A menos que você viva debaixo de uma pedra, já deve ter ouvido falar do novo coronavírus. A doença surgiu em Wuhan, na China, e chegou de mansinho, mas foi o responsável por uma grande transformação do cenário econômico global em fevereiro.
As mais de 90 mil pessoas infectadas, fábricas fechadas, circulação de pessoas limitadas e uma infinidade de incertezas em torno do impacto dessa nova epidemia na economia global pautaram os noticiários e as rodas de conversa.
Também não foram raros os dias de perdas vertiginosas nas bolsas globais, mudando drasticamente o cenário que os analistas vinham projetando para 2020.
Então, não é a toa que quando fui conversar com as corretoras para descobrir quais eram as ações favoritas para o mês de março a palavra coronavírus tenha aparecido de forma constante.
Com a bolsa brasileira no vermelho, as 14 corretoras com quem conversei selecionaram as melhores opções que podem te ajudar a atravessar esse período de turbulência sem sofrer na mão do vírus que vem assustando todo mundo.
Para começar, empatado em primeiro lugar com o Banco Itaú, está a Raia Drogasil, com três indicações cada. Em mais um mês de grande diversidade de indicações, Weg, Vale, Movida, Petrobras e Lojas Renner empataram com duas nomeções.
Confira o abaixo as três ações favoritas de cada corretora para o mês de março:

Antídoto
O coronavírus realmente pegou as bolsas globais de jeito, não há como negar. A movimentação do mercado financeiro está aí para provar.
Mas, enquanto boa parte das empresas da bolsa brasileira apanham da aversão ao risco, algumas delas podem se beneficiar do momento. É o caso das ações do grupo Fleury e da Raia Drogasil, que, segundo a Mirae Asset, podem se beneficiar do avanço do COVID-19 (o novo coronavírus).
Os papéis ordinários da Raia Drogasil foram os campeões de indicações no mês de março, com três menções dentre as 14 instituições consultadas. O surto de coronavírus, no entanto, não é o único fator que faz com que a rede de drogarias se destaque e figure entre as favoritas.
Os resultados da empresa são expressivos e passam confiança. No quarto trimestre de 2019, a receita líquida da companhia foi de R$ 4,785 bilhões, um aumento de 19,7% com relação ao 4º trimestre de 2018. Já o lucro líquido ajustado foi de R$ 168,7 milhões, aumento de 9,3% ante ao quarto trimestre de 2018.
Segundo Pedro Galdi, da Mirae Asset, os números foram impulsionados pela melhora operacional da companhia e ficaram acima do esperado pelo mercado. A expectativa agora é de a Raia Drogasil continue apresentando crescimento de receita, margem e lucro para os próximos trimestres.
Além de uma gestão de excelência, a aquisição da Onofre também ajudou a dar um empurrãozinho nos resultados. Anunciada em fevereiro do ano passado, a compra da rede tem se mostrado um verdadeiro sucesso. Segundo Ilan Albertman, da Ativa Investimentos, a incorporação foi tão bem-sucedida que possibilitou o alcance do break-even já no primeiro mês de integração
Outro ponto essencial da estratégia da Raia Drogasil é a sua expansão por meio de abertura de novas lojas. Ao fim de 2019, a Raia Drogasil tinha cerca de 2.073 lojas, incluindo as adquiridas da Onofre, e bateu sua meta de expansão que era de 240 novas lojas.
Isso leva a empresa a ter uma boa fatia do mercado (market share), uma característica muito importante em uma indústria como a do varejo farmacêutico, marcada pela grande pulverização da concorrência.
Para Albertman, a companhia tem feito movimentos interessantes para fidelizar clientes, com investimentos na sua estratégia digital e com com programas de fidelidade, como a Stix, parceria feita com o Grupo Pão de Açúcar. Além disso, o cenário de recuperação nacional, onde a inflação sobe mais que a renda disponível, a Ativa acredita que esse setor do varejo, não discricionário - onde o consumidor não tem total liberdade na escolha dos produtos, deve continuar tendo desempenho superior ao do varejo discricionário.
A Modalmais também é uma das corretoras que mantém a recomendação de compra. A posição se mantém pelo posicionamento da Raia Drogasil no ramo de atuação que está inserido e a forma como consegue se destacar frente ao momento macroeconômico do país. Além disso, a empresa mantém indicadores de mercado, como preço lucro, preço valor patrimonial, dividend yield e etc.
Descontaço
A briga com as fintechs e o aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 15% para 20% tem feito as ações do setor bancário apanharem em 2020.
Nesse cenário, o comentário é quase unânime entre as corretoras que indicaram as ações do banco Itaú (ITUB4) para o mês de março: a ação está barata e é hora de embarcar nessa.
Enrico Cozzolino, analista de investimentos do banco Daycoval acredita que o papel é versátil e pode se beneficiar em dois cenários distintos, seja ele a volta do fluxo de investimentos após a calmaria do coronavírus ou como ativo resiliente caso haja um agravamento da crise.
O bancão teve um resultado acima do esperado em 2019, lucrando R$ 28,363 bilhões, uma alta de 10,2%. Só a abertura de capital da XP Investimentos foi responsável por injetar quase R$ 2 bilhões nos cofres do Itaú.
Em busca de proteção...
Se você acompanha a evolução das ações favoritas das corretoras, sabe que não é de hoje que elas vêm apostando na diversificação e raramente concordam de forma unânime sobre as grandes favoritas.
E em um cenário turbulento como o apresentado pelo coronavírus, proteção deve ser a palavra principal do seu vocabulário. Uma carteira balanceada é o segredo para se dar bem em qualquer cenário.
Neste mês, 5 empresas empataram com duas indicações cada, refletindo mais uma vez o momento em que a bolsa brasileira se encontra. Confira as principais características das favoritas.
Vale
Depois do desastre de Brumadinho, que completou um ano em janeiro, a mineradora Vale vem tentando reconstruir a sua imagem e o seu elevado nível de produção.
Para Henrique Esteter, analista da Guide, a empresa apresenta forte geração de caixa, o preço do minério segue elevado e os investidores têm um momento favorável pela frente. "Acreditamos que a mineradora atingiu um nível de preço muito descontado aos seus principais pares. Apesar da elevação das provisões de Brumadinho e os riscos de menor crescimento global por conta do coronavírus, os patamares atuais de preço estão muito atrativos".
Weg
No ano passado, a Weg (WEGE3) viu as suas ações valorizarem quase 100% na bolsa e isso não parece ter sido tudo já que em 2020 a empresa já apresenta um crescimento de mais de 40%. Para a Guide, é só o começo. Com um mix de produtos diversificados, a marca vem ganhando reconhecimento. A Weg possui grande potencial na área de geração de energia solar e outras fontes de energia renovável.
Já para a Genial Investimentos, a empresa aparece como uma opção conservadora em um momento de forte volatidade.
Movida
A Necton vê o setor de aluguel de veículos em grande destaque no cenário nacional. A Movida, sendo uma empresa que vem apresentando recuperação de valor desde o seu IPO e uma melhora na curva de aprendizado, se destaca.
"Acreditamos que nesse ano a Movida deva continuar a expansão da frota via mercado de dívida para capturar o crescimento do rent a car e da gestão e terceirização de frotas, com crescimento acelerado da sua receita e manutenção de margens operacionais sólidas de rentabilidade".
Petrobras
A estatal costuma estar sempre nas primeiras posições dentre as empresas indicadas e dessa vez não foi diferente.
Com bons resultados no quarto trimestre de 2019, a empresa deve continuar perseguindo uma forte agenda de desinvestimentos em 2020.
O cenário internacional, com tensões que mexem com a produção e valor do barril de petróleo, tem influenciado fortemente o desempenho da estatal neste início de 2020. Para a Toro Investimentos, o desconto está grande, o que é uma oportunidade para o investidor. Ela é outra das empresas da lista que se comportam como uma peça importante em um momento que pede por proteção.
Para a Toro, 'sua posição entre as maiores produtoras de petróleo do mundo lhe dá um diferencial estratégico em momentos de turbulência global no setor'.
Lojas Renner
A expectativa para a recuperação da economia brasileira mantém as Lojas Renner entre as queridinhas do mercado. A Necton é uma das duas intituições que preferiu manter o papel em sua carteira. Para os analistas da casa, a maior varejista de moda do país e líder do setor conta com uma sólida posição financeira.
Além disso, a empresa também mantém um retorno atrativo e resiliência operacional. Para 2020, a companhia deve continuar investindo fortemente no desenvolvimento do seu e-commerce e abertura de novas lojas.
Retrospectiva
Fevereiro definitivamente não foi dos melhores para o Ibovespa. Na realidade, foi o pior mês para o índice desde maio de 2008. A enorme aversão ao risco, puxada pela crise em torno do coronavírus, fez os investidores sofrerem e o Ibovespa fechar o mês com queda de 8,73%. Confira como foi o desempenho das ações indicadas no mês passado.
