operação desta miquimba. Assim, gestores acabam muitas vezes com ações ruins e que muitas vezes nem eles mesmo queriam, vomitando todas elas ao primeiro sinal de estresse.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Muitas ações caem 20%, 30%, 40%, até 50% em poucos dias. Há um mau humor geral e coisa boa cai junto com coisa ruim. Vende primeiro, entende depois. Quem vai ficar na frente desse trem?

A verdade é filha do tempo. Ficou um pouco mais difícil mentir sobre as “fake techs” nos IPOs. A parte triste da história é que sempre fica gente machucada pelo caminho. Mas não é assim mesmo a natureza? O problema de acreditar em sonho é que ele não paga dividendos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
VISÃO 360

Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

14 de dezembro de 2025 - 8:00

Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar