Naji Nahas, o especulador que quebrou a bolsa do Rio
Certo ou errado, herói ou vilão, Naji Nahas foi o player mais admirado e temido do mercado brasileiro de ações em todos os tempos. Nunca houve outro como ele.

Existe uma grande diferença entre investidores, traders e especuladores.
Dos primeiros, não é preciso falar nada. Todo mundo sabe quem são.
Traders são aqueles que entram e saem de posições à vista e a futuro, não raro com objetivos imediatistas de lucros.
Especuladores são os que fazem do mercado um jogo.
Naji Robert Nahas, ou simplesmente Naji Nahas, como é mais conhecido, faz parte de uma categoria à parte. Simplesmente não operava no mercado. Fazia o mercado. Estabelecia as cotações e as tendências.
Nahas veio para o Brasil após o episódio de tentativa de corner no mercado de prata, na Comex, em Nova York, perpetrado pelos irmãos Hunt nos últimos dias de 1979 e primeiros de 1980.
Leia Também
Ivan Sant'Anna: Trumponomics e o impacto de um erro colossal
Detentores da maior fortuna dos Estados Unidos, eles conseguiram comprar mais prata do que toda a quantidade do metal existente no mundo. Juntaram seu capital com o de alguns bilionários árabes, sendo Naji Nahas o intermediário entre as duas partes.
O corner só não deu certo porque a Comex, se valendo de um dispositivo de seu estatuto, aumentou absurdamente o valor das margens.
Eis como conto o episódio na página 300 de meu livro Os mercadores da noite, edição da Inversa.
“Os dirigentes da bolsa sabiam que, caso os Hunts fossem bem-sucedidos em sua tentativa de corner, muitas corretoras quebrariam. A própria bolsa corria risco. Decidiram, então, alguns minutos antes da abertura, elevar as margens de garantia…”
Após o insucesso do corner, do qual não teve a menor parcela de culpa, Naji Nahas se mudou para o Brasil, onde tinha casamento marcado com uma brasileira. E por aqui ficou.
O excelente livro BM&F – A História do Mercado Futuro no Brasil, de Alcides Ferreira e Nilton Horita, narra diversas passagens da vida de Nahas no Brasil.
Para escrever esta crônica, uma de minhas fontes é esse trabalho. Os trechos nos quais simplesmente copio a narrativa estão entre aspas.
Naji Nahas foi o maior especulador que já operou nos mercados financeiros brasileiros.
Certamente, não o mais bem-sucedido. Garante-se até que saiu no prejuízo. Mas o certo é que, na época em que reinou nas bolsas de São Paulo e do Rio de Janeiro, era ele quem dava as cartas.
A simples menção de seu nome causava calafrios nos diversos parceiros do mercado, incluindo os grandes bancos e o próprio Banco Central.
Vejam essa passagem de BM&F – a História…
“Depois de 1988, Nahas foi deixando todos com os nervos ainda mais à flor da pele. Só pagava cheques depois das 18 horas. O escritório da Alameda Santos ficava atulhado de funcionários de corretoras aguardando a liberação do pagamento. Fazia isso todos os dias. Não se sabia ao certo se o estilo administrativo do departamento de contas a pagar de Nahas era um sinal de má saúde financeira ou simples exercício do prazer da tortura.”
Jamais fui corretor de Nahas em terras tupiniquins, mas fiz algumas operações em Nova York e Chicago para uma pessoa que, tenho certeza, operava em sociedade com ele.
Um dia recebi uma ordem de compra de prata na Comex vinda desse sócio ou emissário de Naji Nahas. Curiosamente, o telefonema vinha de Lima, no Peru.
Quando perguntei o lote e o mês futuro, essa pessoa disse:
“Todos os meses, qualquer lote. Vai comprando e me passando os fills (confirmação de ordem executada). Quando quiser parar, eu aviso.”
Foi a maior ordem que já executei em minha vida.
Minha broker em Nova York não sabia se ria de alegria (por causa da corretagem) ou se chorava (com medo da margem de garantia não entrar).
Foi tudo liquidado bonitinho.
Certa ocasião viajei (ida e volta Rio/São Paulo) no jatinho de Nahas. Ele estava presente na aeronave, assim como o antológico trader Alfredo Grumser Filho.
Isso foi na época do governo Collor. Durante o voo, Naji Nahas me contou que a ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, estava tendo um caso com o ministro da Justiça, Bernardo Cabral.
“O turco só pode estar dizendo isso para se exibir”, pensei. “Pra se mostrar insider”.
Algumas semanas mais tarde, o affair estava em todos os jornais, após Zélia e Bernardo terem dançado Besame Mucho de rostos colados numa festa em Brasília.
Culpa-se Nahas pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Isso é verdade apenas em parte. As sociedades corretoras queriam suas gordas corretagens, os bancos cobravam juros escorchantes pelos empréstimos que lhe faziam. Naji não regateava nem uma coisa nem outra.
Quando lhe cortaram as linhas de crédito, seus cheques foram devolvidos e os corretores que não puderam cobrir as ordens de seu maior cliente simplesmente faliram.
Em meu Relatório FNJ nº 20, publicado em 30 de junho de 1989, escrevi:
“Naji Nahas não enganou ninguém. Todo o mercado sabia que a ‘puxada’ das Bolsas só poderia dar certo se a alta continuasse indefinidamente. A operação D zero, que consistia na venda de ações para recebimento no mesmo dia enquanto a compra só seria paga no quinto dia útil após a negociação, era financiada por taxas de juros muito superiores às do mercado e só poderia dar certo na medida que as cotações subissem mais que as taxas de juros cobradas. Enfim, foi mais uma corrente, uma pirâmide, mais uma tentativa de corner semelhante à da prata.”
No livro da história dos mercados futuros, do Alcides e do Horita, há um episódio que eu desconhecia totalmente.
Quando Naji Nahas veio pela primeira vez ao Brasil, o Boeing 707 da Varig no qual voava foi sequestrado por terroristas árabes e levado para Cuba.
Como libanês, Nahas falava árabe fluentemente, além de outras seis ou sete línguas.
Acabou sendo o mediador entre os pilotos e os sequestradores.
Quando tentou falar em inglês com o comandante, Naji levou uma coronhada na cabeça. Isso não o abalou. Usando seu poder de persuasão, conseguiu que o episódio terminasse sem maiores traumas.
Os terroristas ficaram em Havana.
“(Nahas) manteve a calma e ganhou os sequestradores com seu papo. Ajudou a resolver o sequestro com sua lábia. Desembarcou no Brasil para passar à história do mercado de capitais.” (página 323 do livro da BM&F).
Certo ou errado, herói ou vilão, Naji Nahas foi o player mais admirado e temido do mercado brasileiro de ações em todos os tempos. Nunca houve outro como ele.
Michel Temer e Naji Nahas riem de imitação de Bolsonaro em jantar com empresários
Temer organizou um jantar no apartamento do investidor Naji Nahas, em São Paulo, com empresários na noite de segunda-feira (13).
O ex-presidente voltou à pauta recentemente após escrever uma carta de pacificação entre três poderes para Bolsonaro, após o chefe do executivo aumentar a tensão com o STF nas manifestações de 7 de setembro.
No vídeo que viralizou nas redes, o humorista André Marinho, apresentador do programa Pânico, na Jovem Pan, desmoraliza o presidente, enquanto Temer e outros à mesa caem na gargalhada.
"Essa cartinha que eu recebi é tua?", começa Marinho a Temer, que acena positivamente para o humorista.
"Achei ela meio infantil, meio marica, eu estou achando que foi o Michelzinho que mandou para mim", diz, enquanto os convidados riem. Michelzinho é o filho de 12 anos de Temer. Você pode conferia mais informações sobre o acontecido no canal do YouTube, do Seu Dinheiro:
O conteúdo também está disponível nas nossas redes sociais. Lá, você encontra análises de investimentos, notícias relevantes para o seu patrimônio, oportunidades de compra na bolsa, insights sobre carreira, empreendedorismo e muito mais. E o melhor: tudo de graça. Confira no post abaixo:
A política externa de Lula 3 seria um prato cheio para o Barão de Itararé — de onde menos se espera é que não vem nada mesmo
Vocè viu a última do Apporelly? Fosse vivo, o Barão de Itararé estaria deitando e rolando com as últimas de Lula
Jorge Paulo Lemann “transou” como poucos e fez da Ambev uma gigante. Mas e agora, com o caso Americanas?
Lemann é uma espécie rara de empresário, que não se deixa abater pelos reveses. Pelo menos é o que aconteceu até agora em sua vida
Como Jorge Paulo Lemann fez fortuna e quase perdeu tudo “transando” no mercado financeiro
A carreira de Lemann não foi meteórica desde o início. Me lembro que ele costumava dizer: “Vamos transar?”, numa época em que o verbo tinha conotação diferente
A polarização do mercado financeiro, criptomoedas fecham semana no vermelho e outros destaques
Quanto mais caminhamos em direção ao mês de outubro, mais o mercado financeiro parece polarizado entre possibilidades que não agradam os analistas. De um lado, parte dos investidores está certa de que o Federal Reserve será obrigado a continuar em um ritmo forte de aperto monetário. Do outro, há quem veja algum alívio nos dados […]
Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
Investidores de varejo e institucionais migraram centenas de bilhões em ativos mais arrojados para a renda fixa, o maior volume de saída da história do mercado de fundos
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 7,5% com ações da JHSF (JHSF3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da JHSF (JHSF3). Veja os detalhes
No balanço das horas: Payroll, eleições e mais… Confira as notícias que movimentam os mercados e mexem com seus investimentos hoje
O payroll, como é conhecido o relatório mensal sobre o mercado de trabalho dos EUA, é uma das referências do Federal Reserve para a condução de sua política monetária
Por que a Gerdau acertou mais uma vez ao segurar aquele caminhão de dividendos que todos estavam esperando
Um ano depois, a Gerdau continua ensinando os analistas sobre a gestão disciplinada de recursos que diferencia as boas empresas do mercado
Precisamos falar sobre indicadores antecedentes: Saiba como analisar os índices antes de investir
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais fundos de investimentos estão utilizando esses indicadores em seus modelos — e talvez a correlação esteja caindo
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 4% com ações da AES Brasil (AESB3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da AES Brasil (AESB3). Saiba os detalhes
Setembro em tons de vermelho: Confira todas as notícias que pesam nos mercados e impactam seus investimentos hoje
O mês de setembro começa com uma imensa mancha de tinta vermelha sobre a tela das bolsas mundiais, sentindo o peso do Fed, da inflação recorde na zona do euro e do lockdown em Chengdu
A febre dos NFTs passou, mas esta empresa está ganhando dinheiro com eles até hoje
Saiba quem foram os vendedores de pás da corrida do ouro dos NFTs e o que isso nos ensina para as próximas ondas especulativas
Balanço de agosto, o Orçamento de 2023 e outros destaques do dia
A alta de 6,16% do Ibovespa em agosto afastou o rótulo de “mês do desgosto”, mas ainda assim deixou um sabor amargo na boca. Isso porque depois de disparar mais de 10% ainda na primeira quinzena, impulsionado pela volta do forte fluxo de capital estrangeiro, as últimas duas semanas foram comandadas pela cautela. Uma dupla […]
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 4% com ações da Marcopolo (POMO4); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Marcopolo (POMO4). Saiba mais detalhes
Tente outra vez: basta desejar profundo para ver a bolsa subir? Confira tudo o que mexe com os seus investimentos hoje
Em queda desde a sexta-feira, as bolsas de valores estrangeiras começaram o dia em busca de recuperação singela. Por aqui, investidores procuram justificativas para descolar o Ibovespa de Wall Street
Commodities derrubam Ibovespa, Itaú BBA rebaixa a Petrobras (PETR4) e as mudanças na WEG (WEGE3); confira os destaques do dia
As últimas levas de notícias que chegam de todas as partes do mundo parecem ter jogado os investidores dentro de um labirinto de difícil resolução em que apenas a cautela pode ser utilizada como arma. O emaranhado de corredores a serem percorridos não só são longos, como também parecem estar sempre mudando de posição — […]
Gringos estão de olho no Ibovespa, mas investidor local parece sem apetite pela bolsa brasileira. Qual é a melhor estratégia?
É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado
Entenda por que você não deve acompanhar só quem possui teses de investimento iguais às suas
Parte fundamental do estudo de uma ação é entender não só a cabeça de quem tem uma tese que vá em linha com a sua, mas também a de quem pensa o contrário
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 11% com ações da Santos Brasil (STBP3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Santos Brasil (STBP3). Saiba os detalhes