🔴 E-BOOK GRATUITO: AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM 2025 BAIXE AGORA

Estadão Conteúdo
entrevista

‘Se o governo gastar mais, a credibilidade acaba e o PIB cai’, diz secretário

Adolfo Sachsida foi um dos primeiros profissionais da área econômica aderir à candidatura de Bolsonaro; ele ocupa uma posição estratégica na formulação da agenda econômica e social do governo

Estadão Conteúdo
2 de março de 2020
14:27 - atualizado às 17:45
Adolfo Sachsida
Adolfo Sachsida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, assumiu como ministro de Minas e Energia com pedido de estudo para privatizar a Petrobras. - Imagem: Reprodução

O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, foi um dos primeiros profissionais da área a aderir à candidatura de Jair Bolsonaro, meses antes de o atual ministro Paulo Guedes seguir o mesmo caminho, no final de 2017. Advogado, doutor em Economia pela Universidade de Brasília e funcionário do Ipea (Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada) desde 1997, ele ocupa hoje uma posição estratégica na formulação da agenda econômica e social do governo.

Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Sachsida, de 47 anos, diz que a política de austeridade fiscal é fundamental para o crescimento sustentável do País.

Segundo ele, se o governo ceder às pressões e voltar a gastar sem lastro, perderá a credibilidade e o Produto Interno Bruto (PIB) vai cair e não subir, como acreditam políticos e economistas que defendem o uso de dinheiro público para turbinar a economia.

Em 2019, o crescimento do PIB acabou sendo menor do que o esperado. Como o sr. explica esse resultado?

Temos de dividir 2019 em duas partes. Os primeiros oito meses, que foram muito difíceis, e de setembro em diante. Logo que entramos no governo, tomamos uma série de medidas para tentar equacionar o lado fiscal - sendo que a nova Previdência foi a mais importante delas - e melhorar a alocação de recursos na economia. Com isso, a partir de setembro, a situação mudou bastante. Em julho e agosto, vários analistas projetavam o PIB de 2019 entre 0% e 0,5%. Mas o PIB terminou o ano ao redor de 1,1%. Então, quando você compara com o início do ano, se esperava mais. Mas, ao olhar como o ano acabou, mostra que estamos no caminho certo.

No final do ano, houve uma redução no consumo e isso deixou muitos analistas preocupados com o PIB de 2020. Como o sr. vê essa patinada?

Leia Também

A patinada que vi algumas pessoas comentando já estava incorporada nas nossas contas. Tanto é que a nossa projeção para 2020 não mudou. Aí, você fala: "Mas as vendas em supermercados caíram em dezembro". Caíram 0,1% - e muito por causa da alta da carne. Agora, as vendas de eletrodomésticos subiram 20%. No agregado, o desempenho dos supermercados acabou afetando o resultado porque tem um peso maior.

O resultado de dezembro não pode indicar uma desaceleração da economia?

Isso já está estabilizado. Quando você olha os números agregados, parece que o consumo está parado, mas não está. Tem de olhar dentro do agregado, para ver o que está acontecendo de fato. O PIB do setor público está caindo, mas o do privado já está crescendo a 2,7% ao ano. O emprego e o crédito privado também estão crescendo bastante.

Há também o "efeito coronavírus". Como isso pode afetar o quadro em 2020?

Até duas semanas atrás, estávamos mantendo as nossas estimativas de crescimento em 2,4% neste ano. De lá para cá, o impacto do coronavírus, associado a alguns outros fatores, passou a preocupar mais. Ainda estamos analisando o efeito disso na economia do País, mas, pelas informações de que dispomos no momento, creio que teremos de rever a nossa projeção na semana que vem.

Muitos empresários e analistas reclamam da lenta retomada da economia e defendem a concessão de estímulos ao setor privado e a realização de investimentos pelo governo. Qual a sua posição sobre essas demandas?

Estamos numa sociedade democrática e é natural que algumas organizações de classe pleiteiem vantagens. Agora, todas as vezes que você concede uma vantagem para um setor o dinheiro tem de sair de outro setor. Boa parte dos subsídios do passado foram transferências de renda de pessoas pobres para pessoas ricas. O exemplo mais óbvio foi a política de campeões nacionais, quando o governo transferiu um expressivo volume de recursos de todos os trabalhadores brasileiros para uma classe muito mais rica, com resultados insignificantes em termos de investimento e de crescimento.

Esse mesmo grupo defende uma relaxada na política fiscal, para alavancar a economia. Dá para crescer mais sem o governo abrir as torneiras?

Os estudos da SPE (Secretaria de Política Econômica) mostram que estamos num ajuste fiscal expansionista. Isso quer dizer que o ajuste fiscal é que está abrindo espaço para o crescimento. Existem vários textos na literatura nacional e internacional que mostram que, quando um País está em crise fiscal, o PIB vai cair se o governo gastar mais. Então, temos de manter o teto do gasto, voltar a ter superávits primários e reduzir a relação dívida pública/PIB. Se o governo começar a gastar mais, em cenário de pouco espaço fiscal, a credibilidade acaba, as taxas de juro aumentam e ficará pior para todo mundo.

Agora, mesmo nesse cenário de ajuste fiscal, muitos analistas dizem que a relação dívida pública/PIB não deverá cair como no ano passado. É isso mesmo?

Nós estamos trabalhando para que a relação dívida/PIB continue a cair. Depois que a gente aprovou a reforma da Previdência, as taxas de juro pagas em títulos do Tesouro caíram muito. A gente já havia previsto que, com as mudanças na Previdência, isso aconteceria e teria um efeito muito benéfico para a economia. O ajuste fiscal é o responsável direto pelos juros baixos que temos hoje, além do excelente trabalho do Banco Central.

O sr. diz que o setor privado está puxando a economia. Mas, em 2019, o setor industrial registrou queda no nível de atividade. Como se explica esse crescimento no setor privado e essa queda na indústria ao mesmo tempo?

Dado que o governo parou de gastar muito e de estimular setores ineficientes, eles estão tendo de se ajustar. Em compensação, os recursos da economia - o capital e o trabalho - estão começando a ir para setores mais eficientes. O investimento privado está deixando de ir para onde o governo indicava e indo para um lugar mais eficiente. Ainda que o número agregado seja igual, a qualidade do investimento hoje é bem superior.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O que me anima para 2025

6 de janeiro de 2025 - 20:00

Se fosse para dar uma recomendação pragmática e direta para 2025, seria: mantenha uma sólida posição de caixa (pós-fixados), uma exposição razoável ao dólar, algum hedge em ouro e um pezinho nas criptomoedas

AJUSTANDO O FOCO

Guarde esta matéria: Primeira edição da Focus em 2025 projeta Selic em alta e dólar a R$ 6 — a boa notícia é que ela pode estar errada

6 de janeiro de 2025 - 11:21

A primeira Focus do ano é o melhor parâmetro para comparar as projeções dos economistas com o que de fato acontece na economia

LDO

Todos os vetos do presidente: veja os principais pontos barrados por Lula ao sancionar a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025

31 de dezembro de 2024 - 15:31

LDO sancionada por Lula confirma a meta de resultado primário de zero para 2025 e superávits a partir de 2026

NO CORAÇÃO DA EUROPA

Alemanha em crise: presidente dissolve parlamento e partidos se preparam para embate nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro

27 de dezembro de 2024 - 11:20

Maior economia da Europa enfrenta cenário econômico desafiador e governo luta para recuperar controle após colapso de sua coalizão

EM ALTA

Banco Mundial eleva projeção de crescimento da China para 2024 e 2025, mas deixa ‘luz amarela’ acesa para o país

26 de dezembro de 2024 - 10:36

O setor imobiliário e o baixo consumo das famílias deixam um cenário menos animador para o ano que vem, ainda que as projeções apontem para um crescimento de 4,5%

ACORDO INTERNACIONAL

Contrário ao bitcoin (BTC), FMI fecha acordo bilionário com El Salvador para reduzir importância da criptomoeda — mas Bukele mantém aposta em ativos digitais

23 de dezembro de 2024 - 14:30

Acordo deve disponibilizar US$ 1,4 bilhão e abrir portas para mais US$ 3,5 bilhões em recursos ao país que vem sofrendo com dívidas, mas a estratégia do bitcoin não foi abandonada

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Carta ao Presidente

23 de dezembro de 2024 - 12:24

Presidente, há como arrumar o Brasil ainda no seu mandato e evitar uma grande crise. Mas talvez essa seja sua última chance. Se esperarmos bater no emprego e na inflação para, só então, agir, pode ser tarde demais

ANOTE NO CALENDÁRIO

IPCA-15 e dados do Caged são destaques da agenda econômica do Natal

23 de dezembro de 2024 - 6:45

Apesar da paralisação dos mercados durante o Natal, a agenda econômica desta semana contará ainda com a publicação do PIB do Reino Unido e ata da reunião de política monetária do Japão

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um quarto sem janela: Ibovespa busca recuperação de banho de sangue de olho no PIB dos EUA e no RTI

19 de dezembro de 2024 - 8:16

Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo concedem entrevista coletiva conjunta depois da apresentação do Relatório Trimestral de Inflação

EM XEQUE

Dólar vai acima de R$ 7 ou de volta aos R$ 5,20 em 2025: as decisões do governo Lula que ditarão o futuro do câmbio no ano que vem, segundo o BTG 

12 de dezembro de 2024 - 17:29

Na avaliação dos analistas, há duas trajetórias possíveis para o câmbio no ano que vem — e a direção dependerá quase que totalmente da postura do governo daqui para frente

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força

10 de dezembro de 2024 - 7:08

Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024

EXPECTATIVAS DESANCORADAS

Um alerta para Galípolo: Focus traz inflação de 2025 acima do teto da meta pela primeira vez e eleva projeções para a Selic e o dólar até 2027

9 de dezembro de 2024 - 11:54

Se as projeções se confirmarem, um dos primeiros atos de Galípolo à frente do BC será a publicação de uma carta pública para explicar o estouro do teto da meta

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: IPCA, IBC-BR e decisão do Copom sobre os juros dominam a semana

9 de dezembro de 2024 - 7:01

A agenda da semana conta ainda com a decisão de política monetária na zona do euro, relatório mensal da Opep e CPI nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um conto de Natal na bolsa: Ibovespa aguarda dados de produção industrial no Brasil e de emprego nos EUA antes de discurso de Powell

4 de dezembro de 2024 - 8:21

Bolsa busca manter recuperação apesar do dólar na casa dos R$ 6 e dos juros projetados a 15% depois do PIB forte do terceiro trimestre

PIBÃO

4 pontos que ajudaram o PIB brasileiro a bombar (de novo) no terceiro trimestre, apesar da decepção com o agro

3 de dezembro de 2024 - 12:17

Crescimento do PIB do Brasil atingiu os 4% no terceiro trimestre de 2024, mas juros em alta tendem a provocar desaceleração em um futuro próximo

BOLETIM FOCUS

Não deu tempo? Focus fica imune à reação do mercado ao pacote fiscal e mantêm projeções para dólar e juros

2 de dezembro de 2024 - 12:09

Enquanto as projeções para a inflação e o PIB subiram, as estimativas para o dólar e os juros permaneceram estáveis

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Botafogo bota fogo na bolsa: semana cheia começa com investidores acompanhando fôlego do Trump Trade 

2 de dezembro de 2024 - 8:06

Ao longo dos próximos dias, uma série de relatórios de empregos nos Estados Unidos serão publicados, com o destaque para o payroll de sexta-feira

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Payroll, Livro Bege e discurso do presidente do Fed dominam a semana; no Brasil, PIB ganha destaque

2 de dezembro de 2024 - 7:02

Agenda econômica desta semana conta ainda com relatório Jolts nos EUA e PIB na Zona do Euro; no cenário nacional, pacote fiscal e dados da inflação do país ficam no radar

TOUROS E URSOS #199

A economia depende 100% da natureza, mas menos de 1% do PIB global é investido em iniciativas voltadas à conservação – e a Fundação Grupo Boticário quer mudar isso

28 de novembro de 2024 - 13:33

No episódio da semana do Touros e Ursos, o gerente de economia da biodiversidade Guilherme Karam fala sobre os impactos do investimento em sustentabilidade e conservação e o que falta para a agenda ambiental avançar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nunca é tarde para diversificar: Ibovespa continua à espera de pacote em dia de revisão de PIB e PCE nos EUA

27 de novembro de 2024 - 8:00

Haddad pretende começar hoje a apresentação do pacote fiscal do governo aos líderes do Congresso Nacional

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar