Após intervir na política de preços da Petrobras, Bolsonaro diz que sua política “é de mercado aberto”
Presidente se contradisse, no entanto, ao dizer que o presidente da Petrobras suspendeu temporariamente o reajuste do óleo diesel a seu pedido
Depois de uma sexta-feira cheia de turbulências, com a Petrobras perdendo mais de R$ 30 bilhões em valor de mercado, o presidente Jair Bolsonaro resolveu ir ao Twitter para tentar estancar mais uma sangria em seu governo.
Segundo o capitão, a sua política "é de mercado aberto e de não intervenção na economia".
Nossa política é de mercado aberto e de não intervenção na economia.
O presidente da @petrobras ,após nos ouvir, suspendeu temporariamente o reajuste. Convoquei os responsáveis pela política de preços para reunião, junto com o @MinEconomia @MInfraestrutura e @Minas_Energia— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 13, 2019
Mas o presidente se contradisse no mesmo tuíte ao dizer que o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, suspendeu temporariamente o reajuste do óleo diesel a seu pedido. "Convoquei os responsáveis pela política de preços para reunião, junto com o @MinEconomia @MInfraestrutura e @Minas_Energia", completou.
Bolsonaro justificou ainda a sua decisão de barrar o reajuste no óleo diesel porque "estava preocupado com o percentual num nível sequer previsto para a taxa de inflação do corrente ano".
O medo é o da greve
A intervenção do presidente Bolsonaro na realidade é um reflexo direto da pressão dos caminhoneiros. Nos dias que antecederam a decisão do presidente, o núcleo de governo recebeu relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que indicavam uma "preocupação" com uma possível greve dos caminhoneiros.
Sem consultar o ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro foi aconselhado por assessores palacianos de que uma greve traria mais problemas políticos do que uma intervenção no preço do diesel.
O monitoramento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência das movimentações de caminhoneiros, desde o mês passado, levou a equipe de governo a avaliar todas as demandas da categoria. Além de recuar em relação ao aumento de 5,7% no preço do diesel, o Planalto e o Ministério de Minas e Energia estudam atender outros pedidos, como a mudança no valor do frete.
Reunião na segunda-feira
O temor de uma greve como a de maio de 2018 já estava no radar da equipe de transição, no final do ano passado. Foi a partir dali que o grupo que hoje está no governo começou a formular a adoção de "medidas estruturantes", que envolviam várias áreas, para verificar os problemas do setor e atender o que fosse possível.
Na segunda-feira, Bolsonaro vai se reunir com ministros e pessoal da área técnica para discutir demandas dos caminhoneiros. O governo estuda apresentar à Petrobras proposta de ampliar a rede de decisão de aumento de preços de combustíveis. Hoje, o gerente executivo de comercialização da Petrobras tem autonomia para definir um reajuste de até 7%.
*Com Estadão Conteúdo.
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