Grandes empresas como Magazine Luiza, Ambev, P&G e Bayer estão tomando iniciativas para promover a diversidade e a inclusão em seus quadros de colaboradores, como programas de trainee exclusivos para estudantes negros.
Apesar das críticas, este tipo de ação vai virar tendência em grandes organizações daqui para frente, segundo especialistas em recursos humanos e executivos.
Em comum, essas companhias querem ampliar a diversidade dos novos funcionários e, principalmente, prepará-los para que ocupem cargos de direção. Um dos passos para atrair candidatos foi substituir a obrigatoriedade da língua inglesa por cursos que serão fornecidos aos que forem selecionados.
As iniciativas estão causando controvérsia. Na sexta-feira (18), o anúncio do Magalu sobre o programa de trainee abriu uma disputa nas redes sociais entre os que elogiaram a medida e os que acusaram a empresa de "racismo reverso" com brancos, usando a hashtag #MagazineLuizaRacista.
No mesmo dia, a Bayer, empresa da área química e farmacêutica de origem alemã, também abriu inscrições para um programa de trainee similar para 19 vagas e salários de até R$ 6,9 mil. Elisabete Rello, diretora de RH da empresa no Brasil, diz que sabia que haveria questionamentos, embora boa parte deles tenha sido direcionada ao Magalu.
"Quando avaliamos a quantidade e a qualidade dos comentários vimos que tem número maior de apoiadores, e esse apoio nos faz acreditar que estamos no caminho certo", afirma Elisabete, acrescentando que é preciso coragem por parte das empresas para adotar esse tipo de medida.
O grupo tem 6,5 mil funcionários no Brasil, segundo mercado mais importante para a companhia que atua em 87 países. "Só aqui existe esse programa, porque a questão étnico racial é diferente nos demais", diz.
Trainee vira vitrine
O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Paulo Sardinha, acredita que a ação de grandes grupos será "vitrine" para outras empresas seguirem a tendência da diversidade não só em relação aos negros, mas também mulheres, deficientes físicos, analfabetos e homossexuais, assim como da sustentabilidade.
Em julho, a Ambev lançou programa de estágio voltado a pessoas negras, com 80 vagas. Em 2019, ela já havia feito programa piloto nessas condições e contratou dez pessoas. A P&G teve este ano dois programas nessa linha, em fevereiro e neste mês.
Patrícia Beltran, da Vagas.com, empresa de tecnologia que atua na área de RH e tem cerca de 3 mil clientes, afirma que várias empresas estudam ações de inclusão e diversidade há cerca de três anos, muitas com ações internas, e agora começam a focar em programas mais amplos.
Segundo ela, empresas como Suzano, Natura, Santander, Unilever, Vivo, Coca-Cola e BRF destinam pelo menos um porcentual de vagas para diversidade e inclusão.
Em relatório publicado ontem (21), a analista da XP, Marcella Ungaretti, considerou a ação da Magalu relevante "por enxergar a equidade racial e de gênero como ponte para ambientes empresariais bem-sucedidos e para um país mais igualitário".
*Com informações de Estadão Conteúdo