🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Pronto para agosto? Uma hipótese para o mês

Uma coisa ficou clara nesta crise: a liquidez global é um driver maior do que se supunha previamente para ativos de risco. Precisamos dar a devida atenção a isso.

3 de agosto de 2020
10:48 - atualizado às 13:24

Antes de tratar de agosto, gostaria de convidá-lo a conhecer nosso mais novo projeto. Bia Nantes, eu e Ricardo Mioto estamos com um podcast chamado Empiricus Puro Malte — você pode ouvi-lo neste link. Falamos um pouco de investimentos, claro, mas mais ainda sobre a vida, nossos valores e princípios — será que há diferença entre as coisas. Começamos agora e soube que estamos na lista dos “10 podcasts em alta do Spotify”. Fico feliz com isso. Aproveito para sugeri-lo a você e pedir humildemente seu feedback, com o intuito de sempre melhorarmos. Se puder, por favor, envie um email para felipe.miranda@empiricus.com.br contando o que você achou do bate-papo. Vai ser muito rico ouvir de você.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Agora, vamos para os investimentos stricto sensu.

Terminamos bem o mês de julho. Aqui, quando falo na primeira pessoa do plural me refiro principalmente à Carteira Empiricus, que é uma metonímia de nós mesmos, embora a maior parte dos portfólios da Casa também tenha apresentado boa performance no mês passado. Com isso, completamos um bimestre bem interessante, estendendo a recuperação depois da queda de março.

A tabela abaixo, em prol da transparência, esmiúça o comportamento da Carteira Empiricus desde sua criação:

Evidentemente, um ou dois meses não dizem nada. Sempre preferimos a análise de pelo menos 18 meses, quando a aleatoriedade acaba dando um pouco mais de espaço para a competência e a convergência dos preços a seus fundamentos de longo prazo. Em um punhado de semanas, a verdade é que qualquer coisa pode acontecer, e a sorte desempenha um papel determinante nisso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Isso posto, os comentários mensais devem ser lidos com parcimônia e até mesmo com certa desconfiança. Aqui, valem mais como exercícios mentais, elucubrações, exposição de cenários e pensamento probabilístico — nunca como certeza do que está por vir para os próximos 30 dias; aliás, a verdade é que não temos certeza nem mesmo sobre os últimos 30 dias. O passado é muito mais incerto do que se supõe. As relações supostamente causais são mais turvas do que nosso desejo de controle gostaria de supor. O passar do tempo pode fazer surgir um novo passado, reinterpretado a partir do desenvolvimento pessoal e/ou da chegada de fatos novos.

Leia Também

Bom, mas essa é outra história. 

Detalhando um pouco mais o mês de julho, a atribuição de performance decorre fundamentalmente da alta vigorosa do book de ações, superior inclusive àquela do Ibovespa (que, por sua vez, já fora importante), e do bom comportamento do book de metais preciosos, representado pelo ouro majoritariamente.

E agora, o que esperar de agosto?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os três leitores talvez já nutram baixa expectativa de uma resposta fechada e certeira sobre minha previsão para o mês. Eu não tenho previsão. O mercado financeiro se divide entre aqueles que não sabem o que vai acontecer e aqueles que não sabem que não sabem. Não há terceiro grupo, e eu felizmente pertenço ao primeiro.

Temos hipóteses e probabilidades sobre o que pode vir a ser, o que é bem diferente. 

Iniciamos o mês divididos. 

Há ótimos argumentos para sermos pessimistas. Por métricas tradicionais, os valuations não são, do ponto de vista sistêmico (isso não necessariamente vale para casos particulares; cada vez mais passa a ser fundamental o picking adequado), propriamente uma barganha. Teme-se que uma escalada de casos de coronavírus em alguns lugares como Tóquio, Austrália, norte da Inglaterra e Califórnia possa dificultar o ritmo de recuperação da economia mundial. Existe preocupação com a continuidade da retomada conforme os estímulos fiscais e monetários arrefeçam e passemos da fase da demanda reprimida. Questiona-se bastante o potencial para mais artilharia dos bancos centrais e das políticas fiscais. A eleição norte-americana entra na pauta com vigor a partir de agora, com chances de engendrar mais volatilidade, dada a boa vantagem de Biden sobre Trump.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em contrapartida, há argumentos igualmente fortes para sermos otimistas. Embora não sejam uma grande barganha, os valuations de algumas empresas norte-americanas também não são um ultraje de caro — Apple, por exemplo, é 28 vezes lucros, o que parece bastante razoável num mundo de enorme liquidez e juros reais negativos. Em reforço, a verdade é que os resultados das big techs americanas recém-anunciados foram simplesmente avassaladores e reduzem a probabilidade de uma bolha clássica na Nasdaq. Além disso, o dólar tem se enfraquecido no mundo e isso significa historicamente valorização dos ativos de risco, com destaque para mercados emergentes. As vacinas e os remédios se aproximam e, ainda que os bancos centrais possam não dispor de um ferramental novo, eles podem continuar fazendo mais do mesmo, o que tem sido suficiente para empurrar as Bolsas para cima. Se houver algum arrefecimento da retomada, novos estímulos estariam a caminho e poderíamos seguir assim por mais uns poucos meses, até que estejamos cara a cara com a vacina. A eleição americana é um risco, claro, mas Biden não se apresenta como um grande radical. Não custa lembrar que o mercado viveu um bull market bastante razoável na administração Obama e que era pessimista com Trump às vésperas da eleição. Existe ainda a corrente defensora de que Biden seria em alguma medida o resgate dos valores mais clássicos da democracia liberal, evitando um retrocesso na direção do populismo.

Acabamos de ver na prática uma representação do ceticismo pirrônico, que é a essência de Sextus Empiricus, uma espécie de alma mater da Empiricus. Ao se apresentarem alguns argumentos, surgem contra-argumentos igualmente fortes. Difícil saber ex-ante qual síntese emergirá deste embate dialético entre tese e antítese. Contudo, temos aqui uma hipótese. Ou, ao menos, um guia para transitar por mares revoltos e incertos. Não saber não significa não agir.

Uma coisa ficou clara nesta crise: a liquidez global é um driver maior do que se supunha previamente para ativos de risco. Precisamos dar a devida atenção a isso.

Corre uma pequena falácia no mercado, algo como: “Quem está guiando as Bolsas não é o fundamento, é a liquidez”. Ora, mas não seria a liquidez um grande fundamento? Essa é talvez a aula essencial de economia monetária: se você dobra a oferta de moeda para ativos financeiros cuja oferta é constante, o valor dos ativos financeiros sobe, porque, num exercício de abstração, trocam-se ativos financeiros por moeda e nada mais. Antes, havia R$ 1 para uma ação. Agora, há R$ 2 para uma ação. Então, o novo equilíbrio (estável e de longo prazo) desta economia é de R$ 2 para uma ação. A Bolsa sobe, ou o dinheiro cai, como você preferir.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Talvez essa seja uma forma de ver as coisas: o bear market do dinheiro. É isso que explica, fundamentalmente, além de alguma recuperação mais forte do que se esperava dos indicadores macroeconômicos e da expectativa pela vacina, a alta das ações, de terrenos, de ouro, de prata, de bitcoin.

Eu concordo com a interpretação de que, com juros zerados e tendo feito a expansão de balanço que fez, o Fed teria poucas ferramentas adicionais agora. Mas nada impede que ele faça mais do mesmo — e isso pode ser muito. 

Em carta a investidores, o CEO da Pantera Capital, Dan Morehead, escreveu que os EUA imprimiram mais dinheiro em junho do que o fizeram entre 1776 e 1979. Esse é o tamanho da bazuca. E por que ele pararia em julho ou agosto, se não temos inflação no horizonte, sinais de superaquecimento ou qualquer outro impedimento (ao menos até o momento, fique claro) que sinalize que estamos indo no caminho errado?

Quando perguntado o que faria diferente na gestão da crise de 2008, Ben Bernanke respondeu que teria feito mais e mais rápido. Fica uma sensação de que se pecou ali por demora e por alguma omissão. Agora, podemos até errar no outro lado, de exagerarmos na dose — contudo, isso só seria sentido com as consequências da ação, que muito possivelmente não vem a curtíssimo prazo. Não há uma restrição objetiva ao Fed ou a outro banco central de país desenvolvido neste momento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Note ainda que os movimentos têm sido muito rápidos — um único mês em que o Fed decide continuar expandido com vigor seu balanço pode representar alta de 10% a 15% para ativos de risco. Muitas das Bolsas internacionais já voltaram para suas máximas históricas. Aqui, estamos razoavelmente distantes dos 118 mil pontos em reais. Se considerarmos a conta em dólar, estamos simplesmente na lanterna do campeonato, o que talvez não faça tanto sentido se ponderarmos que superamos o ápice da crise política, retomamos a conversa em torno da plataforma de reformas, controlamos (ao menos momentaneamente) a disparada do dólar e continuamos cortando a Selic (nesta semana, devemos ter mais uma redução de 25 pontos e não seria surpreendente se em poucos meses passássemos a debater uma nova diminuição). 

Condicionado às informações disponíveis até agora, parece haver boa probabilidade de que o bear market do dinheiro continue. Entramos em agosto com a seguinte exposição: 36,55% do portfólio em renda fixa, com a maior parte alocada em pós-fixado e uma posição razoável em juro real longo; um hedge de cerca de 2,5% em moedas fortes que não o dólar (franco suíço, iene, libra e euro); 12,40% comprados em metais preciosos (sobretudo ouro, mas também uma pequena posição em prata; ambos sem hedge, ou seja, estamos em dólar aqui); uma exposição bem pequena em criptomoedas; 33,75% comprados em Bolsa brasileira; e 8% comprados em Bolsa internacional. A carteira está com risco, mas com um nível bem alto de diversificação (acho que nunca tivemos tantos ativos) e com hedges importantes, dados o nível de preço dos ativos e a elevada incerteza do ambiente.

Valem os alertas de sempre: estejamos preparados para a volatilidade e com horizonte de longo prazo. No fim, o método, a disciplina, a consistência, o trabalho duro e técnico acabam sendo premiados. 

Estou particularmente animado com cases específicos, mas isso é assunto para outro dia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje

23 de outubro de 2025 - 8:21

Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada

22 de outubro de 2025 - 20:00

A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje

22 de outubro de 2025 - 7:58

Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje

21 de outubro de 2025 - 8:00

Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem

21 de outubro de 2025 - 7:35

O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

VISAO 360

Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas

19 de outubro de 2025 - 8:00

Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais

17 de outubro de 2025 - 7:55

O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje

SEXTOU COM O RUY

Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)

17 de outubro de 2025 - 6:07

Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos

VONTADE DOS CÔNJUGES

Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança

16 de outubro de 2025 - 15:22

Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje

16 de outubro de 2025 - 8:09

Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

15 de outubro de 2025 - 19:57

Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar