Caro leitor,
Eu geralmente escrevo esta newsletter no próprio sábado de manhã. Confesso que ontem, excepcionalmente, estava me gabando antes do almoço porque tinha adiantado o texto para folgar no sabadão.
O plano era entrar rapidinho no sistema só para atualizar os dados de fechamento da bolsa.
Em vez disso, apertei o "delete".
Tudo que eu escrevi ontem de manhã ficou ultrapassado em algumas horas.
Simplesmente não posso ignorar o tapa na cara que você levou...
Talvez você esteja anestesiado e não tenha sentido (ainda).
Mas não se iluda, amigo leitor: você, investidor brasileiro, apanhou.
O que rolou foi que o governo federal indicou o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras ontem à noite. Jair Bolsonaro já vinha reclamando da alta dos combustíveis, mas disse que não iria "intervir" na estatal.
É bem verdade que nem o presidente da República pode, sozinho, trocar o comando da Petrobras. Essa decisão terá de passar pelo conselho de administração da empresa.
Mas só a tentativa de trocar o CEO da Petrobras é um tapa na cara do investidor brasileiro, especialmente, do acionista da estatal.
Eu não sou comentarista de política, nem profissional, nem de boteco e muito menos de Facebook.
Quem me conhece sabe que prefiro gastar o meu tempo pensando em como ganhar dinheiro do que falando contra ou a favor de Bolsonaro, Lula ou Dória.
Mas infelizmente a política influencia muito os negócios aqui no Brasil.
Goste você ou não do presidente, é um fato que a decisão dele fará o acionista da Petrobras (e também de outras empresas brasileiras, especialmente as estatais) perder dinheiro.
Só o temor da intervenção de Bolsonaro na Petrobras fez a ação cair 7% no pregão de sexta-feira. Com isso, o Ibovespa fechou a semana no vermelho, aos 118.430 pontos (veja a cobertura completa de mercados aqui).
E não deve parar por aí. Os ADRs da Petrobras, títulos que replicam as ações de empresa na bolsa de Nova York, chegaram a recuar mais de 9% no "after hours" (uma espécie de prorrogação do pregão) quando o presidente comunicou sua decisão no início da noite.
Meu conselho é que você fortaleça seu abdômen no fim de semana e prepare-se para levar um soco no estômago quando o pregão abrir na segunda-feira.
Mas, calma, não se desespere. Se teve uma lição que aprendemos na pandemia foi a ter sangue frio para enfrentar as baixas do mercado.
Aliás, isso fica bastante evidente na reportagem especial que fizemos esta semana no Seu Dinheiro sobre 1 ano de crise do coronavírus. O texto é a minha primeira indicação de leitura para o fim de semana:
1 - O Ibovespa pelo retrovisor
A bolsa viveu seus altos e baixos na pandemia. Foram circuit breakers a dar com o pau, uma ascensão vigorosa das techs e o rotation trade na reta final. Não faltaram “emoções” em 1 ano de crise - o "aniversário" foi na Quarta-feira de Cinzas. Veja a “retrospectiva” do ano que passou na bolsa.
2 - O último IPO do ‘velho mundo’
A Priner foi a última empresa a entrar na bolsa antes da covid desembarcar no Brasil. Planos frustrados? Vida que segue? O que aconteceu com esta novata da bolsa? A Julia Wiltgen fez uma entrevista exclusiva com o CEO da empresa, Tulio Cintra, e conta tudo nesta reportagem.
3 - O que vem pela frente?
Quem vive de passado é museu. O Ibovespa caiu e subiu na pandemia, mas o que importa mesmo é o que vem pela frente. Não tenho bola de cristal, mas trago duas sugestões de leitura que vão clarear suas ideias:
- A primeira é um texto do colunista Matheus Spiess, que faz reflexões sobre o cenário econômico e o ano do Boi chinês.
- A segunda é um texto da repórter Letícia Camargo, que acompanhou uma live do Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden sobre o que esperar dos mercados daqui para frente e quais as melhores oportunidades para investir .
4 - De pedreiro a milionário
Recomendo fortemente que você conheça a história do Lerry Granville. Ele era servente de pedreiro e quase perdeu sua casa enrolado em dívidas. Mas não é que do limão ele fez uma limonada?
Foi essa crise pessoal que abriu seus olhos para um mercado inexplorado e cheio de oportunidades (mesmo para quem tem pouco dinheiro): os leilões de imóveis. Conheça a história de Granville e aprenda com suas lições de mercado.
5 - Eu ouvi a Elis
Quer outra história de superação? Pois um vídeo emocionante provocou um burburinho esta semana. Teve gente aqui no escritório que até chorou (não vou contar quem para preservar a identidade desta manteiga derretida).
Explico: o Felipe Miranda, fundador da Empiricus e colunista do Seu Dinheiro, fez nesta semana uma live com a Elis no Instagram. Não é a cantora que veio do além, nem alguma digital influencer. Elis é uma pessoa real, uma mulher batalhadora que despertou recentemente para a necessidade de investir melhor.
Ela é o “financial deepening” personificado. O termo em “economês” significa o mergulho da população para um mundo mais sofisticado de finanças, algo necessário em um país que só recentemente conseguiu ter uma taxa de juros civilizada.
Aqui você encontra o texto do Felipe sobre a conversa com a Elis e também o vídeo em que ela mesma conta sua história.
E você, já despertou para o mundo dos investimentos?
Um grande abraço e um excelente sábado!