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Por que eu entrei em depressão depois de ganhar R$ 1 milhão no mercado financeiro

Naquela época descobri, por experiência própria, que quando a gente está em dificuldades financeiras não tem tempo de se deprimir. É preciso correr atrás do aluguel, do condomínio, das contas de gás, luz e telefone, do supermercado, etc

15 de julho de 2019
11:53
depressão dinheiro
Imagem: Shutterstock

O ano era 1988. Mês: setembro. Eu acabara de retornar de uma longa (40 dias) viagem de carro pelo Nordeste (Rio, Governador Valadares, Vitória da Conquista, Petrolina, Fortaleza, Jericoacoara, Canoa Quebrada, Baía Formosa, Mangue Seco, Valença, Morro de São Paulo, Salvador, Itaparica, Nazaré das Farinhas, São Mateus, Rio) na qual celebrei, ou tentei celebrar, uma tacada no mercado futuro de soja da Bolsa de Chicago (CBoT).

Por que escrevi “tentei celebrar”?

Simples, a resposta.

Meu estado mental era lamentável. Sofria de angustiante depressão (com desculpas pelo pleonasmo) apesar da conta subitamente recheada no banco (nos States, em dólares, bem entendido), coisa que não acontecia havia onze anos – eu quebrara em 11 de maio de 1977.

Naquela época descobri, por experiência própria, que quando a gente está em dificuldades financeiras não tem tempo de se deprimir. É preciso correr atrás do aluguel, do condomínio, das contas de gás, luz e telefone, do supermercado, etc.

Só que todos os fluidos negativos, que ficaram aprisionados num dos hemisférios cerebrais à espera de uma oportunidade para atacar, o fazem de uma vez.

Eu precisava de ajuda psiquiátrica e, felizmente, não levei muito tempo para me dar conta disso.

É fácil chegar no consultório de um analista e dizer:

“ Estou deprimido porque minha mãe morreu e não estou sabendo lidar com a perda.”

 Ou

“ Num belo dia, faz algumas semanas, minha mulher chegou e disse: ‘não dá mais; o casamento terminou; quero que você saia de casa ou saio eu.’”

 Ou

“Fui passado para trás por um sócio. A firma teve de pedir concordata. Perdi vinte anos de trabalho.”

 Agora, quero ver alguém ir ao especialista e dizer:

“ Ganhei um milhão no mercado futuro de soja e entrei em depressão.”

 Foi justamente o que aconteceu comigo

No psiquiatra

Pois bem, o psiquiatra a quem recorri chama-se Jorge Jaber. Eu o cito em dois dos meus livros. Em Os mercadores da noite, ele, com o nome ao contrário, Dr. Rebaj, é o médico que trata do alcoolismo de Francine Kéraudy, segunda mulher de Julius Clarence. Além disso, aparece nos créditos de agradecimento.

Em “ Bicho Solto”, obra de não-ficção na qual sou ghost writer de meu sobrinho, Fred Pinheiro, Jorge Jaber é o personagem Jorge Jaber.

Minha primeira consulta com o Jorge aconteceu em dezembro de 1988. Após meu relato sobre o que estava sentindo, ele me disse basicamente duas coisas:

“ Você caiu do quinto andar e não morreu. Mas está todo quebrado. Terá de se consultar todos os dias, inclusive sábados e domingos. Seu caso é simples: você está se preparando para morrer!”

Isso mesmo, caro amigo leitor, em dezembro de 1988, eu, Ivan Sant'Anna, aos 48 anos de idade, que tinha acabado de enricar pela enésima vez (empobrecera outras tantas), me preparava para morrer.

Isso acontece (não o “enricar” mas o “preparar para morrer”) com a maioria das pessoas. Pode ser aos 40, aos 50, aos 60, aos 70, ou até mesmo aos 30, mas acontece. É quando o cara, ou a cara, conclui que a linha de chegada está mais próxima do que a de partida.

Daquela consulta psiquiátrica para cá, já se passaram 30 anos e meio. Nesse período, escrevi e publiquei 18 livros, sendo alguns deles best-seller. Escrevi roteiros para duas séries da televisão, Carga Pesada Linha Direta, crônicas mensais para a Resenha BM&F, e agora faço comentários (por escrito e em áudios) para a Inversa e Seu Dinheiro.

Como se não bastasse, já participei de séries e cursos audiovisuais na Inversa, nos quais procuro compartilhar com os assinantes minhas experiências profissionais e pessoais, tanto as boas como as ruins.

O que jamais voltei a ter foi depressão. No máximo, uma fossa de vez em quando, nada que dois ou três dias de lazer não consigam curar.

Há pouco mais de um mês, por exemplo, passei com minha mulher um fim de semana na chácara de um casal de leitores, com sua respectiva e enorme família, em Santa Rosa de Viterbo, interior de São Paulo.

Aqueles dois dias valeram como um ano de terapia intensiva.

Aproximadamente um mês depois, fomos, a cara-metade e eu, a uma festa junina na casa de minha ex-mulher no interior de Minas. Filhos, netos, antigos amigos... Mais um ano terapêutico.

O pôquer da vida

Há, no entanto, algo que me aflige muito. É quando um leitor me escreve dizendo:

“Tenho 80 anos de idade e gostaria de receber umas dicas de aplicação para me aposentar quando ficar velho.”

Não dá, amigos, não dá. Aos 80 (eu tenho 79) você já constituiu algum tipo de pecúlio ou vai ter de viver com o que ganha, acrescendo a descapitalização do que tem. Como não sabe quanto tempo ainda viverá, calcule morrer aos 95. E comece a puxar o saco de seus filhos e netos, caso os tenha. Se tudo faltar, terá de recorrer a eles.

Naquela ocasião em que comecei o tratamento com o Jorge Jaber, ele me mandou completar a terapia fazendo sessões com a analista Lina Zapulla Bandeira de Mello, agora já falecida, que também aparece nos créditos de Os mercadores da noite.

Uma das primeiras coisas que a Lina disse para mim foi:

“ Ivan, no pôquer da vida você está com four de ases.”

É isso que quero dizer nesta crônica para o leitor de 20, 30, 40, 50 e até 60 anos:

Pare de se preocupar com o que não tem e comece a investir pra valer. O tempo é seu four de ases, desde que você não o desperdice.

Foi simplesmente isso que consegui fazer com o meu.

Ah, e não conte com o governo.

Ele irá lhe faltar, justamente na hora que estiver mais carente.

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