🔴 É HOJE: CHANCE DE BUSCAR ATÉ R$ 1 MILHÃO PARTINDO DE R$ 3.125 NO DESAFIO MIL MILIONÁRIOS – PARTICIPE AQUI

A lavanderia do papai e o valor do dinheiro na mão

O confisco da poupança e o bloqueio, por 18 meses, de valores acima de 50 mil cruzados novos depositados em contas-correntes anunciados pelo presidente Fernando Collor estavam lá, martelando meu cérebro.

14 de março de 2019
11:09 - atualizado às 14:11
Notas de dinheiro voando
Imagem: Shutterstock

Lá em casa, éramos quatro e duas tartarugas, minis, em março de 1990.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com o anúncio do Plano Collor bateu o desespero. Perplexidade, a primeira reação, foi compartilhada com os colegas na Redação, onde, acredito, virei jornalista. Era a Gazeta Mercantil. A ideia de que uma volta num shopping ajudaria a espairecer mostrou-se infundada. Impressos na vitrine, os perfis de dois economistas de prestígio pra lá de acadêmico assustaram. Pérsio Arida e André Lara Resende – “pais” do Plano Cruzado ao lado de Edmar Bacha e João Sayad – também estavam estupefatos com as novidades.

Eu, que não acredito em coincidências, considerei o encontro casual um prenúncio de confusão. Afinal, o Plano Cruzado havia sido a primeira tentativa de estabilização monetária realizada no Brasil na fase da redemocratização – em meados da década de 1980 – com o fim do regime militar que durou 21 anos.

Meu sexto sentido falou alto.

Afundei num mar de dúvidas. O confisco da poupança e o bloqueio, por 18 meses, de valores acima de 50 mil cruzados novos depositados em contas-correntes anunciados pelo presidente Fernando Collor estavam lá, martelando meu cérebro. Quem teria dinheiro em casa? Quem trocaria um cheque por alguns trocados? Pela frente teríamos três dias de feriado bancário. Quando as agências reabrissem a moeda já seria “cruzeiro”, ainda que sem perder qualquer zero; as operações “overnight” estariam extintas; os bancos não teriam a oferecer os fundos de investimentos subitamente instituídos pelo governo recém-empossado; as filas nos caixas seriam gigantescas e as contas estariam vencendo. A pagar, tudo! Inclusive o salário da Dona Maria, nossa assistente do lar. Praticamente a dona da casa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Meu pai! E dessa vez não era força de expressão nem apelo ao altíssimo.

Leia Também

Sobrava o meu pai.

Conduzi, com cuidado, a minha Brasília vermelha até o outro lado da cidade.

Abri o portão, entrei e, sem mais, quase implorei um trocado ao meu pai, um caminhoneiro pobre (mas previdente). Ele haveria de aceitar um cheque de sua filha preferida. Eu!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com alguma cerimônia, ele fez um gesto pedindo silêncio. Me puxou pelo braço até o quintal do antigo sobrado e resgatou da encrencada Westinghouse verde, no futuro comparada ao Incrível Hulk, dois sacos de papelão do Jumbo Hipermercado repletos de notas grandes e pequenas de “cruzado novo” (novo mesmo!). Essa moeda brasileira teve vida curtíssima: circulou de 16 de janeiro de 1989 a 16 de março de 1990.

Ao final do feriado bancário de três dias, que selou “uma das mais drásticas intervenções do Estado na economia brasileira”, nas palavras do professor Carlos Eduardo Carvalho, um estudioso do Plano Collor, aquelas notas já estariam rebatizadas. Seriam um bocado de “cruzeiros”.

Talvez por ter um pouco (um pouco, veja bem!) mais de idade do que boa parte dos que me cercam neste escritório, essa imagem seja o que me vem à mente quando vejo investidores animadíssimos com a Bolsa, títulos de crédito de vencimento distante, COEs que vão travar o dinheiro por muitos e muitos anos. Gosto de ter ao menos um pouco de dinheiro à mão. Sempre.

Acredito que essa imagem não esteja somente na minha mente, mas na de muitos brasileiros. Talvez acomodados aos anos e anos de juros altos, gostamos mesmo é de uma boa liquidez. Os fundos de investimentos, notei um dia desses, mantêm em carteira 990 bilhões de reais em títulos públicos. Essa montanha de papéis é quase um terço da dívida que o governo federal tem em mercado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Acho saudável avançarmos para um portfólio mais diversificado, mas o que acredito que posso dividir com você da minha experiência é: nem tanto, meu filho. Tenha sempre um pouco de liquidez, porque a vida pode ser longa. E o futuro (aprendi!) é um tempo que nunca chega.

Não estou dizendo que uma catástrofe nos espreita. Não acredito nisso. Nem que você precise, literalmente, lavar dinheiro como o meu pai.

Acredito que tenhamos avançado institucionalmente nesse sentido a ponto de contar com o título público, em fundo de investimento, no Tesouro Direto ou remunerado pela taxa Selic como reserva de emergência.

O governo brasileiro nunca deixou de pagar seus títulos, ainda que em alguns momentos tenha mexido de leve no cálculo da correção monetária. Mas correção monetária faz parte de um passado de inflação tão grande que nem cabia na calculadora da padaria do Kiko.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Lembra do Plano Collor que ficou com parte do nosso dinheiro?

Pois é, não deu muito certo. O governo abriu torneirinhas para que em alguns casos (que se tornaram muitos), os correntistas sacassem parte de seus recursos bloqueados. As torneirinhas viraram um chuveiro. O presidente Fernando Collor caiu. Não só pelo aguaceiro, mas por notícias de mau uso do dinheiro público.

Para consertar mais estragos na economia, tivemos outro Plano (o Real, que virou o nome da nossa moeda).

Algumas das mudanças feitas antes, no Plano Collor, não foram desfeitas. E uma delas foi o fim do “overnight” e a criação dos fundos de investimento. Isso você já sabe. Mas acho bom lembrar que enquanto existia o "overnight", quem corria o risco de levar um calote com título público eram os bancos. Com a criação dos fundos, o risco passou a ser dos cotistas – eu, você, todo mundo. Por isso, escolha bem onde vai colocar o seu suado dinheirinho.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não estou dizendo que algum banco possa quebrar. O Brasil tem alguns dos bancos mais fortes do mundo.

Aprendi muito sobre isso quando trabalhei no Banco Central. Faz anos. Tive a honra de compor a equipe de comunicação de Henrique Meirelles. Estava lá quando os bancos quebraram na esteira do Lehman Brothers, em 2008. Vi o tanto de regras que os bancos precisam cumprir para que possam funcionar. Assisti a mudanças que tornaram nossa economia mais resistente também.

Hoje em dia, mais provável do que um confisco do nosso dinheiro em situação extrema é a volta da inflação. Nada que se compare ao passado, quando ela chegou a 60, 70, 80 por cento ao mês. Confio que esses tempos acabaram.

Mas a inflação pode ter muitas causas. E nem todas dependem de nós ou do nosso governo. O petróleo pode subir em outros países e fazer aumentar o preço da gasolina, por exemplo. O dólar é a moeda dos EUA e também do mundo. Dependendo do que acontecer com a economia americana, o dólar pode subir no mundo inteiro. Aqui também. E dólar mais caro também ajuda a produzir inflação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Lembra da greve dos caminhoneiros em maio do ano passado? Os produtos não chegavam nas cidades, nos supermercados. E os consumidores, com dinheiro na mão para comprar mercadorias que não estavam nas prateleiras, também fizeram com que os preços subissem. Tudo o que é raro, custa mais caro.

Mesmo quando a inflação parece baixinha, como a nossa nos últimos anos, os títulos indexados à inflação podem servir de proteção.

Mas se você for como eu, e prefere estar garantido para emergências, pense em ter sempre algum dinheiro à mão. Já pensei em deixar uns trocados na máquina de lavar. Meu filho Júlio guarda algum num pote de vidro na cozinha. A verdade é que não sabemos o dia de amanhã.

O mercado externo está mais azedo nesta quinta. A produção industrial da China – em alta de 5,3 por cento no agregado de janeiro e fevereiro, ante alta de 5,7 por cento em dezembro – dá um tom negativo aos negócios no exterior, onde o Parlamento britânico será destaque com a votação do projeto que prevê adiar o Brexit. Originalmente, o Reino Unido deve deixar a União Europeia no próximo dia 29. Contudo, o Parlamento rejeitou ontem uma saída sem acordo. No mercado local, investidores estarão de olho na B3. A expectativa é de que o Ibovespa ultrapasse os 100 mil pontos. Ontem, o principal indicador da Bolsa chegou a ultrapassar 99 mil. O dólar, por sua vez, resistiu no patamar de 3,81 reais, mas captações de recursos externos por empresas acenam com entrada da divisa americana no país em breve. Variável inesperada que pode afetar os negócios ou entrar em discussão é a intenção do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de “tornar o mercado mais aberto para os estrangeiros, com uma eventual moeda conversível que sirva de referência para a região”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ACORDOS TRAVADOS

“Nossos países não têm mais 10 anos a perder”: para Milei, lentidão do Mercosul é o que está travando acordos com a UE

21 de dezembro de 2025 - 12:45

Na cúpula do Mercosul, presidente argentino acusa o bloco de travar o comércio com burocracia, diz que acordos não avançam e defende mais liberdade para negociações individuais

LOTERIAS

Mega da Virada em R$ 1 bilhão: prêmio estimado bate os oito dígitos pela primeira vez

21 de dezembro de 2025 - 8:58

Ninguém levou o prêmio de R$ 62 milhões do último sorteio da Mega Sena neste ano, no concurso 2953, que foi a jogo ontem (20). Prêmio acumulou para Mega da Virada

ACORDO EMPERRADO

Enquanto União Europeia ‘enrola’ Mercosul vai atrás do próximos na fila para acordos comercias; veja

20 de dezembro de 2025 - 17:23

Enquanto acordo com a UE segue emperrado, bloco aposta em Emirados Árabes, Ásia e Américas para avançar na agenda comercial

LOTERIAS

Último sorteio da Mega-Sena: R$ 62 milhões vão a jogo hoje no concurso 2.954. Depois, só a Mega da Virada

20 de dezembro de 2025 - 15:33

O concurso 2.954 da Mega-Sena sorteia na noite deste sábado (20) prêmio estimado de R$ 62 milhões. A partir de amanhã as apostas se concentram na Mega da Virada

ORÇAMENTO 2026

Com R$ 1,82 trilhão só para pagar juros da dívida e R$ 61 bilhões para emendas, veja os detalhes do Orçamento para 2026

20 de dezembro de 2025 - 8:40

Texto aprovado pelo Congresso prevê despesas de R$ 6,5 trilhões, meta de superávit e destina quase um terço do orçamento fiscal ao pagamento de juros da dívida pública

HOMENAGEM

Silvio Santos vira nome de rodovia em São Paulo — e o trecho escolhido não foi por acaso

19 de dezembro de 2025 - 16:29

Lei sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas rebatiza trecho da Rodovia Anhanguera, entre São Paulo e Jundiaí, em homenagem ao comunicador e empresário

DECISÃO EXTREMA DEMAIS?

Banco Central se precipitou com a liquidação do Banco Master? TCU dá 72 horas para o regulador se explicar

19 de dezembro de 2025 - 15:20

O Tribunal de Contas da União requer esclarecimentos do Banco Central sobre a decisão de liquidar o Banco Master; entenda

NATAL 2025

Inflação da ceia de Natal 2025 surpreende e reforça a importância de pesquisar preços

19 de dezembro de 2025 - 11:38

Estudo da FGV aponta variação quase nula nos itens natalinos em 12 meses; alimentos básicos recuam, proteínas seguem em alta e presentes voltam a encarecer após dois anos de alívio

O PRAZO É HOJE

Prazo para quitar a segunda parcela do décimo terceiro (13º) termina hoje; saiba como calcular

19 de dezembro de 2025 - 9:21

Data limite se encerra nesta sexta-feira (19); empresas que atrasarem podem ser multadas; valor é depositado com descontos de INSS e Imposto de Renda

POR POUCO

Loterias da Caixa batem na trave às vésperas da Mega da Virada e prêmios sobem ainda mais

19 de dezembro de 2025 - 7:13

A noite de quinta-feira (18) foi movimentada no Espaço da Sorte, com sorteios da Lotofácil, da Mega-Sena, da Quina, da Timemania e da Dia de Sorte

ÚLTIMOS PAGAMENTOS

Bolsa Família: Caixa paga benefício para NIS final 8 nesta sexta (19)

19 de dezembro de 2025 - 5:49

Pagamento segue o calendário de dezembro e beneficiários do Bolsa Família podem movimentar valor pelo Caixa Tem ou sacar nos canais da Caixa

ITEM DE COLECIONADOR

À medida que Banco Central recolhe cédulas clássicas de R$ 2 a R$ 100, as mais raras podem alcançar mais de R$ 5 mil no mercado

18 de dezembro de 2025 - 17:04

Enquanto o Banco Central recolhe as cédulas da primeira família do real, a escassez transforma notas antigas em itens disputados por colecionadores, com preços que já ultrapassam R$ 5 mil

TETO ESTOURADO

MEI: ultrapassou o limite de faturamento em 2025? Veja o que fazer para se manter regularizado

18 de dezembro de 2025 - 14:00

Microempreendedores individuais podem ter uma receita anual de até R$ 81 mil

NOVAS REGRAS

Entre o relógio e as malas: o que dizem as novas regras de check-in e check-out em hotéis

18 de dezembro de 2025 - 13:42

Portaria do Ministério do Turismo já está em vigor; norma fixa tempo mínimo de estadia, critérios de limpeza e exige clareza nos horários

ESQUECIDOS?

Esses números nunca deram as caras na Mega da Virada; veja quais são

18 de dezembro de 2025 - 9:13

Histórico da Mega da Virada revela números que não apareceram em nenhuma edição do concurso especial da Caixa

MÁQUINA DE MILIONÁRIOS

Bola dividida na Lotofácil termina com 4 novos milionários; Mega-Sena e Timemania disputam quem paga mais

18 de dezembro de 2025 - 7:31

Prêmio principal da Lotofácil será dividido entre 4 apostadores; Timemania e Mega-Sena sorteiam nesta quinta-feira R$ 68 milhões e R$ 58 milhões, respectivamente

CAI HOJE

Caixa libera Bolsa Família para NIS final 7 nesta quinta-feira (18)

18 de dezembro de 2025 - 6:01

Benefício cai na conta hoje para milhões de famílias; valor pode ser movimentado pelo Caixa Tem sem necessidade de saque

EM GREVE

Trabalhadores dos Correios entram em greve em 9 estados; entenda os motivos da paralisação

17 de dezembro de 2025 - 17:30

Após acordos prorrogados e negociações travadas, trabalhadores dos Correios entram em greve; Correios dizem que agências seguem abertas

SEGUNDA MAIOR PREMIAÇÃO DO CONTINENTE

Final da Copa do Brasil 2025: veja o horário e onde assistir a Corinthians x Vasco

17 de dezembro de 2025 - 17:11

Corinthians x Vasco iniciam nesta quarta-feira (17) a decisão da Copa do Brasil 2025, em duelo que vale uma das maiores premiações do futebol sul-americano

VAI POPULARIZAR?

Fim da patente do Ozempic: quando as canetas emagrecedoras vão ficar mais baratas?

17 de dezembro de 2025 - 16:14

Decisão do STJ abre caminho para concorrentes do Ozempic, mas especialistas dizem que a queda de preços das canetas emagrecedoras deve ser gradual

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar