Dois investimentos que parecem uma boa, mas são ‘cilada’
As armadilhas costumam travestir-se de “grandes retornos, com baixo risco”.
Olá, seja bem-vindo ao nosso papo de domingo sobre Aposentadoria FIRE® (Financial Independence, Retire Early).
Hoje trago a terceira, de um total de quatro colunas sobre como ganhar dinheiro sem assumir riscos absurdos.
Na primeira coluna da série, expliquei como o clássico “sou conservador e não gosto de perder dinheiro” é uma desculpa esfarrapada de quem tem preguiça de investir.
Na semana passada, abri a cartilha do meu Guia 4T: os quatro tipos de investimentos, onde explico a relação entre risco e retorno de TODOS os ativos em que você pode investir.
Hoje, vou explicar em mais detalhes as armadilhas. Dá uma olhada, pois pode ser que você tenha caído em alguma delas.
Uma dica antes de começarmos: as armadilhas costumam travestir-se de “grandes retornos, com baixo risco”.
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Começo com transparência radical: nem todo COE é ruim, mas como diria Cazuza:
“Às vezes os meus dias são de par em par,
procurando agulha num palheiro”.
Encontrar um bom COE é como encontrar a agulha no palheiro.
Isso porque os COEs são uma espécie de produto financeiro sob medida para crianças mimadas.
“Senhor banqueiro, eu me comportei bem o ano inteiro e gostaria de ganhar MUITO dinheiro com ações de tecnologia, sem correr NENHUM risco de perdas.”
Ho Ho Ho.
Com a sua inventividade e espírito natalino o ano inteiro, o banqueiro sempre dá um jeito de atender os desejos do cliente mimado (ainda mais porque essas gracinhas estão sempre dispostas a pagar caro para que seus desejos sejam atendidos).
Essa é a essência do COE: um produto customizado, sob medida para algum desejo dos investidores mimados.
Eles costumam mesclar quatro características principais:
- Baixa liquidez: você fica amarrado com o produto por um período longo, ou até que algum gatilho seja acionado para desfazer a estrutura.
- Perdas limitadas: o mais comum é que os COEs ofereçam proteção do principal (se colocou R$ 5 mil, vai tirar no mínimo R$ 5 mil).
- Ganhos limitados: as perdas limitadas tendem a ser contrabalançadas por ganhos limitados.
- E taxas. Muitas taxas.
Essa estrutura enrolada quer dizer que você não deva investir em COEs?
Não necessariamente.
Dentro dessas quatro características principais é possível construir produtos bons. Com transparência e foco no cliente (o que é raríssimo na indústria), é possível construir produtos com um payoff minimamente interessante.
Mas o grande problema é que, além da dificuldade de encontrar um COE de qualidade, o processo de venda desses instrumentos é uma grande piada.
Não importa o que te digam por aí: você não vai ficar rico com nenhum COE.
Nem hoje, nem amanhã, nem no vencimento. A essência do COE é justamente abrir mão do verdadeiro enriquecimento, em benefício das perdas limitadas.
Portanto, não existe o “muito retorno com pouco risco”. Aqui têm pouco risco, mas também pouco retorno.
Se você estiver “ok” quanto a isso, seja feliz com seu COE. Mas não espere ficar podre de rico com ele.
Outra roubada: alavancagem
Aqui sim a promessa dos grandes retornos existe e está correta. O problema está no outro lado da moeda: o potencial de perdas.
Numa operação alavancada, ao mesmo tempo em que você pode multiplicar algumas vezes o capital investido, você pode também decretar falência.
Não estou exagerando, e vou te provar.
Na era dos youtubers que entendem tudo de ações, tenho ouvido cada barbaridade que dá até calafrio.
Dá uma olhada nessa “recomendação” de um influenciador digital:
- Vender a descoberto BOVA11.
- Com o dinheiro da venda a descoberto, comprar calls (opções de compra) de COGN3 (ações da educacional Cogna).
Deixa eu te explicar o que está acontecendo aqui…
Essa é uma aposta direcional e alavancada em Cogna. O sujeito está te dizendo não só que as ações da Cogna vão subir, mas que vão subir muito mais que o Ibovespa.
Como assim?
Na primeira etapa da operação, a venda descoberta, você levanta recursos…
Você aluga, digamos 1.000 cotas de BOVA11 no mercado, a R$ 100 cada uma (por exemplo) e vende essas cotas.
Logo, você levantou R$ 100 mil.
No futuro, você precisará recomprar essa cotas e devolvê-las, encerrando a operação de aluguel. Para isso, você pagará uma taxa (a de BOVA11 costuma ficar em cerca de 3% ao ano).
Se o BOVA11 subir, por exemplo para R$ 105 a cota, você precisará de R$ 105 mil, e não R$ 100 mil, para recomprar essas cotas no futuro. É uma operação em que, isoladamente, você ganha dinheiro somente se o ativo alugado cair mais do que o custo de aluguel no período da operação.
A venda a descoberto é uma operação para ser feita quando se está pessimista, acreditando na queda dos mercados.
Mas eis que temos a segunda ponta: comprar calls (opções de compra) de COGN3.
Opções são direitos negociados em Bolsa.
Por exemplo, você pode comprar uma call de COGN3, com vencimento em 3 meses, que lhe garanta o direito de, lá frente, comprar essas ações a R$ 15.
Se lá pelo vencimento a ação estiver valendo, digamos, R$ 20, você terá em mãos o direito de comprá-las por R$ 15.
Esse direito têm muito valor.
Os poucos centavos que você pagou pelo direito teriam se multiplicado várias vezes. Você teria obtido ganhos de 300%, 400%...
Mas o que aconteceria se, ao invés de ir a R$ 20, a Cogna (e todo restante do mercado) fossem surpreendidos pelo coronavírus e a ação fosse a R$ 4?
Bom, nesse segundo caso, você teria em mãos o direito de comprar a R$ 15 algo que vale R$ 4.
Seu direito não valeria nada, literalmente.
Foi isso que aconteceu no começo deste ano.
No exemplo anterior, alguém que tivesse vendido a descoberto R$ 100 mil para comprar calls de COGN3 seguindo a recomendação das redes sociais teria visto suas opções virarem pó quando o mercado derreteu por conta do coronavírus.
Saldo da operação: você não teria investido R$ 1 do próprio bolso, mas teria perdido uns R$ 70 mil ou 60 mil (dado que o BOVA11 teria caído bastante e você precisaria de menos de R$ 100 mil para pagar o que deve).
Talvez sequer tivesse recursos para honrar com a operação e a chamada de margem decretasse a sua falência.
Qualquer semelhança do exemplo anterior com a realidade não é mera coincidência.
A alavancagem é uma das maiores armadilhas em que você pode cair, pois não importa o quanto você tenha ganho até hoje, você sempre poderá perder tudo na próxima operação.
Além disso, os influenciadores digitais e seus seguidores costumam ignorar que as coisas dão errado, especialmente quando nada parece que vai dar errado.
Na semana que vem...
Depois de falarmos exaustivamente das armadilhas, vou falar das grandes oportunidades. Vou te mostrar onde estão as operações que te permitem obter ganhos exponenciais, correndo apenas riscos limitados.
É o fechamento de ouro dessa série que tanto gostei de produzir para o Seu Dinheiro.
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